Almost There

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Quase Lá

O SOL NASCERA há pouquíssimo tempo e Juvia Lockser já pedalava sua bicicleta velha pela cidade carregando uma cesta cheia de doces e pacotes com roupas lavadas e engomadas enquanto ouvia a música do Maui de Moana – mais uma vez –.
As poucas pessoas que estava na rua aquele horário se cutucavam para ver a famosa Pow Blue Girl, a garota que salvou um garoto da morte, ganhou uma bolsa de estudos na melhor escola do país, bateu num dos F4 e de alguma forma começou um relacionamento com ele. Basicamente, a Mulher Maravilha de Fiore.
Por ser 4:40 da manhã, nossa querida protagonista de cabelos chamativos tinha uma feição cansada. Havia saído mais cedo para fazer entregas extras e conseguir um dinheiro à mais pra família. Sua mãe e sua avó não tinha lhe contado por que diabos tinham cobradores na sua casa, porém durante a madrugada Mizu foi chorando pro quarto da irmã mais velha falando que ouviu que elas poderiam perder a casa. Aquilo foi o bastante para a garota decidir que precisava dobrar seu esforço diário e ainda arrumar um emprego.
Decidiu que faria mais doces para vender e lavaria roupas de madrugada para conseguir ajudar sua família. Começou a sair bem mais cedo de casa para realizar as entregar enquanto aproveitava para procurar um trabalho pelas redondezas.
Passou de bicicleta pela praia pra ver se não havia alguma competição que ela pudesse participar nadando ou qualquer outra coisa, mas não conseguiu encontrar nada.
Assim que chegou na escola às 07:00h, bebeu água antes de se engasgar com o que via pelo local: Um grande cartaz com uma foto sua e de Gray, além de diversos alunos usando bottons do casal. Engoliu em seco e recebeu os cumprimentos daqueles que antes lhe ignoravam.
– Juvia-chan, poderia tirar uma foto com a gente? – um grupo de estudantes perguntou mas nem deu tempo pra azulada responder e já bateram a foto.
– Ai, que falsos. –  disse. – Eu, hein? – passou pelo corredor rapidamente. A primeira aula seria de geografia e precisaria de esforço para se manter acordada.
Antes que terminasse de pegar seus livros no armário, recebeu um sorriso animado do seu "namorado".
– Bom dia! – ele a cumprimentou, empolgado como uma criancinha.
Juvia sorriu de lado com a fofura do rapaz e coçou um olho, lhe dando um "bom dia" preguiçosos e se virando de volta pro armário.
– Juviaaaaa!
– Oi. – bocejou.
– Você não vai dar um beijinho no seu namorado? – falou pra que só ela pudesse ouvir.
– Tem gente olhando. – respondeu sem lhe dar atenção.
– Ah, mas não é problema. – disse em tom de suplica e segurou as bochechas da Lockser, lhe dando três selinhos.
Eles ouviram gritinhos de alguns alunos (uns de raiva e outros de euforia) e Juvia deu um soquinho no moreno, colocando a mão no próprio rosto corado.
– Você tá louco?
– Por você.
Ela sentiu como se tivesse perdido o ar, mas conseguiu respirar fundo e segurar uma risada.
– Você é inacreditável.
– É uma das coisas que você adora em mim.
– Palhaço. – exibiu os dentes num sorriso e o Fullbuster sabia que tinha ganhado seu dia. – Te vejo no intervalo. – deu um beijo na bochecha dele e foi pra sala de aula.
***
– Se quiser dormir, eu te passo as anotações depois. – disse Lucy ao ver o estado da azulada. Já faziam duas semanas que ela ficava quase dormindo nas aulas, além de trabalhar até tarde da noite. Acabaria desmaiando de cansaço qualquer dia.
– Estou bem! – respondeu, mas obviamente não era verdade. Deu um gole na sua garrafinha. 
– O que você tanto toma aí?
– Nada de mais.
– Me dá um pouco, então.
– Ai, tudo bem, é energético. Eu estou trabalhando um pouco mais esses dias, mas não é nada pra se preocupar.
– Juvia! Você precisa dormir! – falou baixo, em seguida: – Sua família está com problemas?
– Eu não sei ao certo, mas talvez nós tenhamos que sair da casa, sei lá.
– Mas a casa não era própria dos seus avós?
– Isso que eu não tô entendendo também. Mas, de qualquer forma, tenho que me esforçar. – tomou outro gole do líquido.
Lucy lhe olhou tristemente e o professor de geografia, Gildarts, as mandou calar a boca.
– Tudo bem, eu não brigo mais com você, mas vai ter que me deixar te ajudar. – a loira pronunciou as palavras e se virou para o professor.
***
– Eu disse que não precisava vir comigo, Gray. – a Pow Blue Girl disse. Estava indo buscar Mizu na escola quando o moreno insistiu que iria levar as duas de carro pra casa. Como a escola ficava no topo de uma ladeira, o acesso de carros era difícil. Os dois tiveram que subir a rua toda. Dramático do jeito que era, o Fullbuster ficou insistindo que morreria em qualquer instante.
– E que tipo de namorado eu seria se deixasse você voltar pra casa sozinha? – se exibiu, assim que pararam na frente da escola.
– Não se esqueça que você não é meu namorado. – provocou, procurando sua irmã com o olhar no meio da multidão de crianças. – Não houve pedido nenhum.
– E se eu pedir agora?
– Faça sua tentativa. – debochou e soltou uma risadinha. Amava perturbar o garoto.
Ele segurou as mãos da garota, encostou suas testas e começou a falar.
– Você quer na...
– Nee-chan! –  Mizu chegou e interrompeu o momento. – Gray-kun!
– Mizu! – Gray abraçou a garotinha.
– Por que você abraça ele e eu não?
– Porque eu vejo a nee-chan todo dia! – respondeu com um biquinho.
– Ela me trata melhor que você, Juvia.
– Não é verdade!
– Mizu só não casa com Gray-kun porque o Gray-kun é namorado da Nee-chan!
– Mizu sabe das coisas! – o moreno disse e a azulada sorriu, balançando a cabeça.
– Tudo bem, tudo bem, mas agora é hora de ir pra casa. – colocou a mochilinha da menina nas costas. – Ah, sim, você já agradeceu ao Gray por essa mochila?
– Obrigada, Gray-kun. – a menininha sorriu e fez uma reverência.
– Não, não, não! Não me agradeça. Nós somos amigos, amigos se presenteiam! Quer ir nas minhas costas?
– Sim, sim! IUPIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! – se animou, sendo colocada nos ombros pelo moreno.
– Então você só tava fazendo drama enquanto subia na ladeira? – Juvia apertou os olhos, o olhando em forma de julgamento.
Gray fez um biquinho e deu um selinho em Juvia antes de correr, causando gargalhadas gostosas de Mizu.
– Ei!
No carro, a irmã da nossa protagonista azulada não parava de falar. Em contra partida, a garota mais velha dormia profundamente. Parecia que todo o sono que ela tinha se privado chegou de uma vez.
– Ei, Juvia... – Gray chamou baixinho, fazendo carinho na cabeleira azul da amada. – Mizu realmente precisa ir ao banheiro, já é o terceiro pum que ela solta aqui, vamos acabar morrendo.
Juvia riu.
– Desculpa. Eu dormi e nem percebi. – tirou o cinto e abriu a porta do carro.
– Você não está dormindo direito, não é? Você tá chegando na escola cansada e só te vejo trabalhando sem parar na lavanderia. Tem alguma coisa acontecendo? Tem a ver com aqueles caras que vimos naquele dia? – seu tom de voz era preocupado. – Qualquer problema que você tiver é meu problema. Eu posso te ajudar no que for. – segurou as mãos da Lockser.
– Eu sei, Gray. Obrigada. Mas está tudo certo, não tem nada de errado, ok? Só preciso me esforçar mais em casa. – viu que Mizu se aproximava dos dois. – Muito obrigada por ter nos trazido aqui.
– Obrigada, Gray-kun!
– Isso não foi nada. – sorriu e Juvia pensou que ele facilmente poderia ser alguém da realeza. – Da próxima vez nós vamos andar de cavalo até um castelo, que tal?
– Mizu pode ser a princesa?
– Você já é uma! – apertou a bochechinha fofa dela, arrancando uma risada.
A criança entrou em casa saltitando de alegria.
– Até um castelo, é?
– Sim, e eu seria o príncipe encantado. Combina, não é? – falou, colocando as mãos na cintura da Lockser.
– Não sei. – depositou um beijo na ponta do nariz dele. –  Eu queria ser o carrasco pra matar quem eu quisesse.
– Até o príncipe? – sorriu, aproximando seus rostos.
– Ele já está na minha mira. – passou a língua pelos próprios lábios.
– Ah, é? – fechou os olhos, sentindo a respiração da Lockser bater contra sua boca.
– É. – roçou seus narizes.
Gray acabou com a distância e iniciou um beijo. Era engraçado como cada beijo com a garota conseguia ser diferente. Não era só uma troca de salivas. Cada toque causava-lhe empolgação, ansiedade, paixão. Para Juvia não era muito diferente. Ela estava cada vez mais apaixonada por ele.
Uma tosse forçada fez com que os dois se separassem numa velocidade incrível.
– Filha? – era a Sra. Lockser.
– Mãe. – respondeu, envergonhada.
– Que demora foi essa? – sua expressão era rígida.
– Me desculpe, senhora, a culpa foi totalmente minha. Eu que insisti em buscar a Mizu com ela e as trazer de carro. – o Fullbuster se pronunciou.
– Eu não lhe disse que não queria que você passasse do horário, menina? – brigou. – A última vez que vocês dois saíram juntos, você acabaram num SEQUESTRO. Por mais que eu tenha respeito por você, senhor Fullbuster, eu não quero vocês andando juntos por aí. Não viram no noticiário que a louca que os prendeu conseguiu fugir?
O casal se entreolhou, preocupado.
– Mas, mãe...
– Não quero saber de "mas". Entra logo em casa, vou falar com ele sozinha.
Juvia apertou as mãos do rapaz e deu um sorriso caloroso antes de entrar em casa.
– Senhora, eu prometo que nada de mal vai acontecer com sua filha quando estiver comigo de novo.
– Eu sou mãe, Gray. Eu me preocupo. E porque tenho essas preocupações que toda mãe tem, eu preciso protegê-la como posso. – foi direto ao ponto. –  Por favor, não volte a vê-la. – girou os calcanhares e entrou dentro de casa.
***
O nosso co-protagonista chegou em casa em total silêncio. Estava tão mexido pelas palavras que tinha ouvido que sua cabeça não conseguia pensar em outra coisa.
Por que a vida era tão injusta? Demorou tanto pra conseguir ficar com aquela garota e agora que finalmente estava tudo dando certo, algo acontecia.
– E aí, Gray. – Jellal passou, usando só um roupão de banho.
– Cara, cê tá andando pelado pela minha casa de novo?
– Em minha defesa, estou usando toalha. – sentou-se no sofá ao lado do líder. – Que aconteceu? Está apreensivo?
– Eu... bom... alguma coisa aconteceu com a família da Juvia e eu estou preocupado. Ela está trabalhando demais e alguns dias atrás eu vi alguns cobradores na casa dela. – seu tom de voz era triste.
– Não é só isso, não é?
– A mãe dela nos proibiu de nos ver. Quer dizer, é óbvio que vamos nos ver na escola, mas ela esclareceu o quanto acha que nossa relação é perigosa e no fundo eu não a culpo. É normal uma mãe se preocupar com os filhos. – respirou fundo. – Eu não sei o que fazer. Minha cabeça tá uma bagunça.
– Eu vou falar com a Erza para ver se ela pensa em alguma coisa. Você sabe, ela é cheia de planos.
– Sim, onde ela está?
– No banho. – abriu um sorriso maliciosos e o moreno jogou um travesseiro no Fernandes para que ele fosse embora.
Mika havia ouvido tudo e demorou mais alguns segundos pra que tivesse coragem de falar alguma coisa.
– Gray. – reconheceu a voz de sua mãe.
– O que é? – foi grosso.
– E-Eu estava passando e não pude deixar de ouvir sua conversa com o Jellal.
– Deu pra ouvir a conversa dos outros agora? – foi irônico. –  Desde quando você se importa com o que eu faço ou deixo de fazer?
– Como você mesmo disse, é normal uma mãe se preocupar com o filho.
– Agora que você diz isso. – soltou uma risada nasal. – Era isso? Já pode ir, não acha.
– Gray, você não sabe, mas eu realmente gosto muito da Juvia e apoio o relacionamento de vocês dois. Eu sei o quanto ela te faz bem e não me importo de ajudar.
– Hum. – deu de ombros. – E supondo que eu lhe escute, aonde você quer chegar?
– Eu posso descobrir qual o problema financeiro que a família dela está tendo e pagar.
– Juvia nunca aceitaria. Ela é teimosa. – mordeu os próprios lábios.
– Então podíamos tentar outra forma. Somos influência nacional então poderíamos divulgar o local?
Gray pareceu pensativo.
– Não é uma má ideia. – Erza desceu os degraus da escada usando um roupão de banho. – Poderíamos usar a fama do F4 pra isso. Usar vocês para atrair clientes. Sei lá, dar um abraço na clientela, foto, algo assim.
– Mesmo assim... não acho que a mãe da Juvia vai aceitar tão facilmente.
Mika abriu um sorriso.
– Eu vou conversar com ela. De mãe pra mãe.
***
– E foi assim que eu conheci meu quinto namorado. – tagarelava a Vovó Lockser.
– Não sei, a parte que você saltou de um avião em movimento me pareceu falsa. – disse a azulada.
– Ora, é claro que é verdade! – a senhorinha pareceu ofendida.
– Juvia, pode ficar de olhos nos biscoitos do forno para mim, por favor? – a mãe da garota pediu.
– Claro, mãe.
Antes que Juvia pudesse fazer alguma coisa, uma multidão se alastrou na porta do estabelecimento.
– Mas o que é isso? – se perguntou.
A porta foi aberta por Mika Fullbuster.
– Sra. Fullbuster? O que faz aqui?
– Viemos ajudar, querida.
– Sim! – Lucy apareceu, sorridente. – Nunca iríamos te deixar na mão, amiga.
– O F4 sempre ajuda um companheiro. – Lyon deu um sorriso.
– Ainda mais se for a crush do nosso líder. – Jellal debochou.
– A minha namorada! – Gray disse.
– Cara, vocês realmente não precisavam vir aqui. – a Lockser falou. – Vocês não têm obrigação nenhuma comigo.
– Isso não é nada! – disse Erza. – Nós casualmente publicamos nas nossas redes sociais que estaríamos aqui hoje.
– E eu ajudei a divulgar no meu canal. – Meredy finalmente entrou no local.
– Meredy! – Juvia ficou boquiaberta. Meredy era sua youtuber favorita.
– Oi, Juvia! Lyon me contou que você é uma grande amiga. É um prazer te conhecer.
– O que está acontecendo aqui? – Sra. Lockser saiu da cozinha. – Gray Fullbuster? Não tínhamos conversado antes?
– Eu sei, eu sei. Mas, com todo respeito, a senhora não pode me impedir de tentar ajudar vocês. – Gray começou a falar. –  Eu realmente gosto muito da sua filha. – sorriu pra azulada. –  Todos aqui gostamos muito dela. Estamos aqui para trabalhar.
– Não posso aceitar isso. – balançou a cabeça. – De jeito nenhum.
– Com licença. – Mika se pronunciou. – Acredito que seja hora de nós duas conversarmos.
***
– Sra. Lockser, eu sei que não fomos cordialmente apresentadas, mas é um prazer estar aqui.
– É um prazer para mim também. – a mãe de Juvia deu um sorriso educado.
– Bom, não vou demorar no assunto: não sei se você percebeu, mas Juvia tem saído de casa de madrugada para trabalhar e sobrevivido à base de energéticos para tentar conseguir dinheiro para ajudar no problema financeiro de vocês.
Sra. Lockser ficou boquiaberta.
– Ela o quê?
– É por isso que eu vim aqui hoje. – tinha uma feição séria. – Eu mandei alguns funcionários pesquisarem e já sei do que se trata sua dívida.
– V-Você descobriu?
– Sim. Seu pai bebia muito, não é mesmo?
– Tem razão. Há anos atrás, quando era vivo, durante uma bebedeira, acabou apostando esse estabelecimento. Não sabíamos de nada até poucos meses atrás e descobrimos que as dívidas são tão grandes que vão nos tomar esse lugar.
– Eu vim aqui para lhe dar a quantia. Dinheiro não é problema.
Sra. Lockser se levantou.
– Eu não vou aceitar, me desculpe. Não posso aceitar dinheiro assim de uma desconhecida.
A expressão séria de mulher de negócios saiu do rosto de Mika.
– Eu imaginava. – deu um sorriso de lado. – Tal mãe, tal filha. Podia imaginar que a teimosia era de sangue. É por isso que eu trouxe aquele tanto de jovens aqui hoje. Todos estão aqui para trabalhar pra você. Divulgamos em todos os lugares e já tinha uma fila enorme se formando lá fora. Se você não quer que eu pague, tudo bem. Mas permita que eles trabalhem aqui.
– Tudo bem. – sorriu e Mika pôde enxergar o quanto sua filha era parecida com ela. – Muito obrigada por nos ajudar. Estou muito grata.
– Tem mais uma coisa que eu gostaria de falar antes de irmos embora.
– O que seria?
– Eu vou confessar para a senhora que eu nunca fui uma mãe muito presente. Eu nunca dei atenção aos meus filhos, só trabalhava, trabalhava, trabalhava. Eu não sabia se estavam bem ou não. – respirou fundo. – Eu errei em diversas coisas e hoje em dia estou tentando consertá-las. Eu quero muito me reconciliar com meu filho e uma coisa que todos temos certeza é o que ele sente pela sua filha.
– Eu sei. – concordou.
– Eu particularmente adoro a Juvia. Eu a convidei para entrar na Fairy Tail porque eu vi potencial nela. Eu sabia o quão forte ela poderia ser.
– E onde você está querendo chegar?
– Eu passei anos na minha vida ignorando totalmente os desejos de meus filhos e estou onde estou agora. Eles me odeiam e eu estou tentando recuperar o tempo que eu perdi. Sabe, não podemos privar nossos filhos de sentir o que sentem. O que Juvia e Gray têm um por outro é lindo. Os dois se completam, são o total oposto um do outro e se gostam bastante. Nunca se sentiu assim com alguém?
Sra. Lockser engoliu em seco, lembrando do seu falecido marido.
– Sim, eu senti. O pai de Juvia e Mizu foi um grande homem. Ele sem dúvidas foi o grande amor da minha vida. Eu o amei por anos e continuo o amando mesmo depois do seu falecimento. – o assunto era delicado e lhe dava um nó na garganta. – Eu sei que o que nossos filhos sentem é bom e eu não teria problema nenhum com isso, mas você é mãe e entende que sempre queremos nossos filhos seguros. Minha Juvia foi sequestrada na companhia do seu filho e a louca está à solta! Eu não posso permitir que os dois fiquem juntos. Pelo bem dos dois.
– Não devia caber a nós essa decisão. Você sabe que se eles quiserem se ver, eles irão sem se importar com o que nós dizemos. A única coisa que podemos escolher é entre apoiar ou não a felicidade de ambos. – colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Me desculpe tocar nesse assunto, mas Juvia passou parte de sua vida sem o pai. Se sua mãe não lhe apoiar no que ama, você não acha que ela vai se sentir mal?
– Eu...
– Eu não vou mais tomar o seu tempo, senhora. Só lhe peço que faça o que achar melhor, tudo bem?
***
– Esse é o milésimo abraço que já dou hoje. – Natsu choramingou no braço da namorada.
– Ainda tem umas 200 pessoas lá fora, mas a Vovó me mandou dizer que já está na hora de fechar. – Meredy falou. – Eu pedi para falarem bem daqui e voltarem amanhã.
– Ufa, ainda bem que acabou! Estou exausta de tanto anotar pedidos. – Lucy falou.
– Vocês cansam muito rápido. – Erza falou. – Poderia cozinhar mil bolos e continuaria bem.
– Eu imagino que sim. – Lyon concordou, segurando seu violino. – Toquei tantas músicas que parece que fiz uma turnê.
– Eu só quero tomar um banho e dormir! – Gray choramingou.
– Ai, você é um bebê? – Juvia riu.
– Seu bebê. – fez um biquinho.
– Vocês estão nessa fase? – Jellal zombou.
– Ah, o amor... – Vovó Lockser começou a contar uma de suas histórias mas ninguém prestou atenção.
– Iti, ele é o bebê da Juvia! – Natsu deu uma gargalhada.
– Ei, parem com isso! – Gray reclamou. – Juvia, me defende!
– Foi você quem disse! Nem me meta nessa! – riu.
– Bom, acho que tá na nossa hora. – Meredy falou.
Sra. Lockser saiu da cozinha com várias cestinhas.
– Antes de irem, deixem-me agradecer. – fez uma reverência. – Obrigada por virem hoje aqui mesmo não tendo obrigação nenhuma conosco. Fiz alguns bolinhos para vocês levarem pra casa.
– Muito obrigada, pessoal! – Juvia fez uma reverência também. – Isso significou muito para nós.
– Que nada, faríamos tudo de novo por você, Juvia! – Erza disse e todos concordaram, pegando seus pertences e os bolinhos e se direcionando à saída.
– Obrigado por ter nos deixado ajudar aqui hoje, senhora Lockser. – Gray falava. – E me desculpe por não ter feito o que me disse.
– Não, está tudo bem. – a mulher sorriu. – À propósito, não quer ficar para jantar?
O moreno ficou surpreso.
– Como?
– Você pode ficar para jantar aqui hoje. Você merece. Pode até dormir aqui, se quiser. Tem algumas roupas do meu falecido marido no armário, então você pode tomar um banho.
– Sério mesmo? – ele sorriu como uma criancinha.
– Sim. – disse e sorriu pra filha. – Vou lá pra dentro preparar um jantar. Por enquanto, descansem um pouco.
– Obrigada, mãe. – sorriu.
– Obrigado, sogrinha!
– Mas você é abusado, hein! –  a azulada riu.
– Não sou abusado, sou um bebê!
– O meu bebê.
– Então você admite?
– Talvez.
– O bebê quer beijinho! – apontou para o bico que tinha nos lábios.
Juvia lhe deu uma sequência de beijinhos.
– Assim tá bom?
– Mais um pouquinho! – a abraçou, beijando a testa dela.
***
– Tomou um banho bom, Gray-san? – a Sra. Lockser perguntou assim que viu o moreno sair do banheiro, secando os cabelos.
– Tomei sim, obrigado por perguntar. – sorriu. – Obrigado pelas roupas, serviram bem. – se referiu aos trajes que antes pertenceram ao pai de sua namorada. – E obrigado pelo jantar, estava uma delícia.
– Não foi nada. Ah, Juvia está colocando Mizu pra dormir no quarto dela e da minha mãe. Fica lá nos fundos.
– Oh, obrigado. – agradeceu.
– E tomem juízo essa noite. Não façam nenhuma besteira. – disse e entrou no seu próprio quarto.
Envergonhado e com o rosto queimando, o moreno seguiu o caminho para onde as garotas estavam.
– Ei. – disse assim que encontrou-a.
– Ei. – ela respondeu, desviando o olhar da irmã para olhá-lo. – Você está bonito. – ela sussurrou para que só ele pudesse ouvir.
– V-Você acha? – sussurrou de volta, tímido. A garota assentiu. – Ela já dormiu?
– Já sim, podemos ir agora. Vamos.
– Não façam nada que eu não faria! – a voz da Vovó Lockser foi ouvida e ambos ficaram super vermelhos.
Juvia fechou a porta do seu quarto assim que entraram.
– Já que você vai passar a noite aqui, eu quero te mostrar algo. – a azulada disse, retirando a camisa.
– J-J-Juvia? O-Oquê? Sua mãe ainda deve estar acordada!
– Do que está falando? – riu, vestindo um blusão. – Você tá com uma mente muito podre, hein?
– Bom, não fui eu quem tirei a camisa do nada! – se defendeu.
– Você já me viu de biquini, sutiã é praticamente a mesma coisa. – deu de ombros. – Além do mais, eu estou vendo esses botões abertos aí! – apontou pra camisa que o rapaz usava.
– Você disse que eu estava bonito.
– E infelizmente está mesmo. – estendeu a mão pra ele. – Vem cá. Eu vou te mostrar o que eu queria dizer. – abriu a janela do quarto e saiu por ela. – Me segue.
O moreno assim o fez e subiu no telhado com a garota.
Eles se acomodaram por lá e começaram a olhar as estrelas.
– Quando eu era criança, meu pai uma vez me disse que quando alguém morre, ele vira uma estrela. – sua voz tinha começado a ficar embargada. – E é estranho que toda vez que eu venho aqui, eu me sinto mais próxima dele, sabe? – algumas lágrimas começaram a cair e Gray tratou de enxugá-las logo. – Me desculpa, é que essas roupas que você está usando têm o cheiro dele e eu não consigo não lembrar. – foi abraçada. – Você gosta de ver as estrelas? – disse, contra o pescoço do moreno.
– Posso confessar algo?
– Claro que pode.
– Antes... antes de nós começarmos a ficar, quando eu só gostava de você, eu gostava de admirar as estrelas e me perguntava se um dia eu ia estar perto de você, sei lá. – deu um sorriso triste. – Você era como um astro pra mim, uma estrela distante que eu não conseguia alcançar. Eu sei que eu falo isso muitas vezes mas eu realmente amo você. – beijou o topo da cabeça da azulada. – Obrigado por estar aqui comigo.
Juvia se soltou um pouco do abraço e o beijou. Quando se separaram, ela o olhou nos olhos.
– Gray, você quer ser oficialmente meu namorado? – sorriu.
– Eu preciso mesmo responder? – riu e tomou os lábios da garota para si.
***
– Tchau, namorado. – Juvia deu um selinho no Fullbuster. – Tenha uma boa viagem.
– Eu só estou indo pra casa. Não vai acontecer nada demais comigo. – riu.
– Eu sei, mas eu já estou sentindo sua falta.
– Eu te amo, ok? – deu-lhe um beijo. – Vou ficar muuuuuuito bem. – segurou a namorada pela nuca e selou seus lábios.
Se despediram e ele entrou no carro.
Passados algum tempo, ele percebeu que havia um carro em alta velocidade lhe seguindo.
– O que está acontecendo? – perguntou ao motorista, olhando pela janela, estranhando a situação.
Minutos depois, Jellal chegou a Lavanderia Lockser com uma feição acabada.
– Jellal? O que aconteceu?
– Juvia, o Gray... ele sofreu um acidente.

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