Capítulo Um: Superando a dor

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Pov. Anastasia Grey

Já fazia alguns dias que tive alta do hospital e Christian tratou de ficar afastado da empresa para me fazer companhia em casa. Ficava deitada no quarto repousando totalmente depois do aborto e meu marido cuidava dos afazeres de tudo.

Era tão difícil ligar os pontos do que aconteceu, aliás, não consigo acreditar que foi comigo. Tantos planos para quando o bebê nascesse, tudo arrumado e ganho com carinho para, no fim, essa terrível surpresa golpear a gente. Christian procurava não desabar na minha frente, mas sei o que sentia em cada expressão que notava em sua face.

Decidi tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável, quero sair desse quarto e relaxar em um cômodo mais tranquilo. Não posso mais ficar deitada, lamentando a vida toda pela perda do meu filho. A médica me garantiu que eu poderia engravidar de novo daqui um tempo, mas que por enquanto era melhor esperar.

Fui até a cozinha, encontrando Christian e Grace conversando. Percebi que ela segurava a mão dele sorrindo amorosamente e ele retribuía, abraçando a mulher que lhe devolveu a vida.

- Ana – disse ela e se levantou para me abraçar – Devia estar deitada.

- Estou ficando amargurada de ficar deitada e olhando as paredes do quarto. Preciso respirar um pouco – disse e ela sorriu, me abraçando.

- Eu sei que é um momento difícil, mas com o tempo tudo melhora – disse ela e Christian veio até mim, me dando um selinho demorado.

Abracei sua cintura e pousei a cabeça em seu peito. Era tão maravilhoso estar grudada assim no meu marido, recebendo seu carinho e conforto.

- Está com fome? – pergunta ele acariciando meus cabelos.

- Um pouco – respondi. Não estava tão animada para comer, mas eu procurava tentar para não deixar Christian preocupado.

- Gail está terminando de preparar o jantar – disse ele – Minha mãe vai nos acompanhar e já já Mia vem também.

- Isso é ótimo. Eu preciso me distrair e tirar essa... tragédia da cabeça – disse e ele sorriu torto, beijando minha testa.

- Bom, eu sei que é tudo recente. Mas daqui a um tempo vocês terão outra oportunidade de ter um bebê e realizar os planos que ficaram – disse Grace – Curtam um pouco a vida de casal nesse tempo, façam uma viagem, vão a jantares e realizem os sonhos. Assim toda essa tensão se alivia e vocês terão a animação de volta.

Grace tem razão. Christian e eu nos casamos cheios de sonhos, planos e com o objetivo de compartilhar algumas coisas em comum. Meu marido começou a se aliviar com as palavras da mãe, sentia sua respiração mais calma.

- Obrigado, mamãe – agradeceu ele – Vamos esperar mais uns dias e quero levar Ana para Paris novamente. Pelo menos lá recordaremos da nossa lua de mel e ela se anima.

- Maravilha, filho – disse Grace animada.

Me surpreendi com essa atitude de Christian. Ele é um marido tão atencioso, carinhoso e cheio de surpresas. Assim como eu, tem muitos sonhos e planos para a vida futura, pois ele não teve tantas oportunidades no começo de sua vida.

- Eu te amo cada vez mais, senhor Grey – disse sorrindo e ele me beijou.

- Tudo por você, senhora Grey – retruca ele e rimos.

O elevador do apartamento se abre e Mia vem correndo nos abraçar. Minha cunhada é tão serelepe, cheia de humor, alegre e consegue contagiar esse jeitinho doido dela. Christian é fissurado na irmãzinha, sempre atento a qualquer passo que ela dá e se ela liga, ele imediatamente deixa tudo de lado para atende-la.

- Trouxe um presente pra vocês – disse ela e nos entregou uma caixa decorada.

Abrimos e ficamos maravilhados. Havia um porta retrato decorado com pedras de rubi nas laterais e uma foto que tiramos no dia do nosso casamento, quando Christian me beijou de surpresa. E ao lado do retrato tinha uma pulseira linda de pedra ametista e um relógio Rolex na cor dourada.

- Mia, isso é lindo – disse e abracei ela – Obrigada.

- Vocês merecem e fiz questão de tirar essa foto as escondidas – disse ela e rimos.

Gail apareceu dizendo que o jantar já seria servido e fomos para a sala de jantar. Christian ficou colado em mim o tempo todo e cheirava meus cabelos.

- Cereja – sussurrou ele – Meu cheiro favorito.

- E eu amo seu cheiro de baunilha – disse e passei o nariz em seu pescoço.

- Tudo vai ficar bem. Eu garanto – disse ele e assenti com lágrimas nos olhos – Ainda teremos filhos lindos. Uma menina e um menino.

- Eu sei. Só é complicado superar – desabafei com o bolo na garganta.

- Te entendo, Ana – disse ele – Como minha mãe disse: vamos aproveitar a vida de casal e depois pensamos em planejar um bebê Grey para essa família – ri fraquinho.

- Tenho certeza que sim – retruquei e seguimos com o jantar.

Mia se aventurava nas palavras estrangeiras que aprendera nas viagens pelo mundo e até nos ensinava alguns idiomas. Me enrolava toda na hora de falar, mas ao menos pude por minha cabeça em ordem e me alegrar depois do que houve. 

Depois da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora