Juiz: Obsessão Por Amor

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O r f a n a t o

P. O. V. Skay:

    Estávamos no horário do café da tarde quando a diretora apareceu e fez um comunicado, ela falou algo sobre nos, jovens adultos, não podermos mais ficar por aqui. Apesar de toda ajuda, ainda tinha algumas crianças que precisavam de apoio, um lar. Lar este que estava sendo ocupado por pequenos adultos que já poderiam ter partido pra próxima etapa, mas acabaram se acomodando aqui.
    Ela pediu para, que todos os jovens acima de 16 anos, fossem para o salão de festas. Todos fomos para lá, sem saber ao certo, o que se passava. Estávamos todos muito bem apresentáveis. Chegamos lá e ficamos em uma fila, um do lado do outro. Um homem muito bonito, estava bem no meio do salão observando tudo. O famoso "Deus Grego" que todas falam, estava lá no meio do salão, parecia que ele apenas estava nos esperando.
    Xxx: Bom, meu nome é Castiel Medisem. Como a maioria aqui já sabe, vcs estão numa idade um pouco mais avançada. Eu sou o dono desse orfanato, e a diretora pediu para que eu viesse para resolvermos isso. Queria ficar a sós com um por um, e ver se minha ideia pode dar certo! Como vocês já são quase adultos, precisaram ir embora, mas não vamos desampara-los. Por favor Marta, poderia me mandar por número da chamada?- Pergunta indiferente. Parece que ele não vai com a cara dela também.
     Marta: Si-sim senhor! - Fala nervosa e começa a chamada.- Ângela... Angelina... Ângelo... Bárbara... Bruno... Carlos...Duan Jr... Keith... Skay...

    Quando chegou a minha vez, fui até a outra sala, onde havia um banco em formato de S, uma pessoa sentava de costas pra outra, tendo que ficar perto e sentado de lado caso queiram conversar. Ele estava em pé de costas um pouco longe do banco com o celular na mão.
    - Licença, minha vez! - Falo um pouco tímida. Sempre fui assim pra falar com as pessoas, chega a ser um desafio e tanto. Além do mas, quem me garante de que ele não do tipo arrogante? Tem gente que vem nessa terra, faz um tanto de coisas erradas e acha que uma boa ação já é o suficiente.
    Ele se virou e me olhou de cima a baixo e sorri, me fazendo estremecer de leve, o porque eu desconheço. Ele percebeu e seu sorriso aumento mais. Ele poderia fazer o gato do país das maravilhas facilmente agora.
    Castiel: Pode se sentar. - Diz, eu faço o que ele pede, e o mesmo se senta, ao meu lado. A diretora entra na sala quase como um furacão, me fazendo dar um pulo fincando de pé, por causa do susto.
    Marta: Essa é a última!- Diz vindo apressada até nós.
    Castiel: Ok,  pode se retirar! - Ele fala, mas não tira os olhos de mim, o que tá começando a me assustar seriamente pensando bem. - Não ouviu? Pode ir!- Fala grosso, fazendo ela se assustar agora.
    - Ela não pode ficar? - Pergunto com certo medo de ficar aqui sozinha, com ele necessariamente. O cara parece ser um pouco bipolar talvez? Ou apenas tem problemas de nervos.
    Castiel: Não, não quero ela aqui!- Fala mais brando comigo, estreitando os olhos para ela.
    Marta: Mas, em todas, eu fiquei e eu posso te ajudar como diretora! Por que não...
    Castiel: Por que EU, não quero!- Diz grosso novamente.- E não te devo satisfação do que faço. - Fala com indiferença.
    Ela me olha com raiva, me fazendo encolher ligeiramente. Olhei pra ele tentando desviar do olhar dela, me batendo de encontro com o dele. Não sei se foi boa ideia. Saí de um ruim, pra outro pior. Ele pareceu ver o desconforto, olhou pra ela e pelo o que vi, tinha uma coisa assassina em seus olhos, pois o mesmo se levantou indo até ela, a encarou firmemente ainda com a expressão de indiferença.
    Castiel: Você me ouviu, sai! - Fala e aponta pra porta. Ela vai mas antes, me lança outro olhar, que faz algumas lágrimas de pura raiva cair, causadas por pensamentos negativos que eu associava a mulher. Lágrimas essas que eu tentei parar rapidamente sobre o olhar dele, Marta era muito boa nas punições. Agora sim ela vai fazer da minha vida um terror. Ele vem e se senta novamente, me olha e passa sua mão no meu rosto levemente para limpar as lágrimas. - Hey, o que foi? O que aconteceu?- Diz e pega minhas mãos no ato de me consolar.
    - É que... agora, tudo vai ficar ainda pior! Ela vai dar punições muito mais severas pra mim e pra quem mais estiver comigo, quando ela me encontrar ao se lembrar de mim.- Solto sem querer, tampando a boca com as mãos, com medo do que ele iria fazer.
    Castiel: Como assim! Te maltratam? - Pergunta com o olhar estampado de raiva. Talvez, só talvez, quem sabe... Ele pode ser um daqueles adultos legais e responsáveis. Mas é lógico que eu corro o risco de perder a língua aqui!
    - É... é...- Não consigo falar, nervosa de mais com medo do que pode vir a acontecer.
    Castiel: Fala! - Diz um tanto alterados ainda porém tentando manter a calma, sua voz ficando mais forte e audível que antes. Tento ter uma atitude coerente.
    Se eu falar pode ser que as coisas fiquem difíceis. Mas se eu ficar calada também vão ficar.
    - Todos... Todos os dias me batem... adolescentes que se aproveitam da maldade da diretora, para ganhar alguns favores e escapar dos castigos. Já tentamos argumentar com eles e eu até tentei falar com ela... não tenho marcas mas... Isso não significa que não aconteceu. Eu tenho pesadelos com isso, todos temos... Todos os dias na mesma hora... exatamente às 15:30, eles se juntam e começam a nos insultar e agredir. - Ouvi um barulhinho como sinos indicando que nosso tempo acabou. - Tenho que ir. Foi bom te conhecer Sr. Medisem! E... desculpa qualquer coisa, mas se puder resolver isso, pra gente seria um alívio. - Digo saindo de lá, não devia ter falado. Mas também não adianta de nada ficar calada.
    Espera!- Ouço ele dizer mas não paro, por Marta já está na porta a nossa espera. Agora sim. A diretora deve estar me odiando, mas depois disso sei que sou uma pessoa morta. Droga e consciência.

"Devíamos lembrar-nos que não somos os únicos a se encontrar num beco que parece sem saída.
Como uma pandora, que mais sobe quanto mais forte é o vento, mais forte ficamos quando maiores forem as dificuldades." (R. Brasch)