Tatuagens.

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Nesse mesmo dia, meu pai me levou ao tatuador da família, Ronaldo. Ronaldo não estava mas estava Paulo, seu ajudante. Eu nunca tinha visto Paulo mas sempre ouvi falar bem dele.

Me sentei na cadeira porque tinha decidido que a tatuagem ficaria no braço.

"Então," – Disse Paulo, cuja cara ainda não tinha visto – "porquê só hoje?"

"Estava fora."

"Ah, sim... É a Malu..." – Ele se virou para mim e para a minha surpresa era Travis. Quase me engasguei com o ar – "É muito bom finalmente conhecer você."

"Digo o mesmo..."

"Então, vamos começar?"

"Sim."

Ele gentilmente segurou o meu braço e começou a tatuar em cima de um papel que já estava lá.

"Não dói?" – Ele perguntou.

"Um pouco só..."

"Me diga quando tiver terminado." – Meu pai disse e foi até a parte de fora do estabelecimento de tatuagem.

"Há quanto tempo faz isso?" – Perguntei.

"Cinco anos."

"Profissionalmente?"

"Sim."

"Mas é ajudante de Ronaldo..."

"Nunca se aprende demais, não é mesmo?"

"É... Há quanto tempo é ajudante de Ronaldo?"

"Três anos." – Ele disse sorrindo.

"Bom saber..."

Ficamos em silêncio durante algum tempo até que ele quebrou o gelo.

"Onde esteve esse tempo todo, Malu?" – Disse.

"Na cidade." – Eu disse olhando para a janela.

"Eu não vou à cidade há muito tempo..."

"Não há muita coisa de diferente..." – Olhei para ele.

"O que manteve você lá?" – Não respondi – "Hm... Entendi."

Ele largou o meu braço.

"Pronto." – Ele disse.

"Já? Mas não doeu..."

"Eu sou bom no que faço." – Ele disse segurando um rolo de película aderente e enrolando no meu braço – "Não se preocupe com a vermelhidão. Passará num instante."

"Está bem..." – Me levantei e andei até à porta enquanto ele começou a arrumar tudo.

"Ahm, Malu?"

"Sim?" – Disse virando para ele.

"Não se preocupe que isso sai."

"Entendido." – Sorri – "Adeus então..."

Andei para fora e meu pai me obrigou a mostrar a tatuagem.

"Óptimo. Agora vá para casa." – Ele disse.

"Está bem." – Eu disse e corri para o carro.

Lá dentro, Raul não parava de me controlar pelo espelho.

"Se eu fosse você..." – Ele disse finalmente – "...não alimentava essa esperança."

"Esperança?"

"Eu conheço Travis faz muito tempo, Malu. Eu sei o efeito que ele tem sobre as pessoas."

"Não sei do que fala."

GONZAGA (Não editado)Onde histórias criam vida. Descubra agora