O Fantasma da Northigh

Face a Face

Eu dormia tranquilamente, era chamado por mamãe de soneca, pois não importava se o céu caísse sobre mim, se eu estivesse a dormir, não importaria nada, eu não ouviria nada, o sono era meu guia. Então senti alguém me sacudindo, interrompendo meu momento de sono. Eu teimava em não abrir os olhos, mas sentia meu corpo ser erguido, quando não resisti mais e olhei para aquela pessoa, na minha cabeça, era meu pai e até então não havia nada que me fizesse desacreditar daquilo.

Quando Maya chegou à cidade com a missão de procurar respostas e encontrar o paradeiro de meu pai, o senhor Goldberg, Ricardo Goldberg, tudo que eu acreditava foi derrubado. Milhões de perguntas sobre aquela noite começaram a perturbar minha mente, mesmo com tudo que acontecia, ou seja, eu era uma pilha de nervos e dúvidas. Afinal de contas, quem era Markeles Found e o que ele fazia na minha casa na noite daquele incêndio? É chegada a hora de obter essas respostas e encarar face a face o que tiver de encarar.

Wendy estava refém daquele homem, ela dirigia, com uma arma apontada para seu rosto, pela estrada escura, a beira do lago South. No banco de trás, já fraco por perder sangue, Tyler não conseguia mexer o braço sem sentir uma dor terrível.

A frente deles, a mais ou menos trinta metros, Wendy avistou uma criança parada no meio da estrada, com um vestido vermelho, à medida que foi se aproximando, revelava que a menina tinha um cabelo preto e longo e estendia a mão pedindo que parassem.

- Nós precisamos parar! - disse Wendy.

- Continue em frente! Não pare! - o homem pareceu ignorar completamente a criança no meio da estrada.

- Mas vamos atropelar aquela criança. Eu vou parar. - dizia Wendy, pisando no freio e reduzindo a velocidade do carro.

- Se parar, te matarei aqui mesmo! Acelere! - gritou Sohn.

- Nós vamos matá-la. - gritou também Wendy, pisando no acelerador.

- Nem tudo que seus olhos veem são verdadeiramente parte desta realidade. - disse o homem.

Wendy fechou os olhos e acelerou. Quando chegou bem próximo, a criança gritou e desapareceu diante do carro.

- Se parar, por qualquer coisa, sabe o fim que terá. - disse Sohn, constando a arma na cabeça dela.

A jovem abriu os olhos e nada havia acontecido. Aquela criança não existia, mas a ameaça de morte que a rondava era real e assustadora. Ela respirou fundo e procurou se concentrar na estrada. Continuou o caminho rumo a Northigh.

A essa altura vários carros estacionavam em frente a escola. O porteiro Wells foi olhar para ver que movimentação era aquela e um deles com capa preta estava caminhando direto para o portão.

- Desculpe-me, mas a senhorita Hausen... - dizia o senhor Wells, quando outro deles, caminhou até onde ele estava, sacou uma arma e com um disparo seco e silencioso, calou o porteiro com um tiro na testa.

Não demorou muito, eles estavam invadindo a escola, cerca de quarenta pessoas, todos trajados da mesma maneira. Entraram na escola e começaram a ordenar que os alunos que estavam espalhados se concentrassem na parte central do pátio. Outros deles começaram a desenhar um enorme círculo com uma tinta à óleo da cor branca. Ainda havia alguns, que se espalharam pela escola, invadindo o prédio menor, trancando todos que estavam nos alojamentos. Todos os membros da seita que estavam armados fizeram as pessoas que ali estavam de reféns.

Três deles cercaram o círculo e começaram a dizer coisas estranhas. Os alunos não conseguiam identificar bem quem eram, por conta das máscaras, as vozes eram conhecidas, mas os temiam e cumpriam o que pediam que fizessem.

Um dos alunos era Phillipe Carmello, esse resistiu, não queria aceitar seguir uma das mulheres, o garoto que jogava football e era companheiro de Jhonatan Hamilton fora arrastado e jogado dentro do círculo. Cerca de trinta alunos residentes foram presos ali. O jovem Carmello, teimoso que era, tentou sair, mas diante dele a imagem do demônio se ergueu e pareceu o jogar para trás, aliás era o que acontecia com quem tentava sair do centro do pátio. Ou eram empurrados para o centro, ou puxados pela perna. O ambiente era de desespero e medo.