Família - 3.

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Notas iniciais: Ahhhhhhhhhh, passamos de 500 estrelinhas!😍😍😍😍 Muito obrigada, meu povo!!!! Boa leitura!

Capítulo 34.

As ligações de amizade são mais fortes que as do sangue da família.
- Giovani Boccaccio.

Me sentia presa. Io queria desabar, permitir que as lágrimas viessem e gritar a plenos pulmões, porém não podia. Não naquele instante. Queria colocar para fora todos os sentimentos e sensações ruins, que pesavam e apertavam o meu peito de uma forma tão dolorosa, tão cruel. Era como se eu estivesse sendo rasgada de dentro para fora lentamente, enquanto os segundos se arrastavam e não sabia como ambos estavam, onde estavam.

Io tinha a impressão de estar presa em uma caixa de vidro, pequena e apertada, que fora jogada na imensidão do mar e na parte mais profunda. Respirar normalmente havia virado uma tarefa difícil, quando o bolo na minha garganta apenas parecia aumentar. Meus olhos ainda ardiam em lágrimas de raiva não derramadas. Era profundamente claustrofóbico e angustiante não saber quando tudo acabaria, como seria o fim.

Achar o galpão foi como reacender a chama da esperança, de que tudo acabaria bem, no meu coração. Por breves segundos, eu tive essa certeza, afinal estávamos tão perto de achá-lo e de voltarmos para casa, para a nossa família. No entanto, como um balde de água gélida fosse despejada sobre a minha cabeça, veio uma vozinha baixinha e sem vida sussurrando que nada acabaria bem.

Não!

Não queria acreditar, não podia. Então, me apeguei nas faíscas de esperanças e na minha própria fé como se fossem uma tábua de salvação. Pois, era exatamente o que eu precisava para não me render ao desespero, o medo e a grande incerteza do futuro.

Io tinha que ser forte. Era preciso!

- Savannah Jones – Repetiu pela terceira vez, rompendo o curto silêncio que tinha se instalado no galpão – Mas, você ainda não se apresentou, querida – Acusou com os olhos fixos em mim, enquanto um sorriso ameaçava a nascer nos seus lábios finos.

Me mantive calada e impassível, porém a minha mente maquinava uma rota de fuga para mim e o caipira. Só que nada me vinha a mente, e não parecia existir outra saída, que não fosse pela entrada pela a qual passamos. E isso foi apenas mais um acréscimo para o meu pavor. Desviei o olhar dela brevemente, uma vez que uma janela alta e com o vidro quebrado chamou a atenção, repentinamente. Porém, não dava para ser um ponto de fuga, pois havia grades de ferro impedindo a passagem.

- Pensei que você fosse mais falante – Ela comentou em tom brincalhão.

O seu sorriso apenas ficou maior, quando ela levou a mão as costas e puxou algo, revelando ser uma faca de caça em seguida. Discretamente, engoli em seco e segurei a barra de ferro fortemente, como se o metal frio me desse algum tipo de segurança e certo conforto no momento.

Permaneci calada e sem mover um único musculo, entretanto percebi que Daryl moveu-se para mais perto e ficou quase ao meu lado, protetoramente. Eu sentia a tensão, a irritação e o medo vindo dele em ondas, e a ansiedade pelo que veria e o terror na boca do meu estômago apenas aumentavam a cada instante.

Savannah começou aproximar-se e ergueu a mão, quando dois dos seus homens deram sinal que iriam acompanha-la. Eles paralisaram no mesmo instante, e o mais baixo lançou-nos um olhar de pura diversão. Trinquei os dentes, mas a minha mão coçava para mostrar o dedo do meio, e a minha língua pinicava para que io vociferasse o meu repertório de palavrões em italiano.

Infantilidade, eu sei. Às vezes, sou apenas impulsiva, quando exposta a situações de perigo iminente, ou de puro estresse.

- Eles não são tolos em reagirem, não com os seus amiguinhos aos meus cuidados – Ela comentou com deboche, parando a centímetros de nós, e me encarou, divertidamente – Não é mesmo, caipira? – Piscou para Daryl ao tentar tocá-lo no rosto, mas ele desviou – Pelo jeito, você também é bem arisco – Afastou-se um pouco risonha, ficando na minha frente de novo.

Epitáfio de Alice - Rick Grimes.Onde histórias criam vida. Descubra agora