Capítulo 1

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Você

Você está bem?

Peter

Sim


Você

Ah...

Não está afim de falar?

Peter

Só estou cansado

Vou dormir, ok?

Boa noite

Você

Boa noite

Se precisar estou aqui

Peter estava novamente em um dia ruim. Não suportava o fato dele não querer desabafar comigo, namoravamos há 3 anos e custava ele falar que estava sentindo dor para mim. Deixei o celular no criado mudo e ajeitei a coberta.

Eu não conseguia tirar Peter da cabeça em nenhum momento. Se brigássemos, se nos encontrássemos, se assistissemos filme juntos... Ele estava sempre se fazendo presente em minha mente, mas Peter era uma pessoa difícil de lidar, não que eu fosse fácil, mas estava começando a esquecer dos meus prazeres para agradá-lo. Talvez eu estivesse me apegando demais aos momentos bons e ignorando os ruins.

[...]

Ajeitei a toalha no corpo e separei a roupa do trabalho na cama. O bom do meu trabalho, era que eu não precisava colocar uma roupa desconfortável, eu podia colocar a roupa que tivesse vontade. Coloquei uma calça pantacourt preta, um croped colorido e listrado e calcei minhas alpargatas. Provavelmente elas sairiam andando sozinhas, a qualquer momento. Ajeitei o cabelo no espelho e passei uma maquiagem leve. Peguei minha bolsa e arrumei o material da faculdade dentro dela. Eu sempre ia do trabalho direto para lá e isso me facilitava bastante, por serem perto. Fui até a sala procurar a chave do carro, que eu nunca me lembrava onde colocava e dirigi até o trabalho, não sem antes parar para comprar um café para mim e para minha chefe, como de costume.

Eu simplesmente amava meu trabalho. Eu fui contratada como secretária estagiária de ninguém mais, ninguém menos que Elizabeth Min, umas das melhores e mais famosas colunistas de toda NY. Não vou dizer que ela era a pessoa mais doce de todas, mas eu aprendia muito com ela.

- Bom dia, senhorita Min! - entreguei-a o café.

- Bom dia, Mila. Faça uma reserva no restaurante de sempre para mim, mas dessa vez vai ser para 2 pessoas. Às 13h.

- Sim senhora! - me dirigi à minha mesa, já ligando para o restaurante Gramercy Tarven, o restaurante preferido da senhora Min.

Eu tinha o sonho de me tornar uma escritora, talvez uma colunista. Fazia faculdade de letras e, graças a Elizabeth Min, me interessei pelo idioma coreano. As vezes, à escutava falando em coreano com sua mãe pelo telefone e criei uma paixão pela língua. Comecei a fazer um curso básico, assim que comecei a trabalhar com ela e a mesma me ajudou muito na conversação.

- Vou demorar um pouco mais hoje, então você pode fazer algum trabalho da faculdade, se tiver algum. - senhorita Min disse e eu sorri para a mesma, que saiu andando.

A senhora Min era uma pessoa fria, mas de bom coração. Me ajudou diversas vezes em trabalhos e em outros assuntos, mas ser uma pessoa doce não fazia o estilo dela e eu entendia isso.

Agradeci aos céus por ela ter mencionado o trabalho, porque eu havia mesmo um para fazer. Precisava produzir uma narrativa e o tema era romance. Revirei os olhos aos lembrar da minha vida amorosa e o desastre que ela era. A vida mais uma vez querendo me sacanear. Peguei minha marmita e fui até a cozinha improvisada que havia naquele andar para esquentá-la e voltei à minha mesa. Peguei meu notebook, levei uma garfada de strogonoff até a boca e comecei a digitar.

Ele era tão bonito, que chegava a doer...

Ridículo.

Seus olhos perfuravam minha alma...

Não. Droga. Que tipo de escritora não sabia escrever? Eu mesma. Guardei o notebook e terminei o meu almoço.

[...]

Estacionei o carro no estacionamento da faculdade e adentrei os portões. A mesma faculdade que eu frequentava há 3 anos. Haviam pessoas novas e pessoas que eu já estava cansada de olhar. Andei pelo corredor do primeiro andar e subi as escadas, as aulas de hoje seriam na sala 23, do segundo andar. Adentrei a sala e me sentei, esperando a aula começar.

O professor de Linguística adentrou à sala e começou a aula. Depois de um tempo na faculdade, o desânimo acaba nos alcançando, mas eu prometi à mim mesma que não desistiria e chegaria ao fim.

Quando o sinal tocou, todos começamos a guardar nossas coisas. Esperei que o tumulto que se formava no final da aula acabar e então saí da sala, indo em direção ao meu carro.

Só de pensar o alívio que me dava ao chegar em casa, eu já ficava ansiosa. Ia pensando nisso a viagem toda, até chegar ao meu prédio. Tomar banho, comer e me jogar na cama, era tudo o que eu precisava. Estacionei nas vagas em frente ao prédio e saí do carro. Me assustei quando a figura de Peter apareceu no meu campo de visão. Sorri e fui andando até ele.

- Oi, vim pra ficar. - ele sorriu e me abraçou - Já comeu?

- Não, tô morrendo de fome. - me abraçou de lado e fomos andando até o elevador.

Adentramos o meu apartamento e resolvemos pedir pizza. Peter ficou no sofá, mexendo em algo em seu celular e eu fui tomar banho. Me despi e entrei debaixo do chuveiro. É como se aquele banho tirasse todo cansaço e me relaxasse. Saí do chuveiro, enrolei a toalha no corpo e fui até a cozinha. Senti o olhar de Peter sobre mim, mas fingi que nem percebi. Abri a geladeira e peguei a jarra de água, despejando em um copo.

- Você é muito boa em provocar, parabéns. - me abraçou por trás e falou baixo em meu ouvido. Sorri.

- Não estou provocando, só fiquei com sede e vim beber água. Preciso me vestir para beber água na minha própria casa? - continuei sorrindo, mesmo que ele não visse.

Peter tirou o copo de minhas mãos, o colocando em cima da pia e me beijou. Mesmo depois de 3 anos, ele ainda conseguia me fazer implorar por seus beijos. Sem nos descolar, andamos até o sofá da sala, onde o mesmo me deitou e ficou por cima. Peter tirou sua camisa e desenrolou minha toalha, encostando nossas peles, o que me fez arrepiar com o toque da sua pele quente na minha. Ouvimos o barulho da campainha soar.

- Vai lá atender. - falei, mas ele continuava a me beijar. - Peter, o entregador não é obrigado a ficar esperando. - Ele bufou e se levantou. Ri da sua indignação.

Fui até o meu quarto me vestir, enquanto ele pegava a pizza. Coloquei um short e um moletom largo de Peter, já que estava um pouco frio, apesar dos aquecedores. Eu amava roubar as blusas e os moletons dele. Voltei para a sala e coloquei um filme para vermos, enquanto comíamos.

My Salvation (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora