Por Trás do Seu Sorriso

Capítulo 2

O remédio que David tinha me dado realmente me ajudou nas horas de voo, o único problema é que eu tive que me arrastar pelo aeroporto sem conseguir ficar de olhos abertos direito, passei pela imigração e tinha o meu primeiro carimbo no passaporte, o Canadá não era bem o que eu sonhava para minha primeira viagem internacional, mas estava realmente muito feliz, principalmente pelas circunstancias.

Estava esperando minha bagagem passar pela esteira, ainda precisava conseguir um taxi. Eu não vi Alec depois do desembarque, ele não ia passar pelas filas normais, claro. Ele me deu um olhar especulativo que durou dois segundos, assim que o avião parou e as portas foram abertas, talvez ele tenha se lembrado de mim e iria me oferecer uma carona. Pensei com ironia. Então saiu carregando uma mochila pendurada no ombro, vi ele se encolher um pouco quando uma comissária pediu pra tirar foto, ele atendeu, mas fugiu antes que as outras pudessem pedir também.

Será que depois que a notícia do filme novo de Alec sair e descobrirem quem sou eu, minha vida iria mudar? Será que quando eu estivesse voltando para NY eu ia poder ficar parada ao lado da esteira normalmente esperando a bagagem?

Desde que consegui esse papel pensei em como minha vida seria impactada, só pelo fato de contracenar com Alec Scott. Os produtores queriam que esse projeto ficasse em sigilo pelo máximo de tempo possível, por causa dos fãs obcecados dele que o perseguiam em todos os lugares, e também da imprensa que só esperavam alguma notícia, pequena que fosse, sobre Alec pra infernizar a vida do cara, claro que a publicidade sempre era boa, mas só até certo ponto, então, tivemos que assinar um contrato de confidencialidade antes de fazer o teste para o papel principal, e até a imprensa descobrir a gente não tinha autorização para falar sobre o filme e nem sobre Alec. Da minha parte, só quem sabia eram meus pais e David. Eu tive que pedir um afastamento da peça, mas não pude dar muitos detalhes.

Quando enfim recuperei minha mala da esteira fui para a saída do aeroporto, era começo de fevereiro, o vento estava muito gelado, vesti meu casaco que tinha tirado dentro do avião, tinha vestido uma calça térmica por baixo do jeans e usava botas de camurça. Eu estava segura até chegar ao hotel. Minha casa nos próximos meses.

Não foi difícil conseguir um taxi, fechei meus olhos assim que sentei no banco traseiro do carro, eu juro que assim que tiver uma oportunidade eu iria prestar atenção na cidade, mas agora eu só consigo pensar em cama. Era sábado, a gente tinha uma reunião de produção na segunda feira pela manhã, seria uma semana de ensaios antes de começar a filmar efetivamente. Eu já tinha o roteiro todo decorado, então isso não seria um problema. Talvez amanhã eu saísse pra explorar Vancouver.

O hotel era maravilhoso, ficava próximo à zona portuária, quando recebi os dados de voo e hospedagem eu pesquisei esse bairro, tinha muita coisa boa pra fazer nas minhas horas de folga. Pensando agora, fiquei curiosa pelo upgrade que recebi para a primeira classe, lembro muito bem que minha passagem era de classe executiva. Mas eu gostei de viajar com toda aquela mordomia.

Fiz o check-in e me dirigi para o elevador, meu quarto ficava na 20º andar? Não. Era um andar mais baixo, tenho certeza. Enquanto subia com a chave do quarto 421 peguei meu celular e procurei o e-mail da produção. Cheguei ao andar antes de conseguir conectar com a internet, já que não tinha pensado em ligar o roaming antes, saí do elevador e só tinham duas portas no corredor. Que chique. Usei a chave e quando a porta se abriu eu suspirei, o quarto era enorme, todo decorado em tons claros, tinha uma antessala com um sofá grande e tinha um piano branco num canto. Sério, um piano! Me senti malvestida. O carregador entrou em seguida com a minha mala.

- Quer que eu deixe aqui ou leve para o quarto, senhorita? – ele perguntou.

- Pode deixar aqui mesmo. – Ele sorriu e saiu. Ia entrar em contato com a equipe de produção, estava no quarto errado com certeza.