Pov. Anastasia Grey
Hoje é o primeiro dia que saio para trabalhar desde quando vim para Geórgia. Jerry Roach viria para cá nos acertos do último detalhe da filial que vamos inaugurar aqui.
- Ana – chamou minha mãe.
- No quarto, mãe – grito e ela entra no quarto. Percebo sua expressão mais leve e os olhos brilhando – O que houve?
- Christian ligou agora de pouco – disse ela e meu coração perde uma batida.
Respiro fundo e controlo as lágrimas que insiste em cair. Viro para minha mãe e ela me olha sorrindo.
- Como ele está? – pergunto engolindo seco.
- Disse que está bem, mas senti que não está. E te deixou um recado breve – disse ela – Ele te ama muito, filha.
Permiti que minha mãe notasse o brilho dos meus olhos e minhas veias sentiu o conhecido calor do sangue bombeando rapidamente. Ele me ama. Ele mesmo comprovou que me ama.
- Eu também o amo muito, mamãe – digo com a voz embargada – Christian é o homem que me fez ver a mulher que sou, tudo que posso ser capaz e me ensinou a amar ele.
Minha mãe me abraça e encolho em seus braços como uma criança assustada.
- Vocês vão voltar melhores do que antes, meu bem. Esse tempo longe vai fazer repensá-los em tudo. Tenha paciência – disse ela e sorri com suas palavras.
Minha mãe se casou 4 vezes, mas sempre foi uma mulher decidida e de ótimos conselhos. Permitiu que eu pudesse escolher meus próprios caminhos e o que poderia ser melhor para mim.
[...]
Combinei com Roach de tomarmos um café juntos para melhor discutirmos sobre o acerto dos últimos detalhes da filial. Eu confesso estar ansiosa para ver a nova Grey Publishing inaugurada e com novas oportunidades.
Cheguei na cafeteria alguns minutos mais cedo do previsto, dando de cara com uma moça jovem e muito bonita. Ela estava com roupas elegantes, aparentando ser a dona dali, conversava com uma senhora não muito velha.
- Maggie, eu estou tentando de tudo, mas meu marido foi irredutível – ela falava para a senhora.
- Dafne, eu estou passando por dificuldades. E agora com uma neta pequena, preciso muito voltar ao emprego – Maggie dizia com a voz fraca e aparentava uma expressão pálida. Creio que esteja com um grave problema de saúde.
- Maggie, olha só para você. Está na cara que sua saúde é precária. Prometo que farei com que Harris entenda mais uma vez – a jovem mulher dizia pegando na mão da senhora.
Entrei na cafeteria com uma sensação de alívio esquisita e uma leve impressão boa. Olhei no relógio e vi que ainda faltavam 10 minutos para Roach chegar lá.
No balcão da entrada vi uma moça segurando uma menininha no colo e brincava com ela. Percebi que a moça era a garçonete da cafeteria. Escutei barulho de saltos atrás de mim e me virei, vendo a jovem dona se aproximar aonde estava a bebê e a funcionária.
- Com licença, senhorita – disse quando ela passou perto de mim.
- Pois não. Em que posso ajuda-la? – perguntou com um semblante suave e educado.
- Me desculpe a inconveniência, mas o que aconteceu com aquela senhora? – perguntei apontando para a porta.
- Magareth é uma antiga funcionária nossa daqui. Trabalhou por muitos anos conosco até envelhecer, mas o marido morreu e a deixou com muitas dívidas – conta ela e me interesso pela história – A filha se casou e engravidou da pequena Marie, mas também faleceu no parto. O genro entrou em depressão por meses e a família o internou numa clínica, aonde cometeu suicídio.
- Meu Deus – digo sensibilizando com o caso dessa senhora.
- Sim, senhorita. É uma vida muito sofrida, mas Maggie perdeu tudo com a morte dos três. A família de Joseph, genro dela, não quis mais contato com a bebê e as deixou. A única parente viva e de sangue, é uma tia paterna da filha dela, mas essa não pode ficar com a Marie – Dafne deixa algumas lágrimas caírem – Maggie está muito doente e não tem condições de cuidar da saúde e nem da neta, ainda tão pequena e já sozinha. A alternativa seria coloca-la para adoção.
Olhei para a bebê sentada no colo da funcionária e me encantei com a inocência infantil, e a beleza dela. Loirinha, olhos claros e com os poucos dentinhos sorria doce.
Rapidamente me lembrei dos dois bebês que havia perdido tão duramente. E Marie, perdeu os pais e logo ficará sem a avó para protege-la. Parece que a história dessa linda bebê semelhava a de Christian, que foi deixado aos trapos pela vida ruim que teve toda a sua infância.
- Dafne, eu me sinto estarrecida ao ouvir a história daquela senhora e da neta. Meu... marido sofreu a infância inteira, mas o poder divino fez com que ele fosse salvo do abandono ao ser adotado pela família que tem hoje – contei a ela – Eu e ele perdemos dois bebês, não consegui segurar nenhuma das minhas gravidezes. E Marie é um bebê tão lindo e inocente.
- E não seria uma má ideia se conversasse com Maggie e mostrar interesse na adoção de Marie. Essa será a solução para que a neta não seja jogada em um orfanato – diz Dafne com o semblante animado e aliviado.
Adotar. Salvar esse bebê de encontrar, talvez, uma péssima família ou que a rejeitem de forma bruta. Dar a ela o amor de mãe que, por um deslize do destino, não teve.
Meu coração se enche de calor e de repente me vejo olhando com um brilho diferente para Marie. E ela me retribui rindo fofinho pondo a mão na boca. Percebo estar totalmente encantada por ela.
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Depois da Tempestade
RomanceChristian e Anastasia estão casados há 4 anos. Ela está grávida de 3 meses, deixando seu marido e a família inteiramente feliz. Tudo então corre bem, até que um dia recebem a trágica notícia do aborto espontâneo pela segunda vez. O casal junta forç...