Capítulo 32: Vinte Minutos

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Não acreditava no que acabara de acontecer dentro daquele banheiro.

Saí de lá a passos largos pelo mesmo caminho que chegara. Minha febre passou, as bochechas não estavam mais vermelhas – conclui então que o que estava sentindo era tesão disfarçado de desconforto para enganar minha própria mente. A vontade real que eu tinha era voltar lá, arregaçar as mangas do blazer e a Eloise também. Minha noite não conseguiu ser a mesma depois do ocorrido, mas obviamente eu fiz questão de me munir da minha melhor atuação para que Eloise acreditasse que nada havia mudado para mim – ou entre nós.

De volta ao salão, o mesmo de antes. Éramos dois desconhecidos, apesar dos olhares discretos – eu apenas fingia que estava entendendo o que ela queria dizer para não parecer um tolo. Nos tornamos dois espelhos por um longo tempo.

Robert Cunningham chegou tarde, portanto comemos tarde – o pior de tudo era ter que usar a educação e fingir que eu não estava morto de fome . Muito blá-blá-blá, nada demais. Curiosamente meu lugar estava marcado ao lado de Sophie, o que nos permitiu conversar bastante durante o resto da noite, mas Eloise estava bem à minha frente, e ao lado de Robert – conseguia vê-la cochichando algo com ele de vez em quando. Os dois riam, bebiam, era como se tentasse me provocar ciúmes – mas mesmo que não estivesse tentando, ela estava conseguindo. Nunca vou entender essa parte da mente do ser humano que nos permite sentir ciúmes de situações e pessoas que não dizem respeito a nós mesmos.

Decidi agir como alguém maduro, não a provoquei de volta, e também não precisei tentar. Sophie tocava meu braço sempre que tinha oportunidade, eram extremamente visíveis seus flertes comigo e eu não perderia essa nova chance de sexo só porque Eloise estava na minha frente – eu não queria transar com ela naquela noite, mas investimentos futuros são sempre bem-vindos.

Ao fim das refeições, mais um pouco de social. Dessa vez eu estava inacessível para as brincadeiras de Eloise porque Robert me tomou apenas para ele. Fui levado até um escritório, no terceiro andar. Não havia burburinhos, nem música, nem olhares. Aquele silêncio era reconfortante. Pude colocar minhas ideias no lugar.

— Adam Kholer... Kholer... Sr. Kholer – ele riu. — O que acha de Sr. Kholer?

—Apenas Adam já está bom – dei um meio sorriso sem graça. Não entendi muito bem a brincadeira, mas ele era rico, então a melhor decisão era rir.

—Sugiro que vá se acostumando com Sr. Kholer – olhou-me atentamente. — Já deve saber porque eu fiz questão da sua presença, não é? – Tomou um gole do seu martini.

Eca! Aquela bebida horrível.

— Por causa do meu doutorado, certo? – Bebi meu vinho.

— Realmente acreditei que alguém alguma hora abriria a boca pra você. Pelo visto, a grande notícia ainda é minha – riu e se encostou na mesa de braços cruzados. — Quero que trabalhe comigo – minha mente explodiu.

— Claro! – Eu nem ao menos pensei antes de responder. — Mas eu não moro aqui, também existem as questões do meu doutorado e...

— Respira – ele deu uns tapinhas no meu ombro. — Não se preocupe com isso. Já está tudo preparado para a sua chegada. A empresa cuidará de ter realocar pela cidade de Nova York mesmo, o apartamento está ficando incrível, você vai adorar. Quanto ao doutorado, já está tudo resolvido com Jeffrey. Você pode enviar suas"coisas"à distância, e quando precisar ir à Califórnia, a empresa vai pagar suas passagens de avião, classe executiva. Vai receber um monte de benefícios e essa coisa toda... Além do mais, seus avós moram muito mais perto de Nova York do que do outro lado do país onde você está agora. Não vejo motivos para não aceitar.

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