Capítulo 25: Um, dois... TRÊS?

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Eu mal conseguia engolir a saliva. Meu estômago doía como se nele houvesse um buraco profundo. Eloise dirigia aflita, embora calma, e eu só conseguia pensar em um único provável motivo pelo qual Susan dissera tudo aquilo no escritório.

— Você precisa de ar – abriu todas as janelas enquanto me olhava pelo retrovisor.

— Eu vou ficar bem, só preciso ir para casa – repetia mentalmente exercícios de respiração na tentativa de relaxar.

Mas eu não conseguia. Eu dediquei duzentos porcento de mim naquele trabalho. Eu estava confiante de que conseguiria um emprego antes mesmo de concluir a faculdade, não por causa da Eloise, mas porque eu acreditei em mim, eu acreditei no meu potencial... mas tudo que eu consegui foi um belo de um chute na bunda.

— Vai, desce do carro – Eloise parou no acostamento de uma das milhares de estradas arborizadas da Califórnia. Eu nem fazia ideia de onde estávamos.

— O que vai fazer? – Olhei atentamente para os lados ao descer do carro.

— Eu disse que você precisa de ar – ela fez o mesmo e ficou encostada na lateral, braços cruzados, encarando as árvores altas. – O que esperando? Respira!

— Olha, eu acho que não parei de respirar desde que nasci – revirei os olhos.

— Você entendeu, engraçadinho – Eloise se aproximou e segurou meu rosto entre as duas mãos. – Adam, presta bastante atenção no que eu vou te dizer agora – dessa vez eu não estava vidrado no seu olhar, nem no seu toque, mas assenti. – Nunca deixe uma experiência ruim definir quem você é e o que você merece. Você precisa enrijecer, a menos que queira ser engolido. Infelizmente, no nosso mundo, isso é necessário.

— Eloise, você não vai me entender...

— O que eu não vou entender? – Desceu as mãos pelos meus braços. – Acha que por ter vindo de uma família boa as coisas foram sempre perfeitas pra mim? Adam, estamos entre os grandes lobos, os gênios da probabilidade, da estatística, da ciência exata, e você está se esquecendo que eu sou uma mulher. Se eu perdesse as esperanças por cada babaca que dizia que eu deveria estar em casa limpando, que eu não era capaz, e cada situação como essa, eu não teria chegado onde cheguei.

— Eu esperava um discurso motivacional mais sensível – dei um meio sorriso enquanto voltava meu olhar para as árvores.

— Sensibilidade não é o meu forte – arqueou a sobrancelha e bateu na minha bunda.

— Mesmo assim, obrigado – respirei fundo, finalmente deixando que o ar puro entrasse em meus pulmões. – Nós já podemos ir.

Eloise deu um meio sorriso com uma das sobrancelhas arqueadas, eu não entendi direito, confesso. Em seguida, ela enroscou os braços ao redor do meu pescoço e de forma lenta aproximou seus lábios dos meus. Ao passo que meus olhos fechavam automaticamente, eu sentia o aroma doce de seu hálito preencher minhas narinas e chegar aos meus pulmões, causando uma sensação de alívio e êxtase extremos.

— Não antes de me contar o que houve lá dentro – Eloise parou. Tirou o blazer, pegou um pacote retangular no bolso e o atirou dentro do carro pela janela.

— Por que faz isso comigo? – Sussurrei ainda de olhos fechados. Eloise simplesmente sorriu e continuou me olhando. Respirei fundo para começar a contar. – Digamos que se eu fosse muito idiota, nesse exato momento, estaria culpando você pela minha não efetivação – escorado na porta, deslizei até me sentar no chão, ela fez o mesmo logo depois.

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