Acordei lentamente e me espreguicei, por cinco segundos estava tudo bem. Aí me lembrei da noite anterior, me sentei na cama, nem sinal de Alec. Eu tinha um vôo as dez da manhã. Levantei e corri pro banheiro. Tinha deixado meu celular na noite anterior no escritório de Aaron, precisava ir pegar e descobrir que horas eram e pegar um avião. Estava tentando não pensar em nada que me fizesse chorar. Então, comecei a repassar as falas de Catarina na minha cabeça. Ouvi a porta do quarto abrindo e fechando, dei um suspiro. Não ia conseguir lidar com isso e me trancar no banheiro parecia uma boa ideia. Mas respirei fundo e voltei pro quarto.
Alec estava deitado na cama, de barriga pra cima, as mãos cruzadas em baixo da cabeça, ele parecia estar muito relaxado. Se não fosse pelo maxilar apertado e os olhos virados pro teto. Normalmente eles me seguiam por todos os lugares. Mas quer saber? Ele não podia ficar bravo. Eu sim.
- Vai ficar aí parada me olhando? - A voz dele era dura. Irritada. Percebi que estava parada na porta do banheiro por vários segundos.
- Preciso do meu celular. - Reagi e andei até a saída.
- Eu peguei pra você. - Me virei, Alec ainda não havia se mexido.
- Onde está?
- Aqui. - Ele se virou e abriu a gaveta na mesinha de cabeceira e tirou meu telefone de lá, colocou em cima da barriga dele, deixando claro que eu teria que ir pegar, só nos sonhos dele. - Não quero que você perca seu vôo. - A voz carregada de ironia, me encolhi um pouco. Nunca vi ele falando assim.
- Mexeu no meu celular? – Ele não respondeu - Alec, eu vou voltar pra New York.
- Acho que não.
- Você não pode me impedir. - Ele gargalhou.
- Pensei que depois de tudo, você me conheceria melhor.
- Você vai me prender aqui? – Perguntei debochada, ele só podia estar brincando comigo.
- Na verdade, Laura, eu até faria isso se já não fosse mais de nove da manhã. Você já perdeu o vôo.
- Merda. – Mas tinha outros voos que eu poderia pegar durante o dia.
- Pra você, realmente deve ser uma merda. Pra mim? Nem tanto.
Eu fiquei lá olhando pra ele, igual uma idiota. Ele sentou na cama e esfregou o rosto com as mãos. Ele xingou baixinho e gemeu. Alec não estava tão indiferente como queria transparecer.
Essa nossa discussão era idiota. Mas eu ainda gostaria de um pouco de espaço. Depois de tudo o que senti na noite anterior, com certeza não estava preparada pra ter um relacionamento com ele. Iria surtar todas as vezes que encontrasse com uma ex dele? Isso não era saudável.
Hora de ser adulta.
- Eu acho que alguns dias longe vai ser bom pra gente. - Ele me olhou como se eu fosse louca. Eu mesma estava me achando um pouco doida. - Porque o que aconteceu ontem, nunca aconteceu comigo. Esses ciúmes e essa insegurança.
- Laura, você não precisa ficar insegura comigo. Sabe quanto tempo eu fiquei sozinho? Seis meses. Desde o dia em que eu te vi no estúdio, cortei todas as ligações com qualquer mulher. Porque estava esperando, você nem sabia que eu existia e eu já estava obcecado. - Revirei os olhos, claro que eu sabia que ele existia, mas entendi o que ele quis dizer. - Nancy? Já tinha um ano que a gente nem se via. Ela veio aqui ontem me dizer que está apaixonada pelo meu tio Nikolas. Bem, foi mais que isso, mas depois conto os detalhes.
Acreditava nele.
- Não sei o que você pensa que viu, Laura. - Ele continuou quando não disse nada. - Mas está enganada. Não aconteceu nada.
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Por Trás do Seu Sorriso
Chick-LitLaura Lessa consegue sua grande chance para atuar no cinema, mas assim que conhece melhor seu protagonista, vai perceber que a experiencia será interessante e muito, muito complicada. Uma promissora atriz. Um ator solitário, cansado da fama. A atraç...