Último Recurso (Parte 1)

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Tantas coisas estavam acontecendo. Eu era um professor novo, era meu primeiro trabalho depois de me formar e já estava enfrentando essas loucuras. Eu juro que estou sendo fiel ao que realmente aconteceu e procurando narrar de uma maneira que te prenda, que te faça entender e também refletir sobre tudo isso. Também tem acontecimentos que eu não presenciei, porém, procurei saber de tudo que fosse relevante, para que você estivesse sempre bem informado. Contudo, informo que essa não é apenas mais uma história de terror. E nem tudo vai sempre girar em torno do sétimo andar, mas sim das pessoas que tiveram contato com ele.

É interessante a forma como as pessoas reagem a determinadas situações. Tem gente que diante de um grande perigo trava, paralisa. Outros encaram de frente. Ainda tem aqueles que ficam loucos. Só até aqui narrei várias reações diante do sétimo andar. Stephanie e Alice, uma simplesmente fugiu antes mesmo de ver algo, a outra seguiu atrás de seu objetivo e se desesperou ao ver o que viu. Ivena com o susto, caiu e se machucou. Eu conversei com o tal fantasma e fiquei bem, tive medo, mas superei. Entretanto, tem Wendy Milner, que de forma mais inesperada se divertiu com aquilo.

Quando eu e Tyler chegamos à escada que dava para o sétimo andar demos de cara com Wendy. Ela estava maravilhada, empolgada, uma criança depois de sua primeira vez num parque de diversões. Claramente, dentre todas as reações, aquela era a mais peculiar.

— Isso é fantástico! — Ela descia o último degrau, dando gargalhadas. — Porra! Eu falei com um fantasma. Tem noção?

— Wendy! Qual é seu problema? — perguntou Tyler colocando as mãos nos ombros dela. — Você está bem? Eu fiquei preocupado.

— Você falou com ele? E o que ele disse? — eu fiquei intrigado. Achei que só eu era louco e conversava com fantasmas, ou seja lá o que aquilo era.

— Eu falei com ele, mas não deu tempo de ele falar comigo direito. Aquela sombra preta pareceu calar ele, só deu para ouvir ele pedindo para eu fugir. — Ela ainda estava achando divertido? — Alguém já foi até o fim daquele corredor? — perguntou depois voltou a sorrir. — Mais corredor. — Wendy não estava sóbria, certamente. — Eu sempre ouvi que corredores, geralmente, são assombrados. O que tem lá além de salas?

— Wendy, você usou... — Tyler iria completar, quando olhou para mim. Eu não era mais um aluno, eu não era mais um deles. Era certo que nem tudo eles iriam me falar. Porém, já estava claro o que havia acontecido. — Por que você fez isso? Aonde conseguiu? — Ele começou a sussurrar, enquanto jogava o braço da menina em seus ombros. Achei que Tyler pareceu atencioso demais. Seria um casal diferente, um raro atleta estudioso com uma jovem meio punk e que geralmente caras como ele iriam considerar estranha, esquisita. — Professor, por favor, não conta para ninguém que ela... — ele pausou, respirou, enquanto Wendy repousava a cabeça em seu ombro. — ...se drogou.

— Tudo bem. Cuide dela para que ninguém a veja nesse estado e depois conversaremos a respeito disso e do que... — apontei para o alto da escada. — Entende?

— Pode deixar, professor. — O menino estendeu a mão para que eu a apertasse. Foi o que fiz. Ele sorriu. — Obrigado! Eu vou descer com ela para o quarto andar, lá tem uma espécie de almoxarifado, cuidarei dela lá. — disse o bom aluno Tyler, já Wendy começou a querer pular e gritava, como se estivesse em uma festa. Então de repente parou.

— Ty, você é lindo, sabia? — Ela passou a mão no rosto dele e tentou beijá-lo, mas ele virou o rosto envergonhado.

— Calminha, garota! — Ele sorriu, olhou pra mim. — Doidona. — disse ele e então desceram. Vendo-os descer, eu sorri.

Não seria o casal mais comum de filmes de adolescentes, mas ele parecia gostar dela e ter muito respeito. Tyler não era como a maioria dos caras, era muito atencioso e tranquilo, do tipo que as pessoas gostavam facilmente. Eu queria ter sido assim, mas eu era mais do tipo antissocial mesmo.

O Fantasma da NorthighOnde histórias criam vida. Descubra agora