Colateral (Parte 2)

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Quase duas horas se passaram quando finalmente Tyler acordou. Ele estava dormindo sentado encostado no portão que limitava o corredor no sétimo andar. A cabeça doía, um zumbido no ouvido, chegava a incomodar muito. Confuso e com mais dores pelo corpo, o menino se levantou, escorando-se na grade. Mas onde estaria Yuri? O que teria realmente acontecido ali?

Não sei bem você, mas eu, ouvindo relatos, me perguntava o tempo inteiro o porquê de Tyler estar sempre se envolvendo em perigos. Já subiu ao sétimo várias vezes, viu que não era nada bom, porém, não demorava a estar lá outra vez. Talvez seu altruísmo fosse grande o suficiente para que esquecesse o perigo. Ou talvez esse menino precise de ajuda psicológica urgente.

— Você está melhor? — da escuridão do final do corredor, Tyler pode ouvir a voz do menino. Seu corpo se arrepiou, ele olhou para trás e nada pode ver. Olhando mais atentamente, ele pode ver o formato de uma criança tímida, se escondendo atrás da parede. No escuro era possível perceber o quanto pálido o menino era. — Aqui é perigoso... Eu... Eu sei que você quer me ajudar, mas... — ele falava, já começando a sussurrar, parecia ter medo de algo que se aproximava atrás dele. — Mas precisa tomar cuidado. Eu quero... — ele ameaçava chorar. — Eu quero sair daqui. — Tyler ouvindo o menino, tentou abrir o portão, mas agora estava trancado. — Eu quero brincar lá fora. — continuou a criança já bastante chorosa, até ser puxado por algo.

— Ei! Volta! — gritou o rapaz, fazendo força para abrir o portão, mas não conseguia. — Eu vou te ajudar! Volta aqui! — continuou até ouvir alguém tossindo atrás dele. Era Yuri, que estava caído em frente a biblioteca. Tyler correu até ele e o ajudou a levantar.

— O que houve? Por que eu estava dormindo aqui? — perguntou Yuri com um corte na cabeça. Tyler pensou um pouco no que iria responder.

— Você veio correndo e acabou tropeçando. Bateu com a cabeça, precisamos ir à enfermaria. — foi o que respondeu Tyler, que olhava para o fim do corredor e toda a sua escuridão. Ele naquele momento estava prometendo a si mesmo que ajudaria a libertar aquele menino e todas as outras crianças de seja lá o que fosse aquilo.

Talvez você pense que essa não devia ser a reação dele, que em seu lugar você gritaria, teria medo, mas tem pessoas que tem em seu instinto a proteção e ver alguém em perigo lhe dá coragem para enfrentar o que for, o altruísmo exagerado que já citei. Não tenho certeza, mas parecia que isso tomou Tyler e agora ele iria em frente com o propósito de descobrir tudo sobre o que viu. Agora, isso não é um conto de fadas, ou seja, não existe uma obrigação do herói sobreviver e viver feliz para sempre. Porém, sejamos positivos.

O rapaz desceu com o aluno novo até a enfermaria e o deixou lá para ser atendido. A questão que rondava sua mente era quem havia os tirado do perigo. Teria sido aquele menino? Claramente Yuri não lembrava de nada que aconteceu, porém, Tyler sim. Ele não estava com medo, então, deixou o colega aos cuidados de uma das enfermeiras e foi à procura de Wendy, que estava próxima a entrada do prédio menor.

— Wendy, preciso falar com você! — falava, quando finalmente a encontrou. A menina estava sentada na escadinha, concentrada, lendo um artigo em seu celular, mas ao ouvir a voz de Tyler, perdeu toda aquela concentração.

— Ty? Por onde andou? Eu também preciso conversar com você. — dizia ela, enquanto Tyler se sentava ao seu lado.

— Eu não vou mentir pra você, eu estou assustado. — o menino segurara seu nervosismo por muito tempo, para que Yuri acreditasse em sua versão, mas dentro de si, o pânico se alastrava e o consumia. Ele chorou, quando a amiga o abraçou inesperadamente. Tyler começou a relatar o que ocorrera com ele e o aluno novo. Depois foi a vez de Wendy externar sua suspeita em relação a Ivena Hausen e as descobertas recentes.

O Fantasma da NorthighOnde histórias criam vida. Descubra agora