Capítulo Seis: O começo da crise

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Pov. Christian Grey

Os últimos 2 meses passaram voando e parecia que um furacão passava a cada dia das nossas vidas. Ana e eu discutíamos todos os dias, dormindo um virado de costas para o outro e o motivo: a falta de comunicação e ela vivia melancólica pelos cantos. Eu estava cansado de ver ela assim, sem vontade e toda hora tocando no assunto de aborto.

- Senhor Grey – chama Andrea – Tudo bem?

- Sim – respondo ríspido – O que deseja, Andrea?

- Tem uma moça na recepção querendo falar com o senhor – disse ela.

- E quem é essa moça? – pergunto.

- Disse se chamar Elena – respondeu ela e me sobe a raiva.

- Diga para ela que não irei atende-la. E se insistir, chama a segurança imediatamente, entendeu? – digo autoritário.

- Sim, senhor – responde ela e fecha a porta do escritório.

Não entendi o porquê desse aparecimento repentino de Elena, talvez por querer novamente infernizar minha vida falando mal da minha esposa e não tinha mais paciência para tolerar essa gente.

Pego meu telefone e disco o número da editora.

- Editora Grey's Publishing – atende a assistente.

- Hanna, é o Christian – digo.

- Boa tarde, senhor Grey – diz ela – Em que posso ajudá-lo?

- Passe para a minha esposa, por favor – peço e ela prontamente passa a ligação.

Fico alguns minutos na linha esperando ela me atender, o que é estranho, porque ela me atende de primeira.

- Oi Christian – diz ela ao atender. Sua voz é fria e ríspida.

- Tudo bem? – pergunto ignorando a falta de afeto.

- Estou bem – responde ela firme – Aconteceu alguma coisa?

- Não. Só queria saber se você está bem – digo – Porque demorou pra atender?

- Estava no telefone com a Kate – disse ela – Não vou jantar em casa hoje. Ela pediu companhia enquanto Elliot está viajando a trabalho. Se importa?

- Não. Divirta-se – digo e desligamos. Passo a mão na testa, deixando algumas lágrimas caírem disfarçadamente e balanço a cabeça espantando pensamentos.

Verifico meus e-mails e passo a assinar alguns relatórios, aproveito para organizar minha agenda de reuniões da semana. O trabalho estava sendo a melhor saída para não pensar nessa crise no meu casamento com Ana.

Difícil ficar ao lado e ver que tudo mudou da noite para o dia. No começo do nosso casamento tinha as briguinhas bobas, mas nada que abalasse as estruturas. Mas o que nunca vai mudar é o amor que sinto por ela, grande e verdadeiro.

[...]

Cheguei em casa era mais de 19 horas da noite e a senhora Jones ainda estava na cozinha.

- Gail – chamei-a – Porque não se recolheu?

- Preferi esperar vocês chegarem. Como não fiz nada para o jantar, achei que queira comer algo – disse ela e sorri.

- Tomei um lanche antes de vim pra casa e Ana está com Kate – digo – Já pode se recolher, Gail.

- Certo. Boa noite, menino – disse ela e foi para seu quarto.

Tirei meu paletó e joguei no sofá, sentando no mesmo e fiquei rodando minha aliança de casamento. Preso em pensamentos, escuto barulho de saltos e vejo Ana entrar totalmente desanimada. Será que ela e Kate brigaram?

- Ana... – digo e ela me olha com raiva.

- Depois, Christian – disse ela e foi para o quarto. Minha expressão passou de compreensivo para raivoso.

Chega! Ela vai ter que ouvir meu lado e iremos tirar isso a limpo. Vou em passos apressados para o nosso quarto, vendo que ela tira os saltos e os joga em um canto do cômodo.

- O que houve? – pergunto em tom firme, sem parecer grosso.

- Ai Christian, por favor, não quero tocar nesse assunto – disse ela com lágrimas nos olhos.

- Anastásia, você não jantou em casa para fazer companhia a sua melhor amiga e de repente chega desanimada e aos prantos – digo frio – Sabe, ficar se escondendo e reprimindo emoções não faz bem.

- Ah, nossa. Falou a voz da experiência – ela diz erguendo a voz – Maravilha, Grey. Viu como é frustrante não saber o que acontece com a pessoa próxima a você?

Não respondo sua indireta e me aproximo, tocando sua cintura e tento abraça-la. Mas ela se afasta bruscamente.

- Não, por favor – disse ela.

- Chega, Anastásia – berro e ela empalidece – Estou cansado dessa situação. Todos os dias ouço soluços e nem sequer um sorriso vejo você dar mais. Será que é difícil, ao menos, tentar viver um dia de cada vez?

- Fácil falar, não é mesmo? – disse ela – Pensa no cotidiano como se não tivéssemos perdido mais um filho. Mais um filho. Sabe o que é isso, Christian?

- Sei. Porque nenhuma dessas duas crianças você fez sozinha, porque eu tive participação no processo – digo amargurado por mais uma vez voltar nesse assunto – O pai sofre também.

- Sofre tanto que está ai, com essa pose de magnata querendo que eu esqueça a dor – disse ela engolindo seco – Não foi dentro de você que eles estavam e nem sentiu cada dor vendo aquilo tudo.

- Você literalmente se perdeu, Anastásia – digo – Pensa somente no que só você viveu. E eu? Seus pais? Meus pais?

Ela simplesmente soluça e percebo que chora, mas não vou mais ficar vendo ela pisar em mim por conta disso.

- Christian, Kate me disse que estou me saindo uma bela "esposa invisível" porque só penso em mim e ainda levantou toda a grosseria dela – disse ela – Será que é difícil entender, meu Deus? Hein?

- No entanto, concordo com a Kate – digo e ela muda sua expressão, me olhando com ódio.

- Eu não admito que despreze meus sentimentos, Christian – grita ela.

- Já chega – berro – Olhe no que se tornou, Anastásia Grey. Uma mulher fria, rancorosa e depressiva. Não te conheço mais e nem sequer sei quem é a pessoa que está ai dentro de você. Hipócrita!

E logo vem a bofetada. Toco o local do tapa, vendo Anastásia chorar, virando de costas para mim e o silêncio cai sobre o quarto.

- Não dá mais, Christian – diz ela – Acho que seria melhor, no momento, o divórcio.

Ao dizer isso, fico estático e vejo tanta amargura. O arrependimento de tudo que vivemos está escrito em seu olhar, a Ana que conheci há tantos anos não estava mais aqui. Saio dali no mesmo instante, subindo para o outro quarto e me tranco ali dentro. Ela não pode fazer isso. 

Depois da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora