Amigos ou inimigos?

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Notas iniciais: Só passando para postar, agradecer a todos que estão comigo nessa história e desejar uma boa leitura!

Capítulo 3.

Minha fome é sobrevivência, minha vontade é mecânica, minha beleza é esforço, meu brilho é choro, meus dias são pontes para os dias de verdade que virão quando essa dor acabar, meus segundos são sentidos em milésimos de segundos, o tempo simplesmente não passa.

- Tati Bernardi.

Estávamos correndo pela floresta, ao que me pareceu ser horas infinitas, enquanto tentávamos ficar o mais longe possível e seguros daquele bando de homens. Nós não tínhamos falado mais nada. Apenas os sons das nossas respirações ofegantes, e os galhos sendo esmagados por nossos pés, que quebravam o silêncio desde a nossa fuga urgente e desesperada.

Às vezes, io ainda olhava para trás, rapidamente, só para ter a certeza de que eles não estavam nos seguindo. O medo ainda estava presente em mim, porém o cansaço e o esgotamento físico pareciam que ia me derrubar, a qualquer momento. Eu queria parar, só que era impossível. Não quando a minha vida e a de Rick dependessem unicamente de correr. Mesmo que já quase não sentisse mais as minhas pernas, e estava apenas ligada no botão automático do instinto de sobrevivência.

Entretanto, io estava cansada, sonolenta e com muita fome.

- Rick, por favor, vamos parar - Pedi, já sem fôlego, enquanto me apoiava no tronco de uma árvore qualquer, e puxava o ar para os meus pulmões com força - Preciso respirar com urgência. Uma vida baseada em pizza e macarronada está sendo cobrada agora - Brinquei, tirando a mochila pesada, e a joguei no chão de terra coberto por folhas secas - O que aconteceu lá? - Perguntei, curiosa, puxando uma garrafinha de água e bebi um gole generoso - Toma - Ofereci-a.

Ele sentou-se ao meu lado e recostou no tronco, puxando a garrafinha para si, e tomou um gole generoso também. Vi hipnotizada algumas gotas escorrerem por seu pescoço e sumirem em direção a sua camisa. No entanto, fiquei envergonhada comigo mesma e a minha linha de raciocínio. Virei o rosto para o lado, com medo que ele visse como eu estava corada, e encarei o horizonte.

O que estava acontecendo comigo? Por Dio, tudo isso era culpa daqueles enlatados vencidos.

O fitei de esguelha, mas não me esquecendo de querer saber qual foi motivo daqueles tiros.

- Eu tentei dormir um pouco em um dos quartos, enquanto você não voltava, foi quando despertei com o barulho deles entrando na casa - Começou ele, com a cabeça encostada no tronco e os olhos fechados - Só tive tempo de me enfiar debaixo da cama, antes que um entrasse e deitasse nela... - Suspirou pesado, abrindo-os e fitando o céu azul límpido. O tom era quase o mesmo que o seu - Houve uma briga com outro do grupo, e o vi ser morto na minha frente. Ele estava sendo enforcado, mas me viu... - Encarou-me sem emoção alguma no rosto - Não conseguiu dizer nada antes de morrer.

Fiquei em silêncio, apenas o fitando pensativa e sem saber o que falar. Rick também me olhava de uma forma séria e concentrada, analisando-me com intensos olhos azuis. Ele parecia que queria ler a minha alma. Franzi a testa ao notar que as suas mãos tremiam um pouco e, sem pensar muito a respeito da minha atitude, peguei-as nas minhas e apertei-as, tentando passar uma espécie de sensação reconfortante.

As suas mãos estavam geladas e suadas, demostrando o quão estava nervoso. De repente, me vi ainda mais curiosa e preocupada com o seu bem-estar, o que poderia não ser algo bom para mim futuramente.

- E o que mais ocorreu lá, Rick? - Insisti, preocupada, porque io sentia no peito como ele estava abalado demais com os últimos acontecimentos - Pode me falar qualquer coisa que nunca te julgarei - Afirmei, lhe oferecendo um sorriso sincero.

Epitáfio de Alice - Rick Grimes.Onde histórias criam vida. Descubra agora