Pertencemos a elas?

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— Mônica está aqui.

Laine entrou no salão que separaram para o ritual junto da Mônica, que não via há dias. Minha irmã parecia preocupada, mas calma, o que era um pouco estranho.

Ela olhou de Mia para mim e depois foi até a Aninha, que dormia no centro do círculo. Ali havia um círculo já demarcado no chão de mármore, nós riscamos outro, cercamos com vassouras e acendemos velas. Para um leigo aquele parecia o cenário perfeito de um filme místico. Mas o que pretendíamos fazer ali, era real e até certo ponto perigoso.

— Os tios estão chegando, se queremos que elas controlem a situação, precisamos ser rápidas, todas prontas?

E a Mônica tirou o casaco ficando só de regata e jeans. Eu fiz o mesmo, muito feliz dela ser rápida e vir no primeiro chamado, ela podia implicar e tudo mais, porém quando se tratava de problema real, do tipo importante, ela era a primeira a se prontificar, por isso que eu amava ela, mesmo sendo tão brava, minha irmã do meio... Bem, não havia bruxa do fogo mais preparada que ela naquele tipo de ritual.

— Vamos usar muita magia, eu espero que todas estejam preparadas – E a Laine se colocou na posição norte, a Mônica foi para o sul eu para oeste, Mia para leste. A Mônica nos olhou uma a uma – Assim que eu fechar o círculo, vamos interferir em qualquer tipo de energia ao redor, eu sei que todas vocês estão ligadas agora a esses japinhas chorões, então não oscilem para nada, atenção total aqui, nós vamos fechar esse círculo, vamos fazer transferência de energia, vamos utilizar tudo o que temos, tudo que temos ao redor, vai ser pesado, temos que curar Aninha quase totalmente, e isso vai ter um custo alto, preciso ouvir em voz alta que estão preparadas para se doar, isso aqui não é elemental da terra agindo, somos nós, nossa essência, fui clara? Luana?

— Eu ouço e aceito.

Respondi firme.

— Eu ouço e aceito.

Mia falou mais fervorosa que eu, ela também estava em situação delicada, sua mãe estava vindo e tia Leonor podia exagerar, do tipo muito e muito agressivamente, Mia precisava do apoio moral de Aninha, ela não conseguiria lutar aquela briga só. E eu... ainda não era páreo para os mais velhos. Tudo o que podia fazer era dar um pouco de mim para minha querida prima.

— Eu ouço e aceito - Laine completou encarando a Mônica séria – Vamos fazer isso.

Elas deram as mãos e Laine fechou o círculo.

— Agora!

Mônica ordenou e todas nós fechamos os olhos, erguemos as mãos e voltamos a palma para dento do círculo.

— Eu Mônica, filha do fogo, ofereço minha cura!

E ela caiu de joelhos enquanto labaredas de fogo saltavam de suas mãos para o corpo adormecido.

— Eu, Laine, filha da terra, ofereço minha cura!

E Laine também caiu de joelhos enquanto grãos de areia se juntavam ao seu redor e saltavam para Aninha.

— Eu Mia, filha do ar, ofereço minha cura!

Mia caiu e um tornado fino se originou de seu peito e saltou para a prima.

— Eu, Luana, filha da água, ofereço minha cura!

Fui a última a cair, gotículas de água se juntaram sobre mim formando uma grande bolha aquática que saltou sobre Aninha. A última coisa que vi, foram as velas incandescerem e Aninha gritar.

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