Capitulo 66

34 4 0
                                    

           

Matt franze um pouco a testa, pensando.


MATT: Eu sempre amei os hotéis que o meu pai construiu.


Eu abro um pequeno sorriso.


JULIA: Você é um orgulho para o seu pai, amor.

MATT: Ele sempre foi o meu exemplo de vida.


A voz de Matt fica fraca no final da frase e as suas pupilas se enchem de lágrimas. Eu olho em seus olhos com um nó na garganta, ele não merece sofrer!

Ele se vira para a janela do táxi novamente, e eu olho para ele, preocupada e triste. Eu deslizo meus dedos em sua nuca e começo a massagear suavemente.

Sem nenhuma surpresa, Matt não demonstra nenhuma emoção ou qualquer reacção às minhas caricias.

De repente, Matt desencosta do banco e se inclina até o motorista. Eu olho para ele, confusa.


MATT: Você pode mudar de direcção? Leve-nos até o mirante de Nova York, por favor.


Eu franzo um pouco a testa e vejo o motorista concordando com a cabeça.

Nem me atrevo a perguntar o que ele pretende, vindo até um dos pontos mais altos de Nova York.

Eu sigo Matt até o final da entrada, chegando ao mirante que nos separa do penhasco. Ele coloca as mãos no corrimão de protecção e se inclina um pouco para admirar a vista.

Eu fico atrás dele e seguro a sua cintura. Ele arrepia um pouco quando eu coloco as minhas mãos debaixo da camiseta.

Eu apoio o meu queixo entre o pescoço e o topo do ombro dele. Eu respiro fundo e solto o olhar pelo cenário iluminado à minha frente.

Minha consciência desaparece por alguns segundos, tenho a sensação de que tudo desapareceu. Uma brisa fresa bagunça os meus cabelos, minha pele esfria lentamente.

Meus olhos começam a lacrimejar um pouco e a minha garganta fecha, meus dentes batem de frio.

O horizonte nos mostra a escuridão disputado com o brilho dos edifícios iluminados... Tudo fica um pouco borrado quando meus olhos se enchem de lágrimas.

Me sinto triste e nostálgica de repente, diante desse panorama assustador e hipnotizante. Preciso me controlar e deixar que isso saia de dentro de mim, já chega de chorar o dia todo.

Eu respiro fundo e olho para Matt. Sob a luz do luar, o rosto de Matt parece frio, sem vida, como uma estátua de pedra.

Eu deslizo os meus dedos para perto do seu rosto e acaricio suavemente, ele se endireita e olha para mim.


MATT: O que você está fazendo, amor?

JULIA: Eu prefiro que você me diga o que estamos fazendo aqui...

MATT: Sim, você deve estar se perguntando...


Matt pausa por alguns segundos. Eu olho para ele, confusa, e ele diz com uma voz suave...


MATT: Eu vim aqui uma vez, com o meu pai. Uma vez, na verdade, eu tinha quinze anos. Foi logo depois do funeral do meu avô.


Eu olho para Matt fixamente, acho que agora entendo o que ele quer dizer. Ele quer homenagear o seu pai, como fez com o avô há muitos anos.

Eu sorrio para ele, emocionada. Eu me aconchego contra Matt, ele envolve os seus braços ao meu redor.


MATT: Foi então que eu entendi. Entendi a importância da vida. E eu me lembro das palavras do meu pai. Ele disse que não ficaria aqui para sempre. E fez questão de dizer o quão importante é o amor, amar aqueles que estão aqui e aqueles que não estão mais. Porque quando amamos de verdade, as boas lembranças nunca desaparecem.

Amor nas Nuvens - 3ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora