Capítulo 2

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   Ao desembarcar em Washington, a sensação que eu tive fora que a minha vida estaria completamente mudada. Um pouco exagerada, eu sei, mas, eu tenho certeza que não será nada fácil conviver sobre o mesmo teto que a pessoa que mais me magoou em toda a minha vida. Acho que nunca conseguirei recolher o meu coração que estar em pedaços. Lembro até hoje do dia em que a pessoa que eu mais admirava havia ido embora sem ao menos se despedir de mim. Eu era pequena, mas essa lembrança é viva em minha mente.

   Bom, eu preciso encarar o fato de que irei morar com o meu pai, então, coloquei o meu pé no degrau da escada e comecei a descer com um aperto no coração. Parado lá embaixo estava o meu pai com um sorriso enorme e uma placa ridícula escrito: " A filha mais linda do mundo ".

   Puts.

   Desci as escadas rápido e morrendo de vergonha.

   - Abaixa isso, Matt! Está me fazendo passar vergonha!

- Eu disse que era um exagero, Mattew. - só agora notei a presença de Alice, a mulher que arruinou a minha vida. Foi com ela que meu pai preferiu ficar ao invés de acompanhar o crescimento de sua filha.

   Odeio essa mulher!

   Logo a placa estava no chão e meu pai me dando um abraço que com certeza esmagou o meu pulmão.

   - Que saudades, filha! - disse ainda agarrado a mim.

   Não consegui retribuir o seu abraço, apenas fiquei esperando o momento em que ele iria me soltar.

   - Se você me apertar mais um pouquinho eu morro por falta de ar.

   Ele me soltou, mas, ao invés de se afastar segurou o meu rosto com as duas mãos e depositou um beijo em minha testa.

   Senti tanta falta desse gesto.

   - Como foi a viagem?

   - Uma droga! Preferia ter ficado em casa.

   - Morar comigo não será tão ruim, acredite.

   - Acredito que será inesquecível mente chato.

   - Farei de tudo para não ser. - sorriu para mim e logo depois olhou para a mulher. - Lembra da Alice?

   - Como eu poderia esquece-la? - a olhei com repulsa.

   - Oi, Alana. - falou e deu um sorriso de lado.

   - Oi, Alice. - respondi apenas por educação e me virei novamente para o meu pai. - Será que podemos ir? Estou cansada.

   - Podemos. - disse meu pai.

   Meu pai pegou minhas malas e seguimos para fora do aeroporto.

   Ao por os pés para fora logo senti o vento gelado em minhas narinas. Como está frio neste outono, mas, até que eu gosto, principalmente quando começar a nevar.

   Já no carro, a caminho do meu novo destino, eu olhava pela janela pensando em como minha mãe me odiava por me fazer passar por aquilo. Por que não me mandou para Marte? Pelo menos eu estaria a milhões de quilômetros desse carro.

   - Já te falei do Gabriel? - meu pai me perguntou me tirando totalmente dos meus devaneios. Me virei para frente e o olhei pelo retrovisor do carro.

   - Gabriel? Quem é esse? - perguntei curiosa.

   - Meu filho! - disse Alice completamente orgulhosa.

   - Sério que vou ter que conviver com uma pessoa que tem o seu sangue? Ótimo! Não podia piorar! - não sei o porquê eu disse aquilo, mas a cara que Alice me olhou foi impagável.

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