Casamentos.

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No dia do casamento, eu estava triste, no entanto, muito feliz. Não queria que Yuri se fosse embora mas estava me casando com um homem que amava bastante. Como não tinha «amigas» e Teresa e Selena estavam... Andrea foi a minha madrinha e Manuel meu padrinho. Yuri só não foi o meu padrinho porque Travis pediu primeiro.

Durante a cerimónia, tudo correu muito bem mas, por algum motivo, eu estava sempre à espera que Luís Marcos aparecesse junto com Vera. Durante a festa, Yuri notou a minha preocupação e foi ter comigo.

"O que se passa?" – Perguntou. Não foi preciso responder. Ele entendeu.

"Mas, se não o fez até agora, é possível que não o faça mais, certo?"

Ele não respondeu mas eu também entendi.

"Vamos... Vamos tomar cuidado, então."

A partir daí, Yuri não me deixava sozinha de qualquer jeito. Travis também não.

Em breve, a festa acabou e Travis e eu fomos ao nosso quarto de núpcias. Acho que tivemos cerca de uma semana de paz. A semana da lua-de-mel.

Durante a manhã do meu primeiro dia de volta ao trabalho, Yuri foi me buscar. Ele estava bem agitado e disse "algo está errado" enquanto corríamos para a minha casa. Lá, encontramos Luís Marcos, sentado no cadeirão, com um sorriso nos lábios.

"Minha filha!" – Ele disse – "Parabéns!"

"Onde está Travis?" – Sussurrei para Yuri, que levantou os ombros.

"Devia ter mudado de casa, de nome... De tudo, Maria Lúcia de La Cruz Gonzaga." – Luís Marcos disse – "Ou devo dizer Maria Lúcia de La Cruz Gonzaga Müller?"

"Nem um, nem outro."

"Então?"

"Maria Lúcia Morales Gonzaga."

"Ah... Decidiu manter o seu nome... Devo dizer que estou orgulhoso."

"Muito obrigada mas dispenso o seu orgulho."

"E você, Yuri? Também vai assumir o seu nome?"

"Você é um homem desprezível, sabia?" – Yuri disse.

"É. Eu sabia." – Luís Marcos disse e se levantou – "Não deviam ter se envolvido com a Interpol..."

"Oh, não..." – Eu sussurrei – "Onde ele está?"

"Eu não vou dizer." – Luís Marcos disse – "Mas, é melhor vocês o procurarem agora porque daqui a nada será tarde demais..."

Ele se foi, me deixando completamente desesperada. Yuri ligou para os seus contactos assim que Luís Marcos fechou a porta. Encontrámos locais onde Travis poderia estar e fomos a todos eles. Tudo o que eu conseguia pensar era se Travis ainda estava vivo.

A procura incessante estava me deixando cada vez mais nervosa, tanto que só consegui respirar quando o encontrámos. Ele estava vendado, coberto de sangue e suor e inconsciente. Sua cara estava intacta mas tudo o resto parecia ter sido maltratado.

"Travis...?" – Eu disse enquanto corria para ele e o desvendava – "Travis, acorde por favor..."

Ele acordou, olhando à sua volta logo em seguida.

"O que... o que faz aqui...?" – Ele perguntou – "O que aconteceu?"

"Você está bem?" – Eu perguntei enquanto via se ele não estava gravemente ferido – "O que eles fizeram a você...?"

"Eu não... Ahhh..." – Ele disse e se contorceu de dor por eu ter tocado em seus ombros.

"Senhorita, precisamos de o colocar na ambulância." – Um dos polícias que foi connosco disse.

"Cla-claro..." – Eu disse e me afastei para que eles pudessem o levar.

Quando chegámos ao hospital, o médico disse que ele tinha algumas costelas partidas e que ele teve muita sorte. Ele se recuperou e em pouco tempo já estava andando normalmente. Mas claro que a felicidade durou pouco tempo...

Num dia desses, Luís Marcos apareceu novamente.

"Fui condenado, sabia?" – Ele disse – "Graças ao seu amigo aí."

"Que bom." – Eu disse, enquanto estávamos ambos amarrados.

"Um." – Travis sussurrou.

"Espero que apodreça lá." – Eu disse.

"Eu não apodreço, minha querida." – Luís Marcos disse.

"Dois." – Travis sussurrou.

"Pois. Já está podre mesmo." – Eu disse.

"Malu, mais respeito." – Luís Marcos disse e uma explosão se deu.

A explosão lançou Luís Marcos para o outro lado da sala. Travis e eu não fomos afectados. Travis se soltou e se levantou, me soltando logo a seguir e me dizendo para me ir embora.

"Você vai ficar?" – Perguntei.

"Isso tem que acabar..." – Ele disse – "Vá para algum lugar seguro e não olhe para trás..."

"Travis, não..."

"Vá, Malu. Por favor."

Comecei a lacrimejar.

"Tente não morrer..."

"Vou fazer o possíveis..."

Ele colocou a mão em meu rosto e me beijou depois eu saí correndo para o museu.

Assim que entrei, minha tia me abraçou e me perguntou o que se passava. Como não sabia o que responder, desatei chorando. Ela me deu um chá e um cobertor e me disse que se eu quisesse poderia passar a noite em sua casa. Quando estava me preparando para dormir, recebi uma chamada do hospital dizendo que Travis estava lá, em estado grave. Minha tia e eu fomos para lá o mais rápido possível. Quando chegámos lá, ele estava consciente. Era quase que um milagre, tendo em conta que ele foi baleado 12 vezes.

"Malu..." – Ele disse sorrindo quando me viu – "Você consegue ver? Eu tentei..."

"Sim... Eu consigo ver..."

"Senhora Gonzaga..." – Um médico disse.

"Malu." – Eu disse.

"Posso falar consigo lá fora?"

"Claro."

Lá fora, ele me disse que Travis não sobreviveria porque tinha imensas lesões irreversíveis.

"Eu tenho noção disso..." – Eu disse.

"Lamento imenso..."

"Muito obrigada."

Voltei a entrar e Travis sorriu.

"Awww. Não chore..." – Ele disse – "Eu consegui..."

"Quão drogado você está?"

"Demasiado..."

Me sentei ao seu lado e acariciei o seu cabelo.

"Eu vou sentir imensas saudades..." – Eu disse e dei um beijo em sua testa. Ele deixou de sorrir.

"Eu vou estar sempre com você. Sempre."

Na madrugada de dia 23, ele teve uma parada cardio-respiratória. Conseguiram reanima-lo mas depois disso ele teve uma morte cerebral. Chorei muito, muito mesmo, tanto que desmaiei. Quando acordei, Yuri estava do meu lado. Ele me abraçou e me disse que mandaram fazer análises sanguíneas a mim só por precaução. Quando os resultados vieram, revelaram que eu estava grávida.

Foi uma gravidez pacifica. Pensei que fosse entrar em depressão mas por algum acaso não entrei. Talvez porque todo mundo me ajudou ou simplesmente porque eu quis que Travis tivesse uma memória para além dos feitos pela Interpol.

Nasceu uma menina saudável, com quase três quilos, no dia 31 de Outubro. Dei a ela o nome Luna. Luna cresceu e quis honrar o pai sendo polícia tal como ele. Eu não deixei durante muito tempo porque tinha medo que ela acabasse como ele mas, eventualmente, cedi. Ela se transformou numa pessoa maravilhosa e quase tudo o que fazia me lembrava Travis. Eu tenho muito orgulho dela...

GONZAGA (Não editado)Onde histórias criam vida. Descubra agora