Alguns Quilómetros

Capítulo 58

Eu estava tão feliz com a vida que levava, o que faltava estar perfeito era o fato dos meus pais, mas um dia iria encaixar nos trilhos.

– Cheguei, família. -A Rebeca chegou gritando aos ventos.- Oi, prima. -Ela ficou sem graça ao me ver.

Bia: E aí, Beca. Tudo bem?

Beca: Sim. Oi, prazer. -Acenou para Hugo.

Hugo: E aí. -Ele acenou de volta.

Beca: Água tá boa?

Bia: Uma delícia, vem cá.

Beca: Daqui a pouco.

REBECA.
A minha vida ia do céu ao inferno e eu ainda não havia acostumado com essa inconstância. Desde quando descobri quem é o meu pai eu vivia na função de livrá-lo desse mundo maldoso e das drogas. A minha mãe faleceu quando eu era mais nova, por isso moro com minha avó. Faz alguns meses que fui descobrir quem era o meu pai a partir de várias fotos e exames antigos e achei. Ele me abandonava, depois aparecia dizendo que precisava de dinheiro e então veio à notícia de que o meu pai havia falecido. Eu não fiquei sabendo muito, foram meses corridos. Eu mal conhecia-o e acordo com a notícia de que morreu. Imagina só a minha mente e o pior, passar por isso sozinha, porque a minha família materna não sabia que eu havia encontrado-o. Foi nesse turbilhão de coisas que o Ricardo apareceu, ele é completamente o meu oposto. Se não der certo, dá muito errado. Vivemos nas sombras há 6 meses e eu penso cada dia na possibilidade de apresentá-lo para a minha família, mas eu não quero que ele descubra o meu lado obscuro de vida sabe?! Se bem que esse lado nem a minha família conhecia, mas eu não me sentiria bem me relacionando com alguém que não sabe de tudo que passei.

Bia: Tá pensativa. -Sentou ao meu lado.

Beca: Que nada. -Eu falei, depois de reler pela milésima vez a mensagem que o Ricardo me mandou na noite passada.

Bia: Você tá sempre pensativa, Beca, não quer conversar?

Beca: Você me chamando pra conversar? -Ri no deboche.

Bia: Meu Deus, eu não posso nem ser ao menos um pouco amigável que você acha que tô na maldade.

Beca: Desculpa, mas não, não quero.

Bia: Tudo bem.

Beca: Espera aí, só uma coisa.

Bia: Fala.

Beca: O que você me conta sobre aquele seu amigo... Ricardo o nome.

Bia: Por que você não fala de uma vez que vocês estão ficando? -Caralho, fodeu muito.

Beca: Como você sabe disso? -Falei nervosa.

Bia: Ele me contou, relaxa que ninguém sabe. -Suspirei.- Só não faça mal à ele.

Beca: Por que diz isso?

Bia: Por que você esconde isso de todo mundo?

Beca: Você não entenderia e eu nem quero falar.

Bia: Tudo bem. -Revirou os olhos.- Se algum dia estiver disposta.

Beca: Valeu.

Ela levantou dali e foi para perto do namorado. Eu fiquei viajando em como os dois se davam bem e por alguns segundos desejei isso. Não que eu invejasse, só queria sentir o sabor de uma vida a dois tão suave.

—Mensagem.
Ricardo: Beleza se você não quer, Beca, eu te respeito e sabe disso, só não vou tolerar pra sempre, então eu acho melhor cada um seguir o rumo e pode pá. (00:45)
Beca: Ricardo.
Beca: Tá aí?
Ricardo: Tô sim.
Beca: Quer conversar?
Ricardo: Você quer?
Beca: Sim, por favor.
Ricardo: Beleza então.
Ricardo: Pode falar.
Beca: Pode ser pessoalmente?
Ricardo: Onde?
Beca: Não sei, vem aqui?
Ricardo: O que tá pegando?
Beca: Só vem, te mando a localização.
Ricardo: Beleza. Daqui 30 minutos saio.
Beca: Tá.