Capítulo Dez: Sua ausência...

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Pov. Christian Grey

Eu previa. Talvez até não acreditava que, mais uma vez, meu pior pesadelo tornara realidade. A felicidade nunca foi pra mim, tanto que me agarrei a uma ilusão que um dia poderia ser o homem merecedor de algo melhor depois de tudo que passei na vida.

Ana havia me deixado, mesmo dizendo que era só um tempo até nós dois ficarmos bem, mas não suportava a ideia de estar sozinho. Sua presença me fizera acreditar que a solidão em que vivia não tinha sentido nenhum e meu sono passou a ser filtro de sonhos bons, lembranças maravilhosas e seguro de que quando acordasse eu estaria com ela ao meu lado.

Agora eu teria que enfrentar a pobreza em minha alma com a sua ausência, dando-me a tristeza de não chegar em casa e sentir seu cheiro quando me abraçasse ou o sabor incrível de seus beijos quentes.

Minha esposa decidiu viver distante de mim e minha mente grita que ela fizera o correto, sou um homem cheio de fardos pesados e trazia comigo o cheiro do mais escuro passado. O peso da vida diária pesava em nós dois.

Espantei as lágrimas e peguei a carta que escrevera para mim antes de ir embora.

"Christian,

Eu sei o quanto nos amamos e apreciamos a presença um na vida do outro, mas após tantos anos casados chegou a vez de uma enorme tempestade se fazer presente entre nós. Uma crise que custará uma distância sofredora para ambos.

Não sei o que mais poderei fazer para que tudo isso passe. Nem você consegue se manter forte por mim, por nós dois e por toda a vida que construímos juntos.

Nós nos amamos, eu nunca duvidei dos meus sentimentos e do que sempre sentiu por mim desde o dia que nos vimos pela primeira vez. Acho que não conseguiria ficar longe de você por muito tempo, porém, tudo tem um momento.

Estou indo passar um tempo com a minha mãe na Geórgia e acompanhar a nova filial da editora de perto. Darei um espaço para que nós dois tenha uma recuperação dessa crise.

Nunca se esqueça do quanto eu amo você.

Sua Ana".

Ela me ama. Ana me ama. Levou com ela todo o amor que ofereci e ainda ofereço. Ela seria a mesma mulher forte, corajosa e amorosa que conheci há 4 anos atrás e com quem tive o privilégio de me casar.

Pedir ela em casamento foi a melhor escolha da minha vida e jamais me arrependeria de ter feito isso. Posso ser o homem desejável ou até invejado pelo universo, mas Ana seria a única mulher com quem iria estar ao lado.

Reli sua carta várias vezes e sempre me guiava pela frase final: "nunca se esqueça o quanto eu amo você".

Chorei. Chorei tudo que guardava dentro de mim. Deixei que toda a raiva, tristeza, mágoa e solidão fosse jogada para fora.

Senti pequenos braços me aconchegarem e por um momento me iludi, pensando que Ana tivesse desistido e voltara para mim. Mas constatei que não, era um perfume cítrico e forte.

- Hey... estou aqui, irmão – ouvi a voz de Mia e olhei para ela, que acariciou minha bochecha limpando as lágrimas – Ana me ligou antes de ir.

- Aonde foi que eu errei, Mia? – perguntei com a voz embolada.

- Vocês dois erraram. Deixaram que a pressão da vida tomasse conta e o cansaço distanciasse vocês – respondeu e beijou minha têmpora – Tudo vai melhorar. Só precisam de um tempo e lutar para que toda essa crise passe.

- Eu a amo, Mia. Amo muito – confesso aos prantos novamente e minha irmã me abraça forte. Escondo meu rosto em seu ombro, permitindo que esse carinho me console e lave minha alma.

- Eu sei que ama. E ela também – diz Mia e acaricia meus cabelos.

Lembrei de quando cuidava de Mia bebê, ela caindo para dar seus primeiros passos e eu estava ao lado dela segurando sua pequena mão. Minha irmã é a pessoa da qual sempre fui grudado e amo, mesmo não demonstrando a ela, e hoje estava me aconchegando em seus braços. Nunca deixo de lembrar que Mia me fez falar e do seu corpo pequeno em meus braços pela primeira vez.

- Eu te amo, Mia – digo entre as lágrimas e senti ela soluçar.

- Eu amo mais, irmão. Sempre – diz ela com a voz embargada.

Sem Ana, meu apartamento seria como antes, silencioso e um espaço vazio para mim. Minha cama amanheceria fria, sem seu cheiro de cereja e o calor de sua pele.

Não quero ficar aqui sem ter minha mulher ao meu lado. Preciso sentir o amor e de alguém comigo nesse tempo tão... sombrio.

- Christian... – Mia fala e me solto de seus braços – Papai e mamãe estão sozinhos na mansão. Elliot tem a vida dele e eu tenho o Ethan. Vá passar esse tempo com eles. Fique aonde te lembra a melhor parte da sua infância e tudo que te ensinaram. Você precisa desse aconchego.

- Sim. Vou ficar com eles – digo e ela sorri – Preciso ter alguém comigo e aqui eu ficaria muito sozinho.

Mia assente com a cabeça e beijo sua testa agradecendo por ficar aqui comigo.

Depois da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora