Telefonemas.

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"Óptimo." – Ele disse e se afastou de mim me entregando o meu celular – "O seu celular."

"O-obrigada."

"Até breve."

"Só assim? Eu não faço nada?"

"Vai saber quando for a hora. Agora, vá para casa. Descanse, relaxe... A viagem foi longa e a de volta será ainda maior."

"Então... Está bem?" – Abri a porta – "Adeus?"

"Adeus."

Fechei a porta e entrei no carro. Quase na estrada, ouvi uma explosão. Parei e tentei ver o que explodiu e me deparo com o armazém em chamas.

"Oh céus!" – Eu digo é meu celular vibra. Vou ver a mensagem e vejo que é de um número desconhecido mas pela mensagem dá para entender que é de Travis:

"Não se preocupe. Continuo vivo."

"Engraçadinho."

Continuo conduzindo e rapidamente me encontro na entrada da cidade. Aí, meu celular toca.

"Alô?"

"Malu."

"Pai?"

"Onde você está, Malu?"

"No parque. Porquê?"

"Onde esteve toda a tarde?"

"De repente isso importa para você? Isso quer dizer que a minha vida está em perigo outra vez, certo?"

"Não brinque."

"Estive fazendo recados. Não se preocupe, ainda ninguém tentou me matar."

Desliguei o celular e ele voltou a chamar quase imediatamente. Mas, dessa vez, era Manuel, meu irmão.

"Aaaah, o que quer?"

"Vá para casa Malu. Agora."

"Nem pense que irei para casa!"

"A sua casa." – Me mantive calada – "Isso mesmo Malu."

"Você me paga."

Desliguei o telefone e fui para casa.

Cheguei e encontrei a porta aberta e a casa totalmente desarrumada.

"Manuel!" – Eu disse e o empurrei – "Qual é a sua ideia?!"

"Tinha que me certificar de que não há nenhuma escuta."

"Escuta? Quem haveria de querer me escutar? Eu não tenho nada a ver com vocês."

"Você ainda é uma Gonzaga."

"Uma ova que sou!"

"Malu!"

"Simplesmente me diga o que quer."

"A Interpol está na cidade."

"Ela não está sempre?"

"Não."

"Ah, tá."

"Vai dizer que não sabia?"

"Não. Vou perguntar o que tenho a ver com isso."

"Malu, você é a única entrada livre para o clã. Você sabe disso."

"Eu já disse que não faço parte do clã."

"Não importa o que diga, será sempre a Maria Lúcia De La-"

"Vá directo ao ponto, Manuel."

"Eu quero levar você para casa."

"Não."

"Precisamos te proteger. Você sabe disso."

"Eu preferia a protecção de um gato."

"Malu." – Meu pai disse enquanto entrava na casa.

A voz dele me paralisava. Falar com ele pelo telefone era uma coisa. Falar com ele ao vivo era reviver a minha infância...

Eu já o vi fazer demasiadas coisas cruéis e desumanas para o ver simplesmente como o meu pai e não como o Senhor Luís Marcos Gonzaga do Cartel Gonzaga, senhor da droga do Sul do México.

Virei devagar e o olhei directamente nos olhos.

"Pai." – Eu disse.

"Porquê que ainda está aqui?" – Disse meu pai.

"Porque eu não vou convosco. Achei que já soubesse."

"Manuel, fora."

Manuel não hesitou e saiu andando, fechando a porta atrás dele.

"Acho que não me fiz entender quando te deixei vir até aqui... Você é o meu bem mais precioso. A minha única filha."

"Eu não vou."

"Faça-me entender o porquê."

"Vocês são traficantes. Eu não. É lógico."

"A atitude na sua voz não é a mesma que a atitude no seu corpo. Você já cedeu Malu. Você tem tanto medo de ficar aqui quanto tem de António."

António Gonzaga. Meu tio. Alguém pior que meu pai, só o meu tio.
Meu medo dele se devia ao facto de eu o ter visto matar pessoas simplesmente por discordar dele com facas. Muitas facas...

"Isso não é justo..." – Eu disse – "Você não pode simplesmente me obrigar a voltar para casa..."

"Mas estou fazendo isso, não estou?" – Ele estendeu sua mão – "Vamos."

"E minhas coisas?"

"Você tem coisas lá."

Com muito receio, segurei a mão dele e ele me levou até a um dos dez carros que estavam estacionados lá fora. Assim que ele fecha a porta e me deixa sozinha, meu celular chama.

"Aí tem uma mochila com algum material que vai precisar."

"O-"

Antes que pudesse continuar a frase, a pessoa desligou e o motorista entrou.

"Menina Malu." – Ele disse e acenou com a cabeça.

"Você é novo... Como se chama?"

Ele se virou para mim e com um sorriso sussurrou "Raul Castillo, Interpol".

"Ah..."

"Pronta?"

"Claro..."

GONZAGA (Não editado)Onde histórias criam vida. Descubra agora