"Às vezes, as pessoas entram na sua vida e, de repente, você não sabe como foi capaz de viver sem elas antes."
– Elle Kennedy, O Acordo.Gaby
Acordei com a luz do sol invadindo meu quarto, acompanhada pela voz da minha mãe ecoando pela minha casa.
Hoje é o primeiro dia de mais um ano letivo.
As férias de junho foram incríveis, mergulhei em tantos livros que perdi a conta, especialmente os lançamentos que eu tanto aguardava.
Apesar disso, não posso dizer que estou ansiosa para voltar ao colégio.
Alguns alunos insistem em me implicar comigo por eu ser gorda, como se isso fosse um convite aberto para ofensas.
Minha autoestima nunca foi das mais altas, mas não sou cega.
Tenho um espelho em casa, sei exatamente como sou e não preciso de ninguém apontando o óbvio.
Como minha mãe sempre diz: "Ninguém nunca ofuscou o brilho de quem sonha."
Levantei com certa preguiça, peguei meu uniforme novo e decidi customizá-lo para ficar parecido com os uniformes japoneses que tanto admiro.
Deixei meus cabelos soltos e peguei o meu gloss dentro da gaveta do meu guarda roupa.
Não sou de usar maquiagem, mas gosto de um gloss, tenho várias marcas e tipos diferentes.
Meu pai fez plantão no hospital, não estaria no café da manhã, então era só eu e minha mãe.
Na mesa, um copo com iogurte natural e algumas frutas frescas picadas nele me esperavam.
Comi sem entusiasmo, já prevendo que a fome me atingiria antes do recreio.
— Filha, sei que é pouco, mas essa é a dieta que a médica indicou — disse minha mãe, tentando suavizar o assunto.
— Você não precisa repetir o seu velho discurso, já sei de cor — respondi, um pouco irritada.
Ela sorriu, resignada, e me entregou uma vasilha pequena com salada de frutas para o recreio.
— Tenha um bom retorno às aulas — desejou, antes de tirar do bolso um pequeno envelope vermelho.
Dentro, havia um par de brincos em formato de coração e um gloss rosa com glitter.
Fiquei encantada, afinal eram muito fofos e combinam comigo.
Após desinfetar os brincos com álcool, coloquei-os e passei o gloss.
No espelho, meu reflexo parecia diferente, como se aquele presente tivesse trazido uma nova energia ao meu dia.
Despedi-me da minha mãe com um beijo na bochecha e saí.
Com os fones no ouvido, deixei Justin Bieber tocar enquanto caminhava até o colégio.
Estava distraída quando senti um puxão forte me jogando para trás.
Um carro passou em alta velocidade no semáforo que estava fechado, parece que havia perdido o controle, automaticamente o meu coração disparou.
Virei para ver quem tinha me segurado e dei de cara com um garoto que vi na caminhada, percebi que ele tinha uma expressão irritada no rosto.
— Você devia prestar mais atenção. Da próxima vez, talvez eu não esteja aqui para te salvar — ele disse, sério.
— Obrigada — agradeci, ainda atordoada.
Seu uniforme era o mesmo do colégio, mas nunca o tinha visto antes.
Impossível não notar como era bonito, a única vez que o vi foi na caminhada de domingo.
— Vou tomar cuidado, pode deixar — respondi, tentando manter a compostura.
— Quase morreu, sabia? — insistiu, num tom de bronca.
— Não preciso de sermão, você não é meu pai — retruquei, cruzando os braços irritada.
Ele suspirou, suavizando o olhar.
— Só quero que se cuide. Você parece ser uma garota incrível — me elogiou.
— Nem me conhece — murmurei, sentindo minhas bochechas esquentarem.
— Então vamos mudar isso — ele disse com um sorriso.
Seguimos em silêncio até o portão do colégio.
Percebi os olhares curiosos ao nosso redor, o que me deixou desconfortável.
— Não pega bem para você ficar andando comigo — sussurrei.
— Por quê? — ele perguntou, intrigado.
— Parece que você é popular. Não quero te prejudicar — respondi.
— E o que isso importa? — ele retrucou, descontraído.
Não respondi.
Apenas me afastei, indo ao encontro da minha amiga Mirela, que avistei poucos metros à frente.
Ela é alta, pele clara, magra, olhos verdes e possui cabelos longos loiro meio castanhos.
Ela estava usando a camiseta de uniforme, saia rodada vermelha rodada e um par de tênis vans da cor rosa.
Os seus cabelos estavam soltos porém muito bem alinhados, brincos de tamanho médio de argola dourados e um gloss rosa nos lábios.
— Bom dia, Mi — cumprimentei, tentando esquecer o episódio.
— Você é uma traidora — ela disparou, com uma expressão aborrecida.
— O quê? — perguntei, confusa.
— Sabe que gosto do Téo e mesmo assim ficou cheia de sorrisos para ele! — ela reclamou, olhando para onde ele estava, conversando com um grupo.
— Espera, ele é o Téo? — perguntei, surpresa — Mi, eu quase fui atropelada, e ele me salvou. Nem sabia que era o garoto de quem você tanto fala — contei.
Ela pareceu ponderar e, enfim, soltou um suspiro.
— Desculpa, Gaby. Fui muito precipitada — pediu.
— Então me dá um abraço, e estamos quites — sugeri, sorrindo.
Ela me abraçou apertado, e naquele momento, tudo pareceu voltar ao normal.
— Gostei do uniforme — comentou, rindo.
— Obrigada, Mi — respondi, aliviada.
O som do sinal ecoou, avisando que a aula estava para começar.
Seguimos juntas até a sala, onde o dia prometia ser, no mínimo, interessante.
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O Garoto Que Me Notou (Concluído)
Teen Fiction- Livro vencedor do concurso "Chapeuzinho Vermelho". Terceiro lugar da categoria melhor personagem Pulzise. - Capa feita pela GabsDutra - Barner feito pela minha amiga @MedusaDeAtenas 😍 Gaby é uma adolescente apaixonada por escrever, imersa em f...