Por que ir á um baile de escola é tão indiferente pra mim? Por que eu não fico animada por ter um par que me levará e abrirá a porta pra mim? Eu acho que a vida é muito mais que essas pequenas coisas, meu horizonte vai muito além disso. Porém, eu sinto que preciso viver esses pequenos momentos. O que seria a vida sem esses pequenos momentos? Seria monótona e chata. Às vezes é preciso descer do trem.
Eu já estava pronta. Um vestido longo e azul desenhava o meu corpo e confesso que estou bonita.
Desci as escadas e meu pai estava na sala.
- Nossa, filha. Você está linda. - se levantou do sofá ao me ver.
- Obrigada. - eu sorri e olhei em volta. - Cadê o Gabriel?
- Eu não sei. Deve está se arrumando.
- Parece uma noiva. Fiquei pronta primeiro que ele.
- Vá se acostumando. - nesta hora a campainha tocou.
- Está esperando alguém? - meu pai me perguntou.
- Não. - o respondi. - Você não vai atender?
- Eu não. Vai você. - se sentou no sofá novamente.
- Não sei pra quê. Não é pra mim mesmo. - caminhei até a porta e a abri.
Lá estava ele, vestindo um lindo terno e com um lindo buquê de girassóis em mãos.
- Bom noite, Alana? - Se aproximou e deu um beijo em meu rosto. - São para você. - colocou o buquê em minha frente.
Peguei-o e inalei o cheiro delicioso dos girassóis.
- Obrigada. - o meu sorriso não escondia a minha felicidade.
- Sorriam para a foto. - olhei para trás e meu pai estava com o celular apontado para nós.
- Você está brincando? - eu o olhei indignada.
- Não. Não é todo dia que a minha única filha vai á um baile. Sorriam logo!
- Vai, Alana. Não custa nada. - Gabriel me cutucou e segurou em minha cintura.
- Está bem. - sorri para a foto. - Agora vamos!
- Não venham muito tarde. - meu pai ordenou.
- Pode deixar, sogrão. - zombou Gabriel.
- A nossa conversa não adiantou de nada, não é mesmo? - meu pai o fuzilou com o olhar.
- Claro, senhor Walker. - Gabriel mudou da água pro vinho. - Cuidarei dela como se fosse uma pedra preciosa. - ele me olhou. - Vamos minha dama? - eu segurei o riso.
- Vamos. - olhei pra o meu pai. - Tchau. - beijei sua bochecha e saímos.
- O que vocês dois conversaram? - perguntei curiosa.
- Eu só consigo lembrar da parte que se eu te magoar vou ser enterrado vivo. - Gabriel pareceu sofrer ao lembrar da conversa.
- Meu pai é uma graça não é? - eu ri.
- Se ele é uma graça eu não sei, mas eu que não quero está na pele do cara que fizer algo á você. Você já notou que ele mata e morreria por você? - me perguntou.
- Isso não faz muito sentido pra mim. Só de um tempo pra cá que eu tenho o visto como um pai de verdade. - sorri de lado.
- Você já parou pra pensar que o motivo dele ter ido embora pode ser por uma coisa muito além de uma separação boba? - me fez repensar.
- Eu parei de tentar descobrir o motivo. Estou tentando seguir em frente.
- Espero que esse seguir em frente me inclua. - ele colocou o meu cabelo atrás da minha orelha. - Agora me dê um beijo. Se eu me lembro muito bem, uma das coisas que seu pai me proibiu foi de ti beijar na frente dele.
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Foi por você
Roman d'amourAlana, uma adolescente que já sofreu demais para a sua idade. Foi abandonada pelo pai aos cinco anos, sendo deixada com sua mãe, uma mulher mesquinha, mal caráter, que só pensa em si mesma. Foi criada por babás, e não cresceu como uma criança deveri...