Fazenda Greene.

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Notas iniciais: Hey, boa tarde. Capítulo leve, então tenham uma boa leitura!

Capítulo 24.

Pouco a pouco

Centímetro por centímetro

Nós construímos um quintal com um jardim no meio

Não é muito

Mas é um começo

A face to call home - John Mayer.

Desci do minivan e bati a porta com um pouco mais de força, contudo sem tirar os olhos da grande e simples casa que erguia-se no meio da fazenda Greene. Era toda construída em madeira branca, dois andares e com a imensa varanda, que aparecia dar uma boa volta ao redor do imóvel.

Não havia muita coisa por perto, além da densa floresta aos fundos da casa, poucas árvores nos flancos e em um vasto pasto na frente, que sumia de vista até a margem de outra floresta. Mas no lado esquerdo, muito queimado e caindo aos pedaços, estava o que um dia fora um antigo celeiro.

Na verdade, tudo o que vi até agora, me dava a nítida impressão que era um lugar muito triste, pesado e carregado por más vibrações, além das tragédias que já haviam acontecido no pós-apocalipse. E para mim era impossível, não me indagar se a Fazenda Greene um dia fora verdadeiramente feliz.

De repente, todas as minhas convicções e os planos futuros para nós foram balançados pelo surgimento de dúvidas no meu coração. Io queria sim um lugar para chamar de lar, pode deitar e dormir à noite inteira sem ter sempre o medo de ser atacada. Entretanto, agora parecia haver um abismo entre o que poderíamos ter e o que estarmos na fazenda poderia significar para alguns de nós. E, sinceramente, se para ter isso tudo em mãos, significasse prejudicar e puxar alguns para o buraco de lembranças amargas, io preferiria cair na estrada outra vez até achar outro lugar.

E em contrapartida, vinham Carl e Judith. Ambos mereciam muito mais do que tínhamos agora, ou seja, quase nada para oferecermos a eles. E se permanecemos e reformássemos a fazenda, os dois cresceriam com o máximo de paz e segurança que poderiam ter em meio ao apocalipse zumbi.

Era uma sinuca de bico. E como estaria a cabeça de Rick nesse momento? Provavelmente, mais cheia e conturbada que a minha.

Era irônico, como passei me importar e querer cuidar de outras pessoas do nada. Quando, em vários momentos de pura solidão e lágrimas, jurei a mim mesma que nunca mais me apegaria, não criaria laços emocionais ou qualquer tipo de sentimento por outra pessoa. E agora me encontrava apaixonada por um cara, tendo um forte carinho por seus filhos e criando laços de amizades com estranhos.

Rick.

Soltei um leve suspiro ao pensar nele e mordi meu lábio inferior, fitando-o de esguelha. O xerife estava inquieto e possuía expressão cansada no rosto, enquanto conversava com Daryl um pouco afastados de mim. Meu corpo pinicava para ir até eles, e o abraçar bem apertado, acalentando-o. Eu havia notado seus olhos perdidos e fixos no celeiro, quando chegamos e ainda estávamos dentro do carro, mas ele nada disse.

Por breves segundos, fechei meus olhos e fiz uma careta de dor, pois minha cabeça latejava na lateral esquerda de uma forma bem incomoda. No entanto, procurar um remédio ficaria para depois, afinal deveria ter alguma coisa enfiado em algum canto da minha mochila. Abri-os e encarei a copa da árvore, enquanto a minha conversa com Betina me veio à mente.

''- Nós não sabíamos, que a filha de Carol estava no meio dos outros mortos vivos no celeiro... – Betina soltou um leve suspiro, antes de prosseguir – Que meu pai acreditava estarem apenas doentes, e que pudessem ser curados em algum momento – Ela ergueu a cabeça, e me fitou com olhos marejados – Minha mãe estava lá também, Ally''

Epitáfio de Alice - Rick Grimes.Onde histórias criam vida. Descubra agora