Capítulo Quatro: Pela segunda vez, um pesadelo se torna realidade

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Pov. Christian Grey

Agitado do jeito que estava, era capaz de eu furar o chão do hospital com meus passos desesperados e já começava a ficar tonto dos círculos que fazia.

- Christian, sente-se um pouco. Desse jeito vai passar mal – disse Kate e obedeci, vencendo pelo cansaço e angústia de ainda não darem notícias da Ana.

Eu já sabia que ela abortou pela segunda vez, o médico só confirmaria isso assim que viesse nos dar notícias. Não acredito. Não acredito que minha esposa mais uma vez passará por esse tormento, o mesmo tormento de 4 anos atrás.

- Familiares de Anastasia Grey – disse o médico e nos levantamos.

- Como está minha filha, doutor? – perguntou Carla aos prantos abraçada a Bob. Ayala, enteada de minha sogra, olhava assustada para o pai e nem parecia a mocinha que ficava atirando seus olhares maliciosos horas antes.

- Conseguimos parar o sangramento e estabilizamos ela – disse o médico e todos assentiram compreendendo o que ele dizia, mas a mim ele não conseguia enganar – Creio que você seja Christian Grey, o marido da paciente. Certo?

- Sou eu sim, doutor – disse.

- Peço que me acompanhe até o quarto da senhora Grey – pediu ele e olhei para Carla.

- Carla... – disse e sinalizei para que fosse no meu lugar.

- Pode ir você, querido – disse ela caridosa – Preciso me acalmar um pouco.

Sorrio fraco e sigo o médico até o quarto de Ana e ele desembucha o que escondia.

- Senhor Grey, eu lamento em dizer, mas a sua esposa sofreu aborto espontâneo – disse ele e suspiro triste.

- Já imaginava – disse engolindo o bolo na garganta.

- Pelo que li na ficha, é a segunda vez que ela aborta – disse ele – Sua esposa pode ter algum problema hormonal ou o útero estava sensível devido ao primeiro aborto. Se houver a terceira gestação, ela pode até segurar, mas sofrerá riscos grandes.

- Que tipo de riscos? – pergunto.

- Eclampsia – respondeu ele – Podendo até provocar a morte dela.

Não. Isso eu jamais permitiria. Não vou perder minha esposa tão fácil para a morte e nem desistiria

Paramos na porta do quarto onde Ana estava e abri. Entrei devagar, ela estava deitada de lado e chorava com os olhos fechados.

- Deixarei vocês a sós – disse o médico e saiu.

Meus olhos arderam com as lágrimas prestes a cair e fechei a porta. Rezei baixinho, mesmo não sendo um homem devoto a Deus, aproximando da cama. Seu corpo tremia pelos soluços e notava que uma mão pousava na barriga, aonde já não existia o nosso filho.

Ana pareceu sentir a minha presença e virou o corpo devagar.

- Christian – chamou ela em soluços e acariciei seu cabelo, beijando sua testa.

- Eu sei – disse – Sinto muito, baby – confortei ela e deitei ao seu lado, abraçando seu corpo e chorando junto com ela.

Mais uma vez sentíamos essa dor irreparável. Tanto tempo esperamos para Ana engravidar, até que conseguimos, mas novamente a vida nos deu um outro tapa certeiro.

- Será que é tão difícil assim? – perguntou ela aos prantos – Ter um filho?

- Nós teremos. Tenho certeza que vamos – disse para deixa-la mais calma – Tem mulheres que já passou por isso e teve filhos.

- Não, Christian – disse ela irritada – Sou uma esposa incompleta. Não posso te dar filhos. Nas duas vezes que tentamos só foi perdas e sofrimento. Porque não posso ter direito a esse milagre divino? Porque comigo tem que ser dolorido? – ela chorava e meu coração se apertou.

- Anastasia, ficar se martirizando e deprimindo não adiantará – disse sincero – Claro que você é uma esposa maravilhosa e vai me dar filhos. Quantos pudermos ter, iremos ter. Pode ser que sou eu o problema. Há homens que fecundam as esposas, mas nem sempre vingam.

Ela não disse nada, apenas me olhou e fiz um carinho nas suas bochechas. Apertei seu nariz e ela tentou um sorriso, mas sem alegria nenhuma.

- Talvez devemos esperar mais um tempo. Vamos cuidar do nosso casamento, da nossa casa e continuar tendo esforço no trabalho – disse – Somos jovens ainda.

- Sim, claro. Ficar esperando e esperando – disse ela irritada novamente e se virou de costas pra mim.

Decidi não falar mais nada pra ela. Ana ficou sensível devido ao aborto, o médico disse que é um fato da mulher sentir a dor da perda e perceber que tudo desmoronou.

Só beijei sua nuca e tratei de rodear seu corpo com meus braços, assim passando minha confiança e consolo. Ela precisa de mim, como também preciso dela.

Ana iria me dar filhos, eu tenho fé que isso vai acontecer e ficarei ao seu lado a todo momento. Nosso casamento foi um tanto rápido, pouco tempo de namoro e só algumas semanas de noivado. Mas não me arrependia de nada, apenas agradecia por conhecer o lado tão bom de amar e ser amado.

- Eu te amo, Ana – sussurrei em seu ouvido e ela apertou minha mão. 

Depois da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora