Capítulo 17

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Saí da casa de Clara sem deixar de pensar em tudo que vi e ouvi ali, chegava a causar repulsa a maneira com que Vitor falava com ela mas que logo vinha com uma súbita atitude carinhosa e com isso parecia se redimir. Era ridículo. Felizmente eu e Clara já estávamos bem, havia decidido não me afastar dela de nenhuma maneira desde ali, e como não tivemos tempo a sós quando me despedi, deixei claro durante nosso abraço que eu estava com ela.

De lá saí com Luna para sua casa, havia mencionado que esperava uma chamada mas que já era tarde, então acabei aceitando o convite. Conversamos melhor só nós duas e percebi que ela também se havia dado conta do que acontecia. As horas foram passando e resolvi ligar para Alícia, em vão, ela não atendeu. Comecei a pensar se de fato ela não começaria a se afastar de mim, do que tínhamos, nesse caso, do que tivemos. A conversa com Luna me ajudava a não pensar ainda mais nessas possibilidades e quando por fim me dei por vencida, o telefone tocou e era ela.

Percebi por sua voz a sinceridade no que me dizia, não quis inventar nada absurdo e eu de verdade acreditei. Sua voz soava triste, totalmente diferente de tudo que até agora vi nela. Aceitei o convite indo até sua casa e ao constatar de que eu realmente tinha razão sobre seu estado, resolvi que faria de tudo para alegra-la enquanto estivesse com ela. Ainda que eu dividisse essa alegria em dois.

Comemos pizza e com certa insistência ela comeu brigadeiro comigo enquanto assistíamos a um filme musical. Mesmo triste, Alícia não deixava de ser carinhosa e terna comigo, mas nada se comparava ao fato de poder retribuir tudo isso. Conhecia mais um significado da palavra felicidade quando estava com ela. Seu pedido para que eu ficasse naquela noite me tomou por surpresa, devo confessar. Sentia no mais profundo, que ela realmente me queria ali. Subimos de mãos dadas até seu quarto que agora eu já conhecia muito bem o caminho. Preparei um banho quente para Alícia mas não entrei na banheira, mesmo com sua insistência. Queria que aquele momento fosse dela, ela precisava disso. Desci buscando uma taça de vinho para mim e outra a ela. Alícia parecia imensamente grata com cada gesto meu, já não tinha tanta tristeza em seu semblante. Falamos de tudo enquanto usei o chuveiro e em seguida me enrolei com uma toalha sentando próximo a ela com o vinho.

- É absurdo que você queira ficar aí, quando pode estar aqui comigo...

- Talvez é porque te espere em outro lugar. — Usei de um tom sugestivo fazendo-a gargalhar. Não tardou para que ela levantasse e colocasse um roupão. — Começo a achar que goste mais de mim em suas roupas do que nas minhas.

- O que você está dizendo, Caroline? — Agora era eu quem sorria enquanto a via vestir uma camisola e me dando outra vez a mesma blusa branca social da outra noite. — Você diz umas coisas... Gosto de você com a roupa que estiver.

- E sem elas?

- Também. — Alícia sentou-se olhando para mim. Quando virei meu corpo, soltei todo meu cabelo, levei minhas mãos para soltar a toalha e ouvi sua voz. — Quero que vire para mim e venha até aqui.

- Sabe, Alícia... Algum dia vou desobedecer você. — Ela riu de maneira gostosa e eu caminhei até ela ainda com a toalha.
— Mas não hoje... Ainda não consigo resistir a tua voz. — Alícia me puxou para que sentasse em seu colo mas agora de frente para ela.

- Espero que não alcance essa resistência então... Não quero.
— Suas mãos soltaram sem pressa a toalha que me envolvia e ela imediatamente beijou meu pescoço como se sua vida dependesse disso. Amava a maneira como Alícia acariciava cada parte do meu corpo. Meus braços a rodeavam enquanto por instinto, dava mais acesso a ela para seguir com aqueles beijos. Desci minhas mãos pelas alças de sua camisola e as desci tocando em seus seios, ela suspirou em meu pescoço e senti toda minha pele arrepiar. Meu coração acelerava sem nenhum controle.

Décimo nono andarOnde histórias criam vida. Descubra agora