Capítulo 22: Cama de Solteiro

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Gostaria de ter passado aquela noite ao seu lado, mas Eloise me deixara em casa mais tarde, com seu cheiro impregnado em mim e um sorriso elástico no rosto. Senti vontade de me deitar na cama e lhe enviar uma mensagem, queria dizer a ela o quanto fui feliz naquela tarde e o quanto eu desejava vê-la mais uma vez. Definitivamente, isso era um mau sinal..., mas e daí? Eu estava mesmo me apaixonando por ela, então só precisava controlar esse sentimento e mantê-lo em total sigilo. 

Nós dormimos juntos mais uma vez naquele fim de semana. Ela me fez prometer que eu usaria seu presente ostensivo, não fui capaz de dizer não ao belo par de olhos castanhos e aos bicos marrom-rosados de seus seios me encarando.

Não existia roupas no meu guarda-roupas que fizessem jus ao relógio de prata elegante, nem ao menos frequentava um ambiente adequado para usá-lo. Vesti-me discretamente para não ser notado pelo campus, infelizmente o clima não me ajudava a usar um casaco para cobrir o pulso. Enquanto eu andava para lá e para cá depressa, parecia o fim de tarde perfeito para que o destino me pusesse em alguma situação desconfortável.

­— Kholer? É você mesmo? – Ouvi de repente ao passar pelos bancos do parque.

— Oi, Brian – enfiei as mãos nos bolsos, pois sabia que ele era tudo, menos uma pessoa discreta.

— Cara, não te vejo desde aquele jantar esquisito na casa da Sel...

— Como vai? – Interrompi-o antes que aquele encontro se tornasse mais desconfortável ainda. – Alguma novidade?

— Qual é? – Brian sorriu acenando com a cabeça e balançando seus cachos volumosos. – Só porque é um provável formando agora não vai me cumprimentar direito? – Estendeu a mão.

— O tempo passa, mas a sua idiotice não diminui – sorri.

Distraído, tirei o pulso esquerdo do bolso da calça e apertei sua mão puxando seu ombro para colidir com o meu. Por um segundo, imaginei que passaria por despercebido, mas, como é possível notar, o universo me ama tanto que fez a luz do sol bater exatamente em cima do visor do relógio.

— Caralho... – Brian segurou meu pulso embasbacado por mais alguns segundos – esse relógio deve custar mais que o meu carro.

— Então, – puxei meu pulso educadamente e afastei dos olhares curiosos que Brian chamara a atenção – você ainda não me contou as novidades.

— Eu vou reprovar em algumas matérias, mas não sei se isso ainda é chocante pra você – riu.

— Ao invés de maconha, talvez devesse começar a enrolar um pouco de vergonha na cara – balancei a cabeça com um meio sorriso.

— Não posso deixar de usar minha planta da sabedoria.

— Acho que ela deve ter passado da validade então – semicerrei o olhar.

— Há há, Kholer! Muito engraçado – revirou os olhos. – Mas... e esse relógio, cara?

— O que tem? – Perguntei acuado.

— Seu estágio deve ser bom pra caralho...

— Foi um presente.

Imediatamente sua feição mudou, agora ele me encarava com os olhos semicerrados como se soubesse de algum segredo meu. Seu sorriso era frouxo e balançava a cabeça pronto para soltar mais uma de suas pérolas:

— Você não se prostituindo, né? – Arqueou a sobrancelha.

— Claro que não – revirei os olhos e dei um soco amigável em seu ombro. Na verdade, eu nunca havia pensado na minha relação com a Eloise daquela forma até aquele momento.

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