Capítulo 9

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Peter estava apagado ao meu lado. De vez em quando eu me assustava com um ronco seu. Olhei para o relógio em meu criado mudo, 3:05 da manhã. A cena do soco se repetindo em minha mente e eu ainda não conseguia acreditar. Mas eu não devia culpá-lo, às vezes fazemos coisas por impulso. E eu também era culpada. Talvez eu estivesse merecendo, ou não... Eu não sabia dizer. Minha cabeça chegava a doer de tantos pensamentos confusos. Eu o amava e sabia que ele me amava também. Ele não tinha culpa, isso mesmo. Ele não tinha culpa.

Despertei com o som do meu despertador e o desliguei. Minha cabeça latejava, mais parecia que eu estava de ressaca. O corpo ao meu lado ainda se encontrava dormindo. Me levantei e fui direto para o banheiro. Me abaixei na pia para escovar os dentes e ao levantar o rosto e olhar o meu reflexo no espelho, pude ver o corte em minha bochecha. Não era tão grande, mas estava dolorido. Me despi e entrei no chuveiro, lavei bem o corte para evitar uma inflamação ou algo do tipo. Envolvi a toalha ao corpo e procurei uma pomada que eu pudesse colocar, fazendo um pequeno curativo no mesmo. Escolhi uma roupa qualquer, já que não estava muito afim de me preocupar com isso e procurei a chave do carro para finalmente ir para o trabalho.

Adentrei o prédio e fui diretamente para a minha sala, esquecendo de passar primeiro na sala da senhorita Min. Ao chegar em minha mesa, me deparo com aquele ser humano de cabelos negros e olhos pequenos, que por acaso era a última coisa que eu queria ver na minha frente. Me sentei, ignorando totalmente a sua presença. O mesmo me olhou com um ponto de interrogação estampado na testa, mas pareceu não se importar segundos depois.

Comecei a fazer o meu dever, revisando alguns textos de Elizabeth, quando ouvi a mesma chamar pelo meu nome.

- Bom dia, senhorita Min - cumprimeitei-a assim que pisei em sua sala.

- Está tudo bem? - ela perguntou - Não passou aqui quando chegou... O que é isso em seu rosto? - sua expressão era desconhecida por mim.

- Eu... caí. Ontem. Desculpe não ter passado aqui antes e por ter esquecido o seu café - me curvei rapidamente.

- Tudo bem - respondeu - tome mais cuidado, ok?

- Obrigada! Vou tomar - sorri e saí de sua sala, fechando a porta da mesma.

Eu devia ter pensado em uma desculpa melhor. Mas não era nada grave, então talvez ela tenha mesmo acreditado.

Voltei para o meus afazeres, que por sinal eram muitos. Muitos textos para revisar e parecia que todos os eventos da senhorita Min seriam naquela semana. Eu deveria logo avisa-la sobre tudo isso. Yoongi pigarreou, me distraindo e chamando minha atenção para si. O olhei perdida.

- Você não vai me ensinar nada chato hoje? - perguntou, fingindo estar desenteressado.

- Estou ocupada - respondi sem o olhar.

- O que foi isso na sua bochecha? - indagou. Revirei os olhos antes de responder.

- Eu caí. Agora com licença que eu preciso me concentrar.

- Por que não disse aos meus amigos que me conhecia? Pensei que iria me desmentir e me deixar com cara de bunda.

- Vem cá... desde quando você fala tanto? - o olhei impaciente.

Yoongi me olhou por uns segundos e logo fechou sua cara, finalmente ficando em silêncio. Não falou mais nada até a hora do almoço, quando saiu com Elizabeth.

Peguei minha marmita e a esquentei, sentando novamente na mesa. Enquanto comia, lembrei da faculdade. Não estava no clima para ir à aula, apesar de que sentiria falta dos mesmos, mas só de pensar em ter que mentir para eles também, já me deixava desanimada. Resolvi que iria do trabalho direto para casa.

Yoongi não voltou mais no trabalho naquele dia. Talvez tenha fugido ou só pedido uma folga para a irmã. Eu até me senti aliviada, não aguentava mais o mesmo me encarando de cara amarrada. Me despedi da senhorita Min e voltei para casa. Não senti vontade de ir ao café também. Ao adentrar o apartamento, uma cena me surpreendeu. Uma mesa linda de café estava posta, com várias guloseimas que fizeram meu estômago roncar e minha boca encher d'água. Peter saiu da cozinha, aparecendo na sala com um sorriso e veio ao meu encontro, me surpreendendo também com um abraço.

- Como foi no trabalho? Está com fome? - perguntou e eu assenti - Vem, senta. Comprei tudo naquela padaria da esquina.

Me permiti comer um pouco de cada coisa que estava sobre a mesa. Tudo estava simplesmente delicioso. Peter perguntava se eu estava gostando a cada 5 minutos. Parecia querer dizer algo, estava inquieto. Continuei comendo, até que o mesmo começou a dizer.

- Sabe... - o olhei - eu queria me desculpar. Sempre tive dificuldade em demonstrar meus sentimentos, até você chegar na minha vida. Você sabe que eu te amo e eu jamais machucaria você... - parecia querer chorar - você me perdoa?

Aquelas palavras só confirmaram meus pensamentos de hoje mais cedo. Não era sua culpa. Eu estava tão ocupada com os meus sentimentos, que havia esquecido dos dele. Me levantei e fui em sua direção, sentando em seu colo e abraçando seu pescoço. Depois de alguns segundos, senti o mesmo apertar minha cintura, retribuindo o abraço. Afundei meu rosto em seu pescoço.

- Eu te perdoo, meu amor!

My Salvation (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora