Luís Marcos

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"Porquê quer ir vê-lo?"

"Eu... Eu preciso saber o que aconteceu com Lúcio... É possível que ele ainda esteja vivo e... eu não sei..."

"Está bem. Nós iremos..."

"Obrigada."

"Mas, me prometa que se cuidará melhor."

"Eu prometo."

Ele se levantou e chegou mais perto de mim.

"Você é importante para mim, está bem? Não se esqueça disso."

Me deu um beijo na testa e saiu do quarto.

Cerca de uma semana depois, estávamos de novo em Guadalajara, só que na penitenciária. Entrei na sala de visitas e meu pai estava sentado lá, virado para a parede.

"Como ousou vir aqui?" – Ele perguntou – "Depois de ter traído a nossa família da maneira que traiu, pensei que nunca mais fosse vê-la."

"Eu estive grávida." – Ele se virou lentamente para mim – "Mas graças à sua filha, perdi a criança."

"Não estou surpreso."

"O que aconteceu com a mamãe?"

"Ela se foi. Me abandonou, tal como meus filhos."

"Não me espantou." – Me sentei.

"O que quer, Maria Lúcia?"

"Quero saber onde está Lúcio."

"Como assim "onde está "? Ele está morto, onde mais estaria?"

"Eu não acredito nisso."

"Sempre foi teimosa... Mas é a verdade."

"Então, jure."

Para meu pai, jurar quando algo não fosse verdade era pior que traição ou algo do género. Então, ele suspirou.

"Está bem. Tem razão, ele está vivo. Mas duvido muito que o encontre."

"Porquê?"

"Porque ele desapareceu do mapa. As únicas coisas que deixou para trás foram você e a caixa que deu a Bartoli."

"Não é possível."

"É possível sim. E foi isso o que aconteceu."

"Porquê?"

"Porquê o quê?"

"Porquê não me disse que não é o meu pai de verdade?"

"Porquê o faria?"

"Não faço ideia mas ao menos me pouparia muitos anos de desgosto." – Ele sorriu.

"No fundo, eu gostava de você."

"Não me diga."

"Você sempre foi um enigma, Maria Lúcia. Você e Yuri. Apesar de que Yuri tem vários motivos para o ser..."

"O que quer dizer?"

"António, o seu tio, tinha a mania de o trancar dentro dos estábulos e o... marcar... É por isso que nunca o verá sem camisa."

"E você deixou? Como pôde?!"

"Fácil. Eu nunca estava lá."

"Pois, claro."

"Acredite no que quiser mas essa é a verdade."

"Então, tá." – Me levantei e andei até a porta.

"Quanto ao seu filho que perdeu..." – Me virei para ele – "Eu lamento. Acredite."

"Não preciso acreditar."

GONZAGA (Não editado)Onde histórias criam vida. Descubra agora