Uma Nova Tragédia

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O céu estava totalmente diferente naquele fim de tarde. Tempo claro, limpo e sem nuvens era algo que chegava a assustar os moradores de Northigh. Geralmente, nessa época nossa cidade via chuvas torrenciais caírem ao anoitecer. Algo estava diferente e ficava muito mais interessante com aqueles olhos verdes. Era inevitável não reparar o quanto Karolina Pliskova era linda.

— O senhor pode me ajudar dizendo o que realmente aconteceu, por que estava lá e com quem? — perguntou Pliskova parada a minha frente, aparentemente estava falando há mais tempo, mas eu estava distraído em meus pensamentos, que se resumiam a beleza dela.

— Acho que eu posso. — respondi. Olhava para ela tentando disfarçar a admiração instantânea que senti ao vê-la.

Seus olhos eram estrelas no meio de um tempo tão sombrio que estava a passar. Filosofia vã, deve estar pensando, mas real. Só para lembrar, sou um professor de literatura, uma metáfora aqui ou ali não deve te assustar. Saiba que estou sendo bem simples nas palavras para que não precise haver dificuldades na sua leitura. Eu me importo com você, leitor. O que quero deixar claro é que essa mulher é linda. Não me julgue.

— Eu... Estava disposto a subir e tentar entender o que estava acontecendo e porque alunos relatavam coisas sombrias... — eu iniciei o meu relato, até perceber que ainda estávamos na calçada da minha casa. — Não seria melhor se entrássemos? — indaguei. Ela olhou dentro dos meus olhos com aquele verde brilhante, como estrelas de verdade. Chegava a me invadir como um raio... Tudo bem. Chega de filosofar.

Nós entramos pela porta da frente, depois que prendi minha bicicleta na grade da varanda. Até me preocupei com o que Dona Gertrudes iria falar. Dependendo dela, eu podia sair preso de lá, já que a generosa senhora me culpava por todo vento frio que a atingia. Porém, aquela conversa não podia continuar na rua.

*****

Wendy sentou-se de frente para Ivena naquela sala bem arejada e clara. A menina esperou a professora, que até então estava mexendo em alguns papéis, dar a atenção que esperava. A senhorita Hausen, como o pai, era extremamente organizada, a ordem de suas coisas na sala mostrava que talvez ela fosse até sistemática. Com o tempo que tinha, a aluna observava tudo a sua volta, por fim, analisou os traços da professora, minuciosamente, usava a memória para comparar cada detalhe com o rosto da tal Stacie Harold.

— Então, o que deseja? — repentinamente a professora perguntou, chegando a dar um susto em Wendy.

— É... — Wendy, nervosa, engoliu seco, como se tentando conter a pergunta que faria, mas falhou. — A senhora já ouviu falar em Stacie Harold? — ela perguntou.

A professora arregalou os olhos, aparentemente o nome não parecia ser estranho para ela. Uma pausa silenciosa tomou o lugar. Ivena cerrou os lábios, fechou os olhos, caminhou, dando a volta na mesa e parando ao lado da menina. Depois, deu um sorriso sutil.

— Ora, a verdade é que... — dizia Ivena, quando um dos funcionários da limpeza, abriu a porta bruscamente.

— Senhorita Ivena? — gritou ele. — Uma nova tragédia. — Rapidamente Wendy se colocou de pé e olhou para o homem. Ivena, sem perguntar o que era, nem mesmo se importar de deixar a aluna sozinha na sala, saiu desesperada. Pensou, talvez, que pudesse ser alguém próximo, ou algum professor. Não sei ao certo.

Wendy aproveitou que a professora havia saído e começou a procurar alguma pista ou algo que confirmasse que Ivena era realmente suspeita. Primero abriu alguns armários, olhou entre os arquivos, não tinha tempo de olhar todos aqueles documentos, livros e outras coisas. Sem achar nada, ela seguiu até a mesa e abriu a gaveta embutida, pois a chave estava ali, pronta para ser usada. Ao abrir, a menina assustou-se. Uma pequena pistola prateada com detalhes dourados. A menina fechou rapidamente a gaveta, levou a mão a boca, respirou fundo e então correu dali.

O Fantasma da NorthighOnde histórias criam vida. Descubra agora