Capítulo 7: Noite no sofá

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Nada mais a reclamar ­— exceto pelo o estágio ridículo do qual não poderia me livrar até cumprir as horas exigidas pela universidade. — Apesar de muito mais ocupado do que costumava estar, pelo menos o dinheiro não era mais preocupação para mim. Inúmeras vezes tentei ligar para Eloise a fim de agradecê-la por contratar um motorista e comprar um telefone novo, mas só quem atendia o número que eu tinha era seu assistente e dizia sempre que ela não estava "disponível no momento".

Aos poucos a imagem de Eloise fora sumindo da minha mente, deixando apenas um borrão de alguém superficialmente conhecido. Mesmo sem manter contato constante toda e cada ação minha resumia-se a ela, tanto que Selly não aguentava mais ouvir o seu nome dentro de casa.

— Você não pode abrir mão de duas horas para ir ao cinema comigo por causa de uma mulher que a gente nem conhece de verdade? — Reclamou prendendo o brinco à tarraxa.

— Uma mulher que está bancando meus estudos — desviei rapidamente o olhar dos livros para lhe dar um pouco mais de atenção. — Desculpe, amor, — entortei a boca num meio sorriso — tem um teste muito importante a caminho e eu não posso deixar de estudar.

— Tudo bem, — bufou sentando ao meu lado na cama — foi só um pouco de pirraça — sorriu. — Seria egoísmo se não o apoiasse.

— Muito obrigado — segurei seu rosto e a beijei apaixonado por seu olhar meigo. — Por que não vai com suas amigas? — Sugeri.

— Ok, — piscou lentamente — mas vai ter que me recompensar mais tarde.

Por incrível que pareça, depois que tivemos nossa primeira vez no sexo, Selly e eu não transamos constantemente como imaginei que seria — até duvidei se realmente gostara da minha performance. — As responsabilidades nos mantinham sempre ocupados demais. Cada vez mais trabalhos e provas e obrigações. Nosso horários não coincidiam, raramente nos fins de semana, mas sempre havia algo a ser feito. Muitas vezes só nos encontrávamos na cama para dormir e de manhã para tomar o café — claro, quando ela não fazia seu plantão durante a noite.

Passei apenas alguns minutos a mais com Selly, até que ela saísse para curtir seu dia de folga. Logo depois, passei um café bem forte e tomei banho para voltar às atividades do curso — trajando um belo samba-canção roxo com caveiras mexicanas que ela me dera de presente no aniversário passado. — Munido com uma dose extraforte de cafeína e na companhia do pai da administração, larguei-me no sofá enterrado nas almofadas.

Mal li duas linhas e ouvi batidas na porta — imaginei que Selly esquecera algo em casa, mas estranhei por não ter entrado de uma vez — Deixei a xícara e o livro na pequena mesa de centro feita de carvalho e ligeiro abri a porta.

— Não conseguiu guardar seu tesão até a noi... — minhas bochechas ficaram tão quentes a ponto de explodirem — Eloise!

— Adam — enrugou a testa parecendo tão desconfortável quanto eu.

Todas as sensações constrangedoras que tinha ao estar em sua presença voltaram de uma vez só — desejei ser invisível. — Olhei-a da cabeça aos pés encantado por seu Louboutin e a saia preta justa um pouco acima dos joelhos exaltando todo volume do seu quadril — mais uma vez envergonhado pela minha vestimenta — o estereótipo de cueca infantil e mais nada cobrindo meu corpo.

— Cheguei em um momento inoportuno? — Ergueu as sobrancelhas com seu tom polido.

— N-não — balancei a cabeça. — Por favor, entre — posicionei-me atrás da porta gesticulando para a sala.

— Desculpe vir sem avisar — tirou o casaco dos ombros e o colocou sobre o antebraço dobrado que já segurava sua bolsa. — Estive bastante ocupada durante essa semana e tenho algo para ser entregue em mãos.

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