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Fomos comer a sobremesa logo depois da sessão de nostalgia. Myeo-ryun fez um cheesecake maravilhoso, comi até não aguentar mais. O meu mousse acabou em minutos, Johnny comeu mesmo quase tudo sozinho. Nem parecia que tínhamos jantado, mas é que nós dois éramos formigas para doce.

Depois, tudo o que eu pensava era em ir para casa, esse dia já estava bem longo para mim. Meu sono estava tão grande que eu só lembro de ter chegado em casa e caído na cama, era para eu ter trocado de roupa, mas a preguiça foi maior e dormi antes disso acontecer.

***

Acordei num pulo sonhando que estava caindo, vi que já estava claro lá fora. Levantei-me para ver as horas, já eram dez horas da manhã. E pelo silencio no apartamento, Johnny e Chohee ainda estavam dormindo.
Fiz minha higiene matinal e fui em busca de um café.

Minha barriga roncava pedindo por algo. Realmente quando comemos demais em uma noite, na manhã seguinte acordamos morrendo de fome. Liguei a televisão para não ficar um completo silêncio e comecei a preparar minha refeição. Quando terminei, sentei para comer, nesse momento Johnny saiu do quarto bocejando e esfregando os olhos.

— Bom dia. — falou quando me viu sentada no sofá.

— Bom dia. — respondi e em seguida dei um gole em meu café.

— Acho que era bem tarde quando fomos nos deitar ontem. Agora são, — Johnny olhou em seu relógio no pulso. — quase onze horas.

— Eu nem vi as horas ontem, só me deitei.

— Eu também estava cansado... Tão cansado que dormi com o relógio no braço, acabei de perceber isso. — apontou para o relógio.

— Espero que tenha dormido bem. — olhei para a televisão, que passava um jornal local.

— Dormi muito bem, acordei bem e... Com fome, — Johnny colocou uma mão sobre o estômago. — e já acordei pensando nos planos para hoje. Mas antes vou escovar os dentes.

— É uma boa ideia, estou sentindo o cheiro daqui. — cobri meu nariz.

— Que mentira. — Johnny foi depressa para o banheiro e eu ri.

Quando voltou, ele me acompanhou no café da manhã. Eu também já tinha pensado em algo para o dia de hoje.

— Eu estava pensando... — comecei assim que Johnny se sentou ao meu lado. — Podíamos almoçar fora hoje. Tem uns restaurantes legais pela cidade.

— É uma boa ideia. — Johnny concordou.

— E você pensou em quê? — olhei para ele, esperando para ouvir seus planos.

— Podíamos ir ao Skydeck, aí depois podemos ir almoçar e passear mais pela cidade. — ele se inclinou para frente, apoiando os braços nos joelhos.

— Já tem um tempo que não vou ao Skydeck, vai ser legal. Se vamos almoçar pela cidade, então podemos ir agora.

— Vou acordar a Chohee. — Johnny se levantou, indo para o quarto.

E assim foi. Em questão de minutos já estávamos prontos. Chohee tomou um café rápido visto que logo iríamos almoçar.

O Skydeck é um dos pontos turísticos mais famosos de Chicago. Ele é um observatório, fica no alto de 103 andares do arranha-céu Willis Tower's. É uma experiência incrível.

Chegamos ao lugar que, felizmente, não estava tão lotado. Se estivesse cheio seria difícil disputar um espaço na janela para poder ver a cidade de cima. Entramos na fila, onde fazemos o caminho vendo painéis e vídeos contando a história da cidade. Depois disso ainda fomos para uma sala onde foi apresentada a história completa do prédio e detalhes da arquitetura de Chicago.

Eu prestei atenção em tudo como se fosse a primeira vez, como se fosse uma turista. Os moradores de Chicago normalmente não têm pressa para visitar esse lugar porque sabem que sempre vai estar ali, podem ir a qualquer momento. Viam aquilo mais como rotina do que novidade, ao contrário dos turistas. Eu mesma fui poucas vezes, ouvir todas aquelas informações foi como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez, relembrei o que eu havia esquecido.

Ao fim do vídeo, nos preparamos para subir ao mirante. Pegamos o elevador. Chegamos ao topo do prédio, no salão rodeados de grandes janelas de vidro. Fomos até uma das plataformas que "saía" do prédio e nos dava a sensação de estar voando.

— Que incrível. — Chohee se inclinou sobre o vidro com as mãos apoiadas nele.

— Demais, não é? — Johnny estava ao lado dela.

— Tenho que registrar isso. — a garota pegou seu celular e começou a fotografar.

Podíamos ver quase que a cidade inteira ali de cima, as pessoas lá embaixo pareciam formiguinhas.

— Lindo é vir aqui ao pôr do sol, quando todas as luzes começam a se acender e logo depois a noite toma conta. — falei relembrando a segunda vez que estive ali.

— Foi a vista que te acalmou aquela vez, não é, foquinha? — Johnny me olhou.

— É... Foi. — me virei para a paisagem lá fora.

Não foi bem assim "a vista".

Estávamos no último horário para subir ao Skydeck. Johnny tinha inventado de última hora, enquanto estávamos na casa dele assistindo televisão, de ir até o arranha-céu. Ele disse que estava afim de ver o pôr do sol, mas de um lugar bem alto, e um lugar bom para isso era no mirante da cidade.

Eu fui com Johnny, mesmo tendo um certo medo de altura, ele me convenceu. Quando terminamos o vídeo, começamos a subir para o topo do prédio, senti um frio na barriga, senti que ia ficar sem ar. Não era como se eu nunca tivesse ido, era a segunda vez que eu estava ali, mas da primeira vez eu permaneci bem longe da janela, só observei sem precisar encostar completamente na janela de vidro.

Fiquei parada no meio da sala esperando Johnny, todas as outras pessoas tentavam ocupar um espaço nas janelas para olhar e fotografar. Quando Johnny viu que eu não estava perto dele, saiu de seu lugar e veio até mim.

— Vai vir ou não? — perguntou.

— Você sabe que eu não sou muito fã de altura, Johnny. Posso te esperar aqui. — apontei para o chão.

— Ah não. Essa não era a resposta que eu queria ouvir, vem comigo. — ele pegou minha mão e me levou até uma das plataformas de vidro. — Olha!

— Não dá. — tentei olhar rápido, logo fechei meus olhos.

Eu estava pisando em vidro, as paredes, o teto, o chão, tudo aquilo em volta de nós era vidro. Estávamos meio que em uma caixa de vidro que saía para o lado de fora do prédio, dava para ver tudo como se você estivesse voando.

— Foquinha, — Johnny me chamou com a voz baixa. — eu estou aqui com você. Pode abrir os olhos, você não vai cair, estou te segurando. — ele colocou um dos braços em volta de mim e segurou na minha mão com a outra mão livre.

Senti tudo isso com os olhos fechados, senti também as batidas do meu coração se acalmarem e minha respiração ficar controlada. Senti o calor do seu corpo perto do meu. Isso de um modo me trouxe a calma que eu precisava e me deu a confiança para abrir os olhos. Eu podia confiar em Johnny, sei que ele estaria mesmo comigo.

Abri meus olhos devagar, olhei para Johnny que sorriu e eu sorri de volta.

— Corajosa! Muito bem. — Johnny disse. — Está indo muito bem. De pouco em pouco você perde esse medo.

— Espero que sim.

Olhei para frente, bem no momento em que os últimos raios de sol se escondiam. O céu se dividia entre laranja, azul claro e um azul escuro que começava a ganhar os primeiros pontinhos de luz, que eram as estrelas. As luzes da cidade que faltavam acender, foram todas acesas, aquilo contribuiu para deixar a paisagem mais linda e me deixou melhor ainda.

Eu ainda não tinha superado totalmente meu medo de altura, mas a única razão de eu estar ali novamente, naquela plataforma, era porque Johnny estava ali ao meu lado. A minha motivação para enfrentar meus medos vinha dele e eu sei que posso confiar nele até de olhos fechados.

My Best Friend | Johnny SeoOnde histórias criam vida. Descubra agora