Era muito cedo ainda, mas alguém decidiu bater na minha porta. Eu estava naquela situação de vida ou morte na qual é preciso escolher entre acordar um anjo que está dormindo em cima do seu braço, ou cortar o próprio braço para não o incomodar. Delicadamente deslizei o braço enquanto jogava meu corpo para fora da cama, Eloise se mexeu um pouco, mas continuou em seu sono de beleza divina. Esfreguei os olhos e saí do quarto de samba-canção mesmo, encostando a porta para bloquear a luz.
Eu esperava por um policial, um advogado, uma intimação, e até mesmo o pé no saco do Christopher, mas não. Selena estava de pé em frente à minha porta, do outro lado do corredor, segurando dois cafés e uma caixa de rosquinhas.
— Oi! – Suas bochechas estavam coradas. – Eu posso entrar?
Franzi a testa. Confuso. Desnorteado. Surpreso. Nem em um milhão de anos eu poderia imaginar que Selly apareceria no meu novo endereço por livre e espontânea vontade. Preciso comentar, ela estava linda! O cabelo castanho-escuro na raiz que clareavam na medida que chegavam às pontas. Completamente liso, sem nenhuma onda – novidade para mim. Com roupas casuais, jeans e cardigã... estava uma graça. Senti vontade de abraça-la, mas me contive. Gesticulei para a cozinha, abrindo espaço para que ela pudesse entrar.
— É um ótimo apartamento – olhou em volta e me entregou a comida. Deixei tudo em cima da bancada.
Comecei a catar minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão e a trilha me levou até o vestido de Eloise no chão da cozinha, que me fez abaixar rapidamente para esconder entre minha calça e camiseta. Acho que algo dentro de mim ainda queria ser o cara certinho e casto que ela conhecera.
— Um segundo – corri para o banheiro e joguei tudo dentro do cesto de roupa suja o mais rápido possível. – Tenta ignorar a bagunça, eu não estava esperando receber visitas – disse caminhando de volta para a cozinha vestindo uma camiseta que encontrei pendurada. – Na verdade, eu não costumo receber visitas.
— Desculpa vir sem avisar, eu... perdi seu número, eu acho – deu um meio sorriso.
— Tá tudo bem – respirei fundo. – Como me achou? – Parei um segundo para pensar.
— Brian! – Dissemos simultaneamente e rimos por isso.
— Olha, me desculpe por ter chutado seu namorado – foi muito difícil dizer isso, já que acredito que ele mereceu aquilo.
— Ah, o Taylor... ele não é meu namorado. A gente só tem saído bastante, há algum tempo – olhou para os lados.
— Não precisa explicar – fiquei parado em um canto, distante o suficiente para conseguir ouvi-la.
— Na verdade, eu vim aqui porque queria pedir desculpas por ele.
— Você não deveria fazer isso, acho que ele é bem grandinho pra se desculpar sozinho – cruzei os braços em desaprovação.
— Qual é!? – Riu sem jeito. – Nós dois sabemos que ele não vai fazer isso. Ele não é maduro como você – fitou-me.
— Então não vejo motivos para que você faça por ele – comecei a soar áspero.
— Foi só um mal-entendido – Selly revirou os olhos. – Ciúme bobo. Ele sabe que nós moramos juntos por muito tempo e...
— E, é claro, ele não te contou nem metade das merdas que disse lá.
— Isso não é importante, Adam! – Aos poucos, alterávamos nossas vozes.
— Se você veio aqui pra defender ele, então não acredita realmente que eu mereço um pedido desculpas – me aproximei em poucos passos. – Caso queira saber, eu estava tentando defender você.
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A sociedade Beaumont
RomancePLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) CONTÉM CONTEÚDO ADULTO [+18] (Cenas de sexo explícito; Linguagem imprópria) VENCEDOR DO 1º LUGAR NA CATEGORIA HOT NO CONCURSO STORYTELLER (1ªED). Quando o estudante de Administração da Un...