Capítulo 20: Absurda e Assustadora

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Escolhi não dormir com Eloise naquela noite. Algumas coisas ainda perturbavam minha mente, então não arrisquei estragar tudo mais uma vez. Certifiquei-me de deixa-la satisfeita antes de partir, não lhe dei uma única explicação, simplesmente me levantei e sorri beijando seus lábios mais uma vez antes de virar as costas e chamar um Uber.

No instante em que pisei em casa, recebi as mensagens atrasadas de Eloise. Não vou mentir, a sensação de saber que ela se importava foi magnifica, mas preferi não demonstrar tanto entusiasmo ao responde-la. Todo cuidado era pouco, em hipótese alguma eu poderia me apaixonar por ela. 

 

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Desliguei o celular. Eu precisava de uma ducha lenta e reflexiva, meus músculos ainda doíam, mas já não importava. Nada mais importava para mim, a não ser ela e isso era muito perigoso... De qualquer forma, ainda tinha que estudar, então foquei na melhor forma de ocupar minha atenção e esquecer, mesmo que momentaneamente, qualquer baboseira.

A rotina, mais uma vez, tornou-se minha melhor amiga durante os dias subsequentes. Ela não me procurou, o que significava que minha classificação naquele ranking de merda não havia mudado — eu ainda era "ruim de cama". Nada novo sob o sol.

Duas longas e rastejantes semanas passaram, eu só queria morrer. Quanto mais perto do diploma mais trabalho eu tinha, nem ao menos isso me impediu de pensar nela. Eu sentia falta do seu rosto, seu cheiro, seus lábios, seu gosto, além disso sua displicência quanto a minha pessoa só me deixava mais mal-humorado.

A sensação térmica em Palo Alto estava insuportável, era ainda uma quarta-feira e a previsão alertava que nos próximos dias só ficaria mais quente. Meu temperamento estava insuportável, por causa do calor e por causa dela, foi um péssimo dia que escolhera para pedalar debaixo de um sol escaldante e de terno. Acabei discutindo com um colega de trabalho, me convidaram para uma conversa no RH e sugeriram que eu saísse mais cedo e tentasse "acalmar meus ânimos", se não corresse o risco de perder o estágio mandaria todos se foderem. Definitivamente, eu não era uma boa companhia para ninguém.

Não valeu muita coisa sair antes, acabei chegando em casa no mesmo horário de sempre, pois, como se não bastasse todo o meu estresse, acabei estragando um dos pedais da minha bicicleta e o metal rasgou a lateral interna da minha calça.

— Mas que merda! — Gritei ao descer jogando a bicicleta no chão.

As pessoas me olhavam como se eu fosse louco — talvez eu estivesse mesmo louco de abstinência. Pior que isso foi ter que voltar para procurar o pedal perdido pelas ruas, depois disso empurrar a bicicleta até encontrar um lugar que fosse capaz de consertá-la.

Meu blazer já estava amassado junto aos meus textos e livros na bolsa, a cara mais arramada que um nó de marinheiro. Peguei um ônibus e fui pra casa, certo de que minha noite não poderia ficar pior que o meu dia. O plano de estudar ficou para depois, eu só queria tomar um banho e morrer na cama, mas nem isso eu consegui fazer.

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