Pov. Christian Grey
Os últimos 2 meses passaram voando e parecia que um furacão passava a cada dia das nossas vidas. Ana e eu discutíamos todos os dias, dormindo um virado de costas para o outro e o motivo: a falta de comunicação e ela vivia melancólica pelos cantos. Eu estava cansado de ver ela assim, sem vontade e toda hora tocando no assunto de aborto.
- Senhor Grey – chama Andrea – Tudo bem?
- Sim – respondo ríspido – O que deseja, Andrea?
- Tem uma moça na recepção querendo falar com o senhor – disse ela.
- E quem é essa moça? – pergunto.
- Disse se chamar Elena – respondeu ela e me sobe a raiva.
- Diga para ela que não irei atende-la. E se insistir, chama a segurança imediatamente, entendeu? – digo autoritário.
- Sim, senhor – responde ela e fecha a porta do escritório.
Não entendi o porquê desse aparecimento repentino de Elena, talvez por querer novamente infernizar minha vida falando mal da minha esposa e não tinha mais paciência para tolerar essa gente.
Pego meu telefone e disco o número da editora.
- Editora Grey's Publishing – atende a assistente.
- Hanna, é o Christian – digo.
- Boa tarde, senhor Grey – diz ela – Em que posso ajudá-lo?
- Passe para a minha esposa, por favor – peço e ela prontamente passa a ligação.
Fico alguns minutos na linha esperando ela me atender, o que é estranho, porque ela me atende de primeira.
- Oi Christian – diz ela ao atender. Sua voz é fria e ríspida.
- Tudo bem? – pergunto ignorando a falta de afeto.
- Estou bem – responde ela firme – Aconteceu alguma coisa?
- Não. Só queria saber se você está bem – digo – Porque demorou pra atender?
- Estava no telefone com a Kate – disse ela – Não vou jantar em casa hoje. Ela pediu companhia enquanto Elliot está viajando a trabalho. Se importa?
- Não. Divirta-se – digo e desligamos. Passo a mão na testa, deixando algumas lágrimas caírem disfarçadamente e balanço a cabeça espantando pensamentos.
Verifico meus e-mails e passo a assinar alguns relatórios, aproveito para organizar minha agenda de reuniões da semana. O trabalho estava sendo a melhor saída para não pensar nessa crise no meu casamento com Ana.
Difícil ficar ao lado e ver que tudo mudou da noite para o dia. No começo do nosso casamento tinha as briguinhas bobas, mas nada que abalasse as estruturas. Mas o que nunca vai mudar é o amor que sinto por ela, grande e verdadeiro.
[...]
Cheguei em casa era mais de 19 horas da noite e a senhora Jones ainda estava na cozinha.
- Gail – chamei-a – Porque não se recolheu?
- Preferi esperar vocês chegarem. Como não fiz nada para o jantar, achei que queira comer algo – disse ela e sorri.
- Tomei um lanche antes de vim pra casa e Ana está com Kate – digo – Já pode se recolher, Gail.
- Certo. Boa noite, menino – disse ela e foi para seu quarto.
Tirei meu paletó e joguei no sofá, sentando no mesmo e fiquei rodando minha aliança de casamento. Preso em pensamentos, escuto barulho de saltos e vejo Ana entrar totalmente desanimada. Será que ela e Kate brigaram?
- Ana... – digo e ela me olha com raiva.
- Depois, Christian – disse ela e foi para o quarto. Minha expressão passou de compreensivo para raivoso.
Chega! Ela vai ter que ouvir meu lado e iremos tirar isso a limpo. Vou em passos apressados para o nosso quarto, vendo que ela tira os saltos e os joga em um canto do cômodo.
- O que houve? – pergunto em tom firme, sem parecer grosso.
- Ai Christian, por favor, não quero tocar nesse assunto – disse ela com lágrimas nos olhos.
- Anastásia, você não jantou em casa para fazer companhia a sua melhor amiga e de repente chega desanimada e aos prantos – digo frio – Sabe, ficar se escondendo e reprimindo emoções não faz bem.
- Ah, nossa. Falou a voz da experiência – ela diz erguendo a voz – Maravilha, Grey. Viu como é frustrante não saber o que acontece com a pessoa próxima a você?
Não respondo sua indireta e me aproximo, tocando sua cintura e tento abraça-la. Mas ela se afasta bruscamente.
- Não, por favor – disse ela.
- Chega, Anastásia – berro e ela empalidece – Estou cansado dessa situação. Todos os dias ouço soluços e nem sequer um sorriso vejo você dar mais. Será que é difícil, ao menos, tentar viver um dia de cada vez?
- Fácil falar, não é mesmo? – disse ela – Pensa no cotidiano como se não tivéssemos perdido mais um filho. Mais um filho. Sabe o que é isso, Christian?
- Sei. Porque nenhuma dessas duas crianças você fez sozinha, porque eu tive participação no processo – digo amargurado por mais uma vez voltar nesse assunto – O pai sofre também.
- Sofre tanto que está ai, com essa pose de magnata querendo que eu esqueça a dor – disse ela engolindo seco – Não foi dentro de você que eles estavam e nem sentiu cada dor vendo aquilo tudo.
- Você literalmente se perdeu, Anastásia – digo – Pensa somente no que só você viveu. E eu? Seus pais? Meus pais?
Ela simplesmente soluça e percebo que chora, mas não vou mais ficar vendo ela pisar em mim por conta disso.
- Christian, Kate me disse que estou me saindo uma bela "esposa invisível" porque só penso em mim e ainda levantou toda a grosseria dela – disse ela – Será que é difícil entender, meu Deus? Hein?
- No entanto, concordo com a Kate – digo e ela muda sua expressão, me olhando com ódio.
- Eu não admito que despreze meus sentimentos, Christian – grita ela.
- Já chega – berro – Olhe no que se tornou, Anastásia Grey. Uma mulher fria, rancorosa e depressiva. Não te conheço mais e nem sequer sei quem é a pessoa que está ai dentro de você. Hipócrita!
E logo vem a bofetada. Toco o local do tapa, vendo Anastásia chorar, virando de costas para mim e o silêncio cai sobre o quarto.
- Não dá mais, Christian – diz ela – Acho que seria melhor, no momento, o divórcio.
Ao dizer isso, fico estático e vejo tanta amargura. O arrependimento de tudo que vivemos está escrito em seu olhar, a Ana que conheci há tantos anos não estava mais aqui. Saio dali no mesmo instante, subindo para o outro quarto e me tranco ali dentro. Ela não pode fazer isso.
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Depois da Tempestade
RomanceChristian e Anastasia estão casados há 4 anos. Ela está grávida de 3 meses, deixando seu marido e a família inteiramente feliz. Tudo então corre bem, até que um dia recebem a trágica notícia do aborto espontâneo pela segunda vez. O casal junta forç...