Chega de Sangue!

12 2 0
                                    

— O que eu estou fazendo aqui? — despertava Olivia, com um sangramento leve na cabeça e o coração disparado. — Oh, meu Deus! Travor? — chamou abrindo as portas internas do banheiro. — Travor? — Ia de uma a uma, procurando vestígios do primo, que a essa altura também era um amigo.

Ao chegar na última, sentira um calafrio, algo que chegou a arrepiá-la. Ela ouviu o choro de uma criança vindo dali. Teve medo de abrir, mas a esperança de encontrar seu primo era maior. Então, lentamente, fazendo ranger as dobradiças daquela porta, ela a empurrou. Bom, não tinha nada lá. Já estava esperando algo? Eu também esperei quando ouvi o relato de Olivia, mas talvez tinha sido apenas coisa da cabeça da menina.

— Droga! Cadê você, Travor? — ela se perguntou saindo do banheiro, desconfiada, olhando para o local onde antes tinha visto a menina assustadora. Não vira nada além de seu reflexo no espelho.

Ou talvez não vira tão bem, o que apenas o reflexo do espelho podia revelar. Vai saber.

Olivia caminhou até a sala dos professores, vira apenas alguns funcionários a limpar, porém, eu não estava. Agora, mais do que nunca, precisava me encontrar, encontrar alguém que realmente acreditasse nela. Lógico, tudo isso seria uma loucura para qualquer leigo no assunto de Northigh.

Imagine que alguém chega para você, caro leitor, e conte que viu uma criança com um machado na mão, dentro de uma escola vazia, sem alunos, - uma escola que por sinal nem tem crianças (isso que não é bem verdade), no mínimo você duvidaria da sanidade desse alguém. Pelo menos eu, com todo o meu ceticismo, duvidaria.

Ser cético te faz mais despreocupado, porém, te encobre aquilo que não é palpável. Talvez, se for como eu era, você até venha a desistir desse livro aqui mesmo, pois o ceticismo que havia em mim foi por diversas vezes confrontado e intensamente derrotado pelas coisas que chegaram aos meus ouvidos, ou se revelaram aos meus olhos. Porém, ainda havia uma montanha para se escalar nesse aspecto. Apesar de estar perto do ápice dessa montanha, eu jamais imaginaria que eu era alvo de algo ainda mais sombrio e devastador.

Quando Olivia abriu a porta da sala da diretoria, eu e Ivena já não estávamos lá.

Ivena e eu andávamos pelo pátio, medindo ainda os estragos e tentando pensar numa maneira de resolver os enigmas que ainda estavam a ser resolvidos. Quem matou Mary-Anne? E o operário? E quem será o tal homem líder da seita? Oliver Hausen não disse tudo, apenas deixou mais questões abertas, por medo de algo que nós não entendíamos, todavia, logo ficaria mais claro.

— Você acha que será possível voltarmos com tudo ao normal? — perguntou Ivena, colocando lindamente uma mecha do cabelo atrás da orelha. Eu, reparando de novo, graças ao tempo juntos, na beleza dela, demorei um pouco a responder. — Oi? Tudo bem?

— Ah, oi? Não é nada é que... — eu travei, dei uma leve tossida, pigarreei. — Creio que só ficará melhor quando resolvermos os enigmas. O principal deles é saber quem lidera essa seita maligna.

— E colocar os envolvidos nisso atrás das grades. — disse Ivena com firmeza, sem nem mesmo se preocupar com o fato de seu pai ser um desses.

******

Alguns minutos antes, Maya observava a minha casa pelo lado de fora. A essa altura eu não sei o que ela pensava. Será que ela pensava que eu estava envolvido com o desaparecimento do corpo do meu pai, ou com a morte daquele homem que estava na minha antiga casa em Washington no fático dia. Eu entendo que os mistérios que rondam minha família são estranhos. Todavia eu era uma criança, o que eu poderia saber sobre tudo aquilo.

Ela cansou de esperar alguma movimentação ali, até porque eu pedi que Gertrudes não saísse de casa ou abrisse a porta para ninguém. De fato, ela o fez. Maya partiu dali e decidiu ir em direção à escola para lá poder mais uma vez me interrogar, ou sei lá, juro que não entendia bem as motivações dela.

O Fantasma da NorthighOnde histórias criam vida. Descubra agora