Cativeiro I

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Os dias iam se passando naquele lugar frio e escuro, Augusto não aparecia por ali desde o dia que conversamos, e eu já havia perdido as esperanças, Jorge não iria conseguir me achar, eu já estava me preparando para a minha morte e a morte da minha filha, me entristeci em saber que não chegaria a ver o seu rosto, não saberia se seria parecida comigo ou com Jorge.
Sabrina me alimentava e me dava água duas vezes por dia, tinha dias que ela só ia uma vez, e também quando não ia nenhuma vez.
As coisas estavam difíceis, eu estava com marcas roxas por todo o corpo, Sabrina aproveitava para me beliscar, bater, eu já estava fraca demais até para pedir para ela parar com aquela tortura.

Por Jorge.

Já se fazem uma semana que Martina desapareceu, nenhuma pista de onde ela estaria, eu já não dormia mais, não comia, estava ficando louco.

- Jorge, onde você vai? - perguntou minha mãe.
- Vou procurar minha mulher!
- Jorge não.... - minha irmã interrompeu.
- Mãe, por favor deixe ele! Jorge, eu vou com você. - disse Letícia se levantando.

Saímos mais uma vez a procura de Martina, nesses dias em que ela estava desaparecida, sua mãe havia dado à luz a um menino.
Letícia e eu seguimos calados, eu sabia que ela queria falar algo, e senti que estava com medo.

- Eu sei que você está querendo me dizer algo, então diga logo. - disse sem enrolação.
- Na verdade eu queria te fazer uma pergunta mesmo. - disse com um tom de preocupação.
- Pois bem, pergunte! - disse sem importância.
- E se Martina já estiver morta?
- Não! - ela me interrompeu.
- Jorge, já se fazem uma semana e nenhuma pista.
- Ela não está, eu sinto que ela é minha filha estão vivas, e vou encontrá-las.
- Me desculpe, eu só estou com medo! - eu a abracei, entendia sua preocupação.

Por Martina.

Depois de dias, eu não sei exatamente a quanto tempo estou aqui, sofri desmaios e não vejo a luz do dia então estou muito perdida.
Augusto entra pela porta com uma capa preta e um capuz que lhe cobria o rosto.

- Martina! - disse com a voz firme.

Eu apenas levantei minha cabeça para olhá-lo, estava fraca até para falar.

- Eu aceitarei suas condições!
- E que condições são essas? - perguntou Sabrina entrando no cômodo.
- Não lhe interessa.
- Se tem a ver com Martina me interessa sim! - disse já com a voz alterada.

Eu estava no meio daquela confusão toda, fechei meus olhos e queria muito poder tampar meus ouvidos.
Ouvi um estalo muito forte, abri meus olhos e vi Sabrina caída no chão, quando vi Augusto partir pra cima dela eu gritei com toda força que eu pude.

- Augusto não! Por favor não bata nela, deixe ela ir de uma vez.

Sabrina me olhou, estava chorando.

- Suma daqui Sabrina, antes que eu perca minha paciência.

Ela saiu cambaleando às pressas, e Augusto me desamarrou da cadeira.

- Vamos depressa, Sabrina com certeza irá dizer a Jorge onde estamos, ele está como um louco a sua procura.

Aquilo aqueceu o meu coração, meu Jorge estava a minha procura, imaginei o quanto ele deve estar sofrendo, espero que eu consiga fugir logo.

- Onde vamos? - perguntei.
- Consegui uma casa em Cozumel!
- Cozumel? Onde fica isso?
- É uma cidade em uma ilha, não consegui passagens de avião, teremos que ir de barco, não se preocupe lá tem tudo, hospital você vai poder ter nossa filha tranquila!

Nossa filha, esse cara está louco, mais pra ele não desconfiar eu resolvi sorrir.

- Aí que bom, fico bem mais tranquila!
- Nós vamos agora meu amor, venha! - disse estendendo a mão para mim.

Um Amor de VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora