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Eu ainda podia sentir aquelas sensações como se tivesse acontecido ontem. Parecia haver borboletas no meu estômago.

Eu considerava a paixão um sentimento bobo, ver a paixão alheia me fazia revirar os olhos. Eu não entendia como alguém podia ficar tão bobo por causa de outra pessoa. Meu orgulho dizia que eu nunca ficaria assim por causa de alguém, mas não era isso que estava acontecendo. Ao contrário de ficar boba, meu coração estava ficando em pedacinhos e a outra pessoa nem sabia que estava fazendo isso.

Descemos do mirante. Quando chegamos lá embaixo, eu ainda pensava em tudo que havia acontecido lá em cima anos atrás. Estava tão distraída que até perdi Johnny e Chohee de vista. Olhei em volta, o tempo que passamos no mirante, foi o suficiente para as pessoas chegarem e o lugar encher mais, eu estava no meio de uma multidão.

Avistei os dois em frente a uma loja, eles olhavam para dentro dela. Me aproximei deles e vi que era uma loja de presentes, os dois conversavam sobre uma mini réplica da Willis Tower's exposta na vitrine.

O que reparei foi que Johnny não agia como um bobo perto de Chohee, não sei se ele evitava isso na minha frente ou se ele já tinha passado dessa fase. Essa fase acabava mesmo ou ela era permanente enquanto seus sentimentos pela outra pessoa durassem?

— Vamos entrar, quero ver o que mais essa loja tem. Eu quero levar uma lembrança. — Chohee segurou na mão de Johnny e o levou para dentro da loja.

Fiquei parada ali fora olhando a vitrine, meus olhos focaram em meu reflexo no vidro. Meu rosto estava com uma expressão triste, estava bem na cara que algo estava acontecendo dentro de mim e meu semblante nem disfarçava isso. Balancei a cabeça para afastar isso e entrei na loja.

Johnny estava em um corredor, perto de uma prateleira com canecas personalizadas, enquanto Chohee via as camisetas e chaveiros.

— Gostou de alguma? — me aproximei de Johnny.

— São legais. Mas acho que não vou levar. — ele devolveu para a prateleira uma caneca que segurava.

— Por que não? — comecei a olhá-las também.

— Não sei. Sabe... Eu sinto como se eu ainda morasse aqui. Por que eu iria comprar uma lembrança da minha própria cidade?

— Entendo. Você nunca quis sair daqui realmente, não é? — olhei para ele.

— Claro que não... — Johnny pegou outra caneca e analisou ela. — Quero dizer, se eu morasse aqui ainda, provavelmente estaria planejando em ir para outros lugares, mas só para conhecer. E mesmo indo para outros lugares, acho que eu sentiria falta de Chicago. — devolveu o objeto para o lugar novamente. — É onde nasci, é onde está minha casa... É onde... Tenho memórias especiais.

Johnny disse a última parte olhando em meus olhos. Me senti completamente sem forças para esconder o que eu sentia, estava tudo na ponta da minha língua.

— Johnny... — sussurrei.

— Então... — ele pigarreou e voltou a olhar para a prateleira. — Sobre esse cara que você está gostando... Ele é daqui?

Olhei para baixo e balancei a cabeça concordando.

— Você devia dizer o que sente, vai se sentir melhor. — Johnny se virou para a prateleira oposta, e pegou um globo de neve. — Pelo jeito que você vem agindo, acho que guardar isso está te deixando mal.

— Não sei se eu deveria fazer isso. — sussurrei.

— Gabriela... — Johnny se virou para mim. — Quem é ele?

— Achei o que quero levar. — Chohee apareceu ao seu lado mostrando um copo.

Olhei para os lados tentando não olhar nos olhos de Johnny, ele ainda estava parado esperando por uma resposta, se eu olhasse em seus olhos, minhas forças iriam embora novamente e eu não ia mais aguentar segurar. Meus olhos pararam na pessoa que apareceu atrás do balcão do caixa da loja, o reconheci imediatamente.

— Lucas!? — falei em um tom baixo.

— O que? O Lucas? O Lucas do nosso colégio? — Johnny perguntou.

— Hm? — me toquei do que eu tinha falado. — N-não... Eu... Quero dizer...

— Por isso não queria me contar? Por que é o Lucas?

Johnny se virou e viu Lucas atrás do balcão. Saiu andando em direção a ele, tentei segurá-lo, mas não deu tempo. Dei um tapa em minha própria testa e o segui.

— Oi, Lucas. Lembra de mim? — Johnny se encostou no balcão.

— Desculpe... Acho que não. — Lucas olhava para Johnny tentando achar algo. — Quem é você?

— Sério? Sou o Johnny, não lembra mesmo? Amigo da Gabriela.

— Johnny... — Lucas repetiu baixo. — AH! Lembrei, agora eu lembro, sim. Johnny, quanto tempo. Como vai você?

Os dois se cumprimentaram com aperto de mão.

— Ótimo. Que legal encontrar você aqui.

— Digo o mesmo. Já tem alguns anos. Agora eu tenho até um pouco de vergonha pela lembrança que os outros tem de mim da época do colégio. — Lucas sorriu sem graça.

— Ah! Todos mudamos. — Johnny abanou o ar.

— Então você está de volta, fiquei sabendo que você tinha ido embora.

— Na verdade estou de passagem. Podíamos combinar algo, beber e conversar um pouco. Não é, Gabriela? — Johnny olhou para mim. — Nós quatro, vai ser legal.

— Quatro? — Lucas perguntou.

— Ah, é. Essa é a minha namorada. — Johnny apontou para Chohee e ela acenou.

— Legal ver que vocês dois ainda estão amigos. — Lucas se referiu a mim e Johnny. — Perdi contato com muitos.

— Então vamos fazer algo. — Johnny comentou mais animado que o normal.

— Legal, eu estou livre amanhã de noite.

— Combinado. Te passo meu número, aí combinamos o lugar.

— Beleza. — Lucas pegou o celular no bolso.

Me afastei do grupinho para esperar lá fora. Por que eu fui abrir minha boca? Eu não sei o que eu iria fazer agora.

My Best Friend | Johnny SeoOnde histórias criam vida. Descubra agora