Capítulo 18

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Assim que fechei a porta, a realidade do que estava acontecendo caiu como uma bomba na minha cabeça. Eu era a única errada nisso tudo, eu tinha um namorado em casa e foi eu que se apaixonou por outra pessoa. Outra pessoa que estava nesse momento surtando no quarto ao lado.

Fui até o bar e me servi da primeira coisa que alcancei com a mão.

- Quer? - Perguntei pra David que estava parado olhando pela janela do quarto. Por um segundo, fantasiei com Alec pulando o muro que separava as varandas. - David?

- Oi. - Ele balançou a cabeça como se estivesse se livrando de um sonho ruim.

- Quer tomar alguma coisa?

- Por favor, sinto que vou precisar.

Servi uma dose de whisky pra ele também. Entreguei o copo pra ele e tomei cuidado pra não tocar os dedos dele, não queria ver ele se encolhendo com meu toque. Isso iria acabar comigo.

- Vamos nos sentar.

- Claro. - Ele respondeu suavemente.

Era tudo muito educado, agora a gente podia sentar e conversar sobre o tempo. Essa calmaria era muito pior do que a raiva. Se ele estivesse gritando comigo, eu ia gritar de volta e com isso eu saberia lidar. Mas isso? Era uma mágoa tão grande que me deixava sem palavras.

Tomei mais um gole, sentindo minha garganta arder.

- Sabe quando eu percebi que algo estava errado? - Eu não me atrevi a dizer nada. - Acho que com uns três dias que você estava aqui, não quis acreditar, me convenci que era culpa da minha insegurança. Mas aqui estamos nós. - Ele tomou um grande gole.

- Eu não queria que nada disso acontecesse. Eu lutei muito, sofri demais.

- Então, vocês já estão fodendo a quanto tempo? - O tom de David mudou tão dramaticamente que me arrependi de ter pensado que a raica era melhor. Eu me encolhi.

- Não é assim...

- Ahh, então vocês não estão fodendo ainda? Só uns amassos no elevador, então?

- David, você não pode falar assim comigo. - Eu jamais iria admitir pra ele que estava com Alec, isso não era da conta dele, mas não ia negar meu amor caso ele perguntasse.

- Ah claro desculpa. Você merece todo o meu respeito.

- Eu sei que você está com raiva...

- Eu não tô com raiva - Ele ficou de pé - Eu tô furioso. - Foi até o bar e serviu mais uma dose. Suspirei e fiquei onde estava. - Eu cheguei aqui hoje e tive que subornar uma recepcionista pra ela me dizer em que quarto você estava, porque obviamente você não está onde deveria estar.

Se ele conseguiu subir até aqui dessa forma, outras pessoas também pode conseguir. O medo das ameaças que Alec vinha sofrendo me paralisaram por alguns segundos. Mas uma alegria repentina e totalmente fora de contexto inundou meu peito em seguida. Eu ia me mudar para o apartamento de Alec sem medo.

- David, eu te amo, sempre vou amar. - Fiz uma pausa tentando achar as palavras certas.

- Mas... - Ele instigou quando parei de falar - Você não está apaixonada por mim. - Completou.

- Não. Eu não estou.

- Acha que alguma vez esteve? - Ele perguntou baixo.

- Claro que sim.

- Eu não acredito. - David suspirou e sentou novamente ao meu lado. - Acho que nunca acreditei nisso. Sempre achei que a paixão que eu sentia por você era o suficiente. Mas o que vi no elevador, vocês dois juntos... Cinco segundos, foi o que precisei. Vocês nem estavam se tocando, Laura. O olhar em seu rosto? Nunca vi nada nem parecido por mim.

Por Trás do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora