Família - 1.

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Notas iniciais: Preparad*s para o começo do fim?

Capítulo 32.

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.
- Léon Tolstoi.

Passei a mão por meus cabelos e soltei um suspiro pesado, que era apenas uma parte quase nula do que io sentia naquele momento. Era um misto de sentimentos borbulhando no meu âmago, porém confusos demais para me apegar a qualquer um como uma tábua de salvação.

Raiva, frustração, irritação, medo, incerteza e faíscas de esperança brigavam ferozmente para ver quem era o mais forte e comandaria o resto. Tentei segurar-me na esperança, contudo a incerteza e o medo ficavam puxando o seu pé, levando-a em direção ao buraco negro do pior.

Io me sentia tão sobrecarregada nas últimas horas, que a minha maior vontade era de sentar e desabar em lágrimas, extravasando tudo o que pesava no meu peito. Principalmente, pela minha falta de ter mais esperança.

Meus olhos arderam em lágrimas não derramadas, então fixei-os nas copas verdes e densas das árvores, pois não queria que eles vissem o meu estado emocional tão abalado. Queria ser forte por mim mesma, por eles e o nosso amigo, contudo estava fraquejando logo em um momento tão difícil.

Io estava apavorada.

Já deveria ser meio dia, e o sol estaria alto no céu azulado. Porém, pelas árvores serem bem altas e fechadas nas copas, poucos raios solares conseguiam adentrar pelas folhas verdes, deixando a floresta um pouco mais escura do que deveria ser. E contrapartida, o calor estava praticamente insuportável, e não havia a menor brisa para aliviar um pouco a sensação térmica.

Tudo isso, apenas contribuía para aumentar ainda mais a tensão que rondava o nosso pequeno grupo de busca, deixando-nos mais sensíveis, mal-humorados e mais emocionais do que racionais.

Fechei os olhos e concentrei-me na minha própria respiração, contando de um até cem em italiano para tentar me acalmar. Isso era algo que eu fazia constantemente, quando vagava sozinha e só tinha os meus próprios pensamentos como companhia. Havia um bom tempo, que não praticava tal coisa.

Após me sentir mais calma e racional, abri-os e pendi a cabeça para o lado, encontrando-os parados e com expressões sérias, nos rostos sujos e suados, a pouco passos de mim. O arqueiro estava agachado e concentrado com o olhar fixo no chão. Já Rick dividia um olhar entre o que o amigo dizia, e ao mesmo tempo me analisava com preocupação explícita nos olhos claros, deixando-me desconfortável. Afinal, tínhamos coisas mais importantes para ser o foco da nossa atenção, e não havia espaços para as minhas fraquejas pessoais.

Apenas forcei um sorriso, desviando o olhar em seguida.

- Conseguem ver? – Daryl indagou sério, apontando para o chão coberto por gravetos e folhas secas – Eles passaram por aqui – Grunhiu irritado e frustrado ao passar a mão pelos cabelos ensebados.

Silenciosamente, agachei-me e enruguei a testa, encarando onde estava remexido e fiquei mais curiosa. Os padrões das folhas estavam diferentes das laterais, e aparentemente haviam sinais de que quatro pessoas passaram por ali, usando botas ou algum calçado com o solado parecido. Já o quinto sinal, era mais marcante e completamente o oposto, dando-me a impressão que alguma coisa, ou uma pessoa, bem pesada tivesse sido arrastada.

Soltei um suspiro pesado e bati nas minhas próprias coxas com as mãos, erguendo-me quando ouvi o som de um gemido vindo na nossa direção. Virei-me para trás, encontrando uma morta viva que estava a metade do rosto amassado, sem um braço e com uma faca enfiada no estômago. Guardei a pistola no coldre, ao mesmo tempo em que puxei a minha katana e a girei no ar em círculos.

Epitáfio de Alice - Rick Grimes.Onde histórias criam vida. Descubra agora