Capítulo 2

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Despertei com o som do despertador, era hora de ir para o trabalho. Retirei o braço de Peter de cima de mim com cuidado. Ele tinha o sono pesado, agradeci por isso. Fui até o banheiro para tomar banho e separei uma roupa. Coloquei uma calça preta dobrada até à canela e uma blusa florida de botões e manga curta, coloquei minhas alpargatas de sempre e deixei um bilhete para Peter antes de sair. Eu poderia mandar uma mensagem? Poderia, mas eu gostava do velho hábito de deixar cartas.

Passei na sala de senhorita Min e entreguei-a seu café.

- Bom dia, Mila. Preciso conversar com você. - Me sentei na cadeira que ficava em frente à sua mesa - Você sabe que eu tenho um irmão mais novo, Yoongi. Me encontrei com ele ontem e ofereci um emprego, mas ele precisa de um pequeno empurrãozinho e eu gostaria que você o ajudasse. Ele vai te acompanhar durante o seu trabalho para aprender com você. Tudo bem?

- Claro. Sem problemas! Ele começa quando?

Nos viramos quando a porta se abriu. Um garoto branco de cabelos negros entrou e fechou a porta atrás de si.

- Desculpa o atraso. - Sentou-se ao meu lado.

- Yoongi, essa é Mila Jiyu, minha secretária. Ela vai te ensinar tudo o que sabe.

- É um prazer! - Falei, estendendo minha mão para o garoto ao meu lado. Yoongi me lançou um olhar indiferente e voltou-se à Elizabeth. Abaixei minha mão em câmera lenta.

- Eu preciso mesmo fazer isso? - perguntou para a mesma, fazendo-a revirar os olhos.

- Sim, você precisa, necessita. Já tem 25 anos e só sabe ficar trancado no quarto fazendo não sei o que. Você precisa tomar um rumo na vida e ter o seu próprio lugar. - ela disse com autoridade, mas o garoto não pareceu se ofender. A indiferença estava estampada em sua cara.

- Tudo bem... - ele disse.

- Agora vão, vocês têm muito o que fazer. Nos encontramos na hora do almoço.

Nos levantamos e Yoongi me seguiu até a minha mesa. Ele pegou uma cadeira livre e a colocou ao meu lado. Comecei a explicar para ele tudo o que eu fazia, ou quase tudo. Eu explicava com total admiração pelo meu trabalho, enquanto Yoongi parecia estar no mundo da lua.

- Você entendeu? - perguntei, olhando para ele.

- Não. - respondeu, sem me olhar.

- Tudo bem... vamos recomeçar. - expliquei novamente, perdendo totalmente o meu tempo, já que o mesmo ainda parecia me ignorar.

- Você gosta mesmo disso? - perguntou.

- Claro. É o que eu quero fazer da vida.

- Mas por que?

- Porque é o que eu gosto... - respondi sem entender o interrogatório.

Meu celular começou a tocar e eu o olhei, era Peter. Me levantei, me afastando para atender.

- Oi, amor.

- Oi, só para avisar que estou indo para casa e deixei as chaves debaixo do tapete - sua voz mostrava desânimo. Não parecia a pessoa que havia dormido comigo.

- Ah, tudo bem. Não pretende voltar? - indaguei.

- Não vou poder, desculpa.

- Tudo bem. Você está bem? Aconteceu algo?

- Estou bem. Vou desligar, beijos.

A chamada finalizou antes que eu pudesse dizer algo. Sempre que eu acho que as coisas estão indo bem, elas voltam à estaca zero. E sempre foi assim. Voltei a me sentar na minha mesa e guardei o celular na bolsa.

- Não sei porque se afastou, consegui ouvir tudo. - ouvi Yoongi dizer.

- Não tem importância. Agora vamos voltar ao que estávamos fazendo. - Ele revirou os olhos, mas não me importei.

Comecei a explicar tudo novamente para Yoongi, que me ignorava cada vez mais. Eu não poderia desapontar a minha chefe desistindo do irmão dela, precisava fazer isso.

Na hora do almoço, Elizabeth passou por minha mesa chamando Yoongi, que a seguiu sem olhar para trás. Por um momento, suspirei aliviada por ter um tempo livre daquele garoto. Como podia ser tão preguiçoso e indiferente? Peguei minha marmita para esquentar e me sentei novamente, pegando o notebook. O maldito trabalho que eu não consegui começar já começava a me irritar.

Ele me surpreendia a cada dia mais e o meu amor só aumentava...

Misericórdia.

Ele me mostrou que o amor era algo que valia a pena lutar...

- Quer saber? Desisto de você! - falei para o meu próprio projeto de trabalho.

Talvez eu não levasse jeito para romance. Poderia escrever sobre esporte, notícias de última hora... Mas romance estava longe de ser o meu forte.

Depois de uma tarde inteira tentando colocar algo na cabeça daquele garoto, o meu horário de trabalho finalmente havia chegado ao fim. Nunca achei que diria isso, mas estava louca para sair do trabalho. Me despedi da senhora Min e fui até o meu carro. Dei a partida e dirigi em direção à faculdade. No meio do caminho, avistei um café que parecia ser novo ou eu não o tinha notado. Estacionei em frente e adentrei o lugar. Era bem fofo por dentro, era tudo de madeira com detalhes pretos e havia pisca-pisca pelas paredes, dando um clima no lugar. Sentei em uma das mesas e logo um garoto veio até mim. Ele tinha o cabelo preto com a franjinha levemente dividida, mostrando parte de sua testa. Ele sorriu, e que sorriso... Talvez eu tivesse um crush pelo garçom do novo café.

- Olá, seja bem vinda! Aqui está o cardápio. - Ele sorriu novamente, me fazendo derreter.

Li o crachá em sua blusa. Seu nome era Jimin.

- Oi, Jimin. Eu vou querer um pedaço da torta de limão e um cappuccino.

- É pra já! - Ele se curvou e se dirigiu até o balcão, passando as informações para uma mulher que havia do outro lado, e sentou-se no caixa.

Peguei meu celular para checar as horas, 17:25h. Daria tempo de comer tranquilamente. Jimin chegou com o meu pedido e sorriu novamente. O atendimento era incrível, simplesmente incrível.

Comi um pedaço daquela torta e pude ouvir o coro de aleluia. Tinha gosto das tortas que a minha avó fazia para mim. Como ela me fazia falta... Depois que minha avó morreu, eu fiquei sozinha e vim morar em NY. Fui criada pela minha vó, já que minha mãe morreu no parto. Eu nunca conheci o meu pai e não tinha irmãos. No começo foi difícil aceitar, mas depois já não fazia mais diferença. Eu morava em NY há 4 anos e conheci Peter na época mais difícil. Ele me ajudou a passar por momentos que eu achei que não passaria e eu sempre seria grata à ele por isso. Mas, como as coisas costumam mudar, nosso relacionamento não era mais o mesmo. Quando completamos 2 anos, Peter se mostrou mais complicado do que o normal, mas eu nunca deixei de amá-lo. Ele me ajudou muito e eu não poderia deixá-lo, precisava entendê-lo. Terminei de comer e fui até o caixa, para pagar.

- Deu 13 dólares. - Jimin disse e sorriu. Parecia que ele gostava bastante de sorrir.

- Aqui. - Entreguei-lhe o dinheiro e sorri. Ele se curvou e eu me curvei de volta, indo em direção ao meu carro logo depois.

My Salvation (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora