"Onde você está?"
"No banheiro." – Me sentei na cama – "Você disse Itália?"
"Sim."
"Porquê iremos à Itália?"
"Eu acho que ele está lá."
"Está bem. E o que faremos depois de estar lá?" – Ele saiu do banheiro só de toalha e entrou no quarto – "Não podemos ir sem um plano."
Me levantei e fiquei olhando para ele sem me mover.
"O que foi?" – Ele perguntou.
"Você está de toalha."
"Pois é. Eu estou de toalha. Estava indo tomar banho e você me chamou."
"Eu... Eu preciso de tomar banho também..."
"Ah. Estou vendo. Mas você só tem um banheiro aqui."
"Eu sei..."
"Então...?" – Ele andou até bem perto de mim.
"Acho que terei de esperar..."
"Ou pode vir tomar banho comigo. Não seria a primeira vez..." – Ele se aproximou mais – "Mas só se quiser, é claro."
"Talvez não seja boa ideia... Pode originar... outras coisas..."
"Tem razão." – Disse e sorriu – "Então, eu não vou demorar."
Ele se afastou de mim e eu fiquei o fitando.
"Merda para isso." – Eu disse e o beijei, fazendo ele cair na cama eu cair em cima dele.
Ele começou a rir e eu ri com ele.
"Tem que melhorar isso." – Ele disse.
"É. Eu sei..." – Comecei a acariciar sua cara – "Dessa vez não irá embora, certo?"
"Certo." – O beijei de novo.
Tirei a minha blusa e continuei o beijando mas, antes que pudesse ir mais longe, alguém tocou à campainha. Vesti a blusa de novo e fui abrir a porta.
Do outro lado estava um senhor alto, magro e com um cabelo muito brilhante, segurando uma bengala de madeira com o topo de porcelana branca.
"Maria Lúcia De La Cruz Gonzaga?" – Ele disse.
"Sim?"
"Isso é para si."
Ele me entregou um envelope vermelho e um par de chaves.
"Posso saber quem enviou?" – Perguntei.
"Tenha um bom dia."
Eles se viraram e começaram a andar.
"Ei! Espere!" – Os segui – "Por favor, pode me dizer quem enviou?"
"Essa informação é confidencial." – Ele disse dando um sorriso – "Tenha um bom dia."
Eu os deixei ir e olhei para o envelope e Travis veio atrás de mim.
"Está tudo bem?" – Perguntou.
"S-sim...?"
"Sim?"
"Eles... Eles me entregaram um envelope e não disseram quem o enviou. Me deu chaves também..."
"Me dê."
O entreguei as chaves e o envelope e entrámos. Ele apalpou o envelope e levantou os ombros.
"Não parece ter algo de errado." – Ele disse – "Tente abrir para ver o que há lá dentro. Mas o faça bem devagar."
"Está bem."
Abri lentamente o envelope e tudo o que estava lá dentro era um conjunto de papéis acastanhados e meio velhos. O nome de minha mãe lá estava assim como o de meu pai. Havia também o endereço que de uma casa em Roma e o par de chaves eram dessa mesma casa.
"Parece que tem razão." – Travis disse – "Parece que iremos à Roma..."
"E se... E se ele não estiver vivo? E se tudo o que estou fazendo estivemos ser em vão?"
"Malu..." – Ele segurou as minhas mãos – "Nada disso será em vão."
"Pior ainda, e se ele estiver vivo e não quiser me conhecer?"
Ele me abraçou e me deu um beijo na cabeça.
"Vai correr tudo bem..."
"Acha mesmo?"
"Acho sim."
Respirei fundo e me afastei o suficiente para olhar para a sua cara.
"Vamos, não fique assim." – Ele disse.
"Eu não estou... assim... Simplesmente..." – Suspirei.
"Simplesmente...?"
"Ainda acho que isso não acabou..."
Ele exalou e se sentou.
"E ainda não acabou mesmo." – Ele disse – "Seu pai e sua irmã ainda não foram julgados e ela pode se safar com um documento que prova insanidade."
"Pois..."
"Ainda falta muito, Malu. Você terá que depor e ser submetida a reviver alguns dias mas, certo dia, tudo vai acabar. Acredite."
"Eu só estou feliz porque está aqui..." – Ele sorriu.
"Eu também estou feliz por estar aqui."
"Mas... Eu tenho medo de algo..."
"De quê?"
"De não conseguir superar tudo isso... Se Luís Marcos for libertado, ele poderá fazer da nossa vida um inferno."
"Malu, se Luís Marcos quisesse fazer da nossa vida um inferno, ele já estaria o fazendo há bastante tempo. Ele se rendeu. Além disso, pode não parecer mas, ele ama você."
"Tem uma maneira muito boa de o demonstrar..."
"Como eram os seus avós?"
Eu olhei para baixo e dei uma risadinha.
"Uns monstros." – Eu disse e sorri – "É. Se calhar, tem razão."
Ele segurou o meu queixo e me fez olhar para ele.
"Geralmente, nós somos repercussões do que os nossos pais foram ou fizeram a nós. Há vezes que somos o que eles nunca conseguiriam ser, o oposto total deles. Há outras vezes que somos igualzinhos a eles."
"Com sorte, eu sou igualzinha aos meus pais de verdade."
Ambos sorrimos.
"Quem sabe? A única coisa que eu sei é que gosto de como você é."
"E eu gosto do jeito que você é."
Ele sorriu de novo e me beijou e eu tirei a sua T-shirt. Ele tirou a minha blusa e o empurrei para o quarto. Lá, o deitei na cama e tirámos o resto de nossas roupas.
"Espere..." – Ele disse – "Não há protecção. A não ser que também haja um armazenamento escondido aqui..."
"Não tem como haver, tonto." – Ele sorriu – "Não se preocupe. Não faz mal."
"Não faz?"
"Não."
"Tem a certeza?"
"Tenho."
Ele sorriu e me beijou apaixonadamente.
Fizemos amor e, dessa vez, tudo foi muito melhor. Dessa vez não houve dor. Dessa vez o tango foi mais que perfeito. Eu me senti extremamente bem e não o quis largar mais, nunca.
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GONZAGA (Não editado)
AventureMalu se vê numa posição complicada quando descobre vários segredos de sua família e tem de entrega-la às autoridades.