Eu era velha na essência e aquela, eu sabia, era minha última reencarnação. Não havia mais tempo para perder e eu tinha consciência daquilo, por isso eu estava ali, do outro lado do mundo, indo atrás dos meus quatro consortes.
Eu podia muito bem ter voltado para casa no segundo em que entreguei minha irmã aos maridos, mas o acidente dela e ela tão convicta que foi salva pela morte... Bem, aquilo mudou um pouco minhas intenções sobre eles.
Aliás eu já tinha me decidido antes mesmo de saber sobre quem minha irmã achava que tinha lhe salvo da morte.
Eu tinha quatro tatuagens e símbolos em meu corpo, um para cada consorte que eu tinha e um duplo... Do qual nem mesmo eu entendia direito o porquê.
A MORTE, não aquela que minha irmã aceitava como deusa e que achava que tinha lhe salvo, mas a verdadeira morte, era minha conhecida próxima, estava atrelada em minha alma, mesmo eu sendo bruxa, mesmo sendo uma anciã dentro de um corpo mais jovem. Eu podia não ser a mais velha em idade mortal de todos que me cercavam, mas em idade em eras...Eu era praticamente uma matusalém, que tinha conhecimento de quase todas as minhas vidas anteriores, eu ouvia a terra e ela me contava seus segredos, eu via o ceifeiro a cada passo que dava em lugares perigosos, eu sabia como a vida era efêmera e como devíamos aproveitar cada instante único dela.
"A China não será problema, vá mesmo atrás deles, velha e pare de fingir que não sabe chinês e coreano ok? Isso me deixa chateada, é uma afronta ao que você é"
A Ceifeiro tinha me dito em nosso último encontro, no dia em que minha família tinha colocado as duas primas do espelho invejosas para pagarem por seus crimes, naquele dia, três dias atrás, eu me decidi. Era hora de fazer o que vim fazer nessa última vida.
"Eu sei o que estou fazendo Anguardia, não interfira"
"Não me chame por esse nome, Rubiath, ou vamos lavar roupa suja aqui no meio desse monte de humanos ignorantes!"
Eu fechei meus olhos e fingi não escutá-la e ela se foi, porque afinal ela era muito ocupada, ser Ceifeiro exigia muito... Tínhamos história, tínhamos passado, tínhamos um destino pós morte... Tínhamos problemas imensos para solucionar, mas antes de tudo isso, eu tinha um destino para cumprir, almas para procurar, feridas para cicatrizar, e corações para acalentar.
Eu tinha almas gêmeas para reencontrar e quebrar o ciclo de infelicidade de todas elas. De todos os meus quatro consortes.
E foi por isso que voltei, essa era a maior missão da minha última vida. Dar felicidade a eles.
Eu atravessei a avenida movimentada e entrei no café procurando por ele. Sorri ao vê-lo e fui até a sua mesa me sentado diante dele. José estava na Coréia há mais de um ano, era jornalista e por ter se machucado muito no último mutirão, ele não servia mais a ajuda humanitária, contudo ainda assim, era meu amigo de muitas jornadas e estava feliz de poder revê-lo.
— Nunca imaginei que pisaria aqui, Laine.
— Deveria te mais fé em mim, espanhol, eu já pisei em muitas terras e conheci muitas gentes, assim como você.
Sorrimos um para o outro e depois ele suspirou profundamente.
— Eu queria poder ter muito tempo para você, mas não tenho, flor, o povo aqui trabalha como alucinado, então preciso entender exatamente o que quer de mim. Resuma por favor.
Eu o encarei, ele estava preocupado e tenso, talvez ele estivesse naquela cobertura...
— José, você é freelance agora, por acaso está cobrindo o acidente da Emirates?
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Casamento Secreto
FanficLuana está prestes a embarcar rumo a Coréia e ao encontro dos seus dois recém maridos secretos, que estão ansiosos por revê-la depois de dois longos meses afastados. O que ninguém esperava era que seu avião, como em um déjà vu irônico, caísse no ma...