Epitáfio de Alice - Rick Grimes.

Rota de colisão.

Nota finais: OLÁ! Capítulo super light e será pelo ponto de vista de Beth. Por favor, leem as notas finais. Boa leitura!

Capítulo 15.

Point of view - Betina Greene.

Oh, espero que algum dia eu consiga sair daqui

Mesmo que demore a noite toda ou cem anos

A de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar um perto

Quero me sentir vivo, lá fora posso enfrentar meu medo

Lovely - Billie Eilish feat. Khalid.

Até onde consigo me lembrar, sempre estive na sombra da minha irmã mais velha, e ela também era a filha preferida do nosso pai. Apesar dele nunca ter tido em voz alta, eu via nos seus olhos exatamente a adoração que sentia por ela, mas nunca teve na mesma intensidade pelo meu irmão ou por mim. Porém, como eu poderia culpa-lo? Maggie era independente, forte e uma verdadeira força da natureza.

E quanto a mim? Sempre fui a filhinha do papai, a certinha e a religiosa que tentava receber o mesmo olhar do meu pai, mas nunca conseguiu sequer chegar perto disso. Doía pensar nisso, e já chorei abafado contra o meu travesseiro, inúmeras vezes, para que ninguém da minha família me ouvisse.

E agora? Eu me encontrava cansada, consumida, frustrada e a sombra do que fui um dia antes do apocalipse. E acima de tudo, saturada por depender tanto dos outros para continuar respirando. Além disso, sempre fui um peso morto, um estorvo para todos. Devo cada batia do meu coração a Rick, Ally e a ele.

Principalmente, a ele que havia se tornado o dono do meu coração, porém não percebia, ou fingia não perceber. Entretanto, eu acreditava cegamente na segunda opção, pois era assim que ele disse que deveria ser após me beijar noites atrás: isso nunca aconteceu.

Contudo, eu ainda podia sentir o gosto do seu beijo quente e feroz na minha boca.

Soltei um suspiro pesado e olhei em direção a estrada, que dava diretamente para a entrada da igreja, enquanto Abraham estava ocupado em arrumar o ônibus com Rosita e o resto do grupo estava espalhado. Soltei uma risada ao pensar em como Alice ficaria brava e soltaria inúmeros cazzo, assim que visse que o ruivo ainda insistia em acreditar em Eugene e na tal cura.

Pensar em minha amiga, me trazia esperanças e uma grande convicção de que tudo poderia mudar, afinal, ela estava me mostrando e me ensinando, mesmo que inconscientemente, a ser forte.

- Betina - Ela murmurou o meu nome seriamente - Você precisará aceitar o fato que matou pela primeira vez, e matará mais vezes até o final da sua vida - Interrompeu-se ao franzir a testa - Esse é o mundo em que vivemos agora: ou você mata, ou será morta. Lamentar não irá resolver os seus problemas. Você não queria ser forte? Então, comece agora mesmo - Exclamou intensa - Engula a merda desse choro, se levante e vamos embora - Ordenou, levantando-se do chão - Está nas suas mãos ser uma garotinha chorona e fraca, ou a mulher forte que eu sempre acreditei que você é.

Suas palavras não saiam da minha cabeça. Serei eternamente grata a ela por ter me dado esse choque de realidade, que eu sempre precisei e ninguém nunca teve coragem de me dizer antes. Agora as minhas mãos estavam sujas de sangue, como as de quase todos da nossa família, mas apenas matei para sobreviver e salvar uma pessoa importante para mim.
Afinal, amigos são a família que escolhemos.