Capítulo 23

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Eu estava nervosa. Quando confessei que iria para Miami, estava perdida em mil questões ainda. Me comprometi com muitas coisas para chegar a decisão dessa viagem, mesmo que minha mãe dissesse que não era necessário, eu sabia que ela precisava de mim.

- E o que você quer? — Seu tom permanecia sereno com cada letra que saía de sua boca.

- Mas acabei de dizer que estava perdida... Quer dizer... Eu poderia ficar aqui, não? Mas tem também m...

- Você não precisa fazer isso.

- Não quer que eu fique?

- Você não precisa fazer isso porque vamos juntas. Eu vou a Miami com você, Caroline.
— Gritei sem calcular o lugar que estava, a felicidade que sentia já não cabia em mim. Corri para abraça-la deitando seu corpo enquanto ela se perdia entre risadas.

- Você está me entregando a melhor notícia do mundo! Eu ainda mal consigo acreditar que fará isso por mim! — Estava por cima do seu corpo e ela me olhava tocando em meu rosto.

- Já era hora que fizesse algo por nós duas. Susana ligou e contou sobre a viagem, quando fui buscá-la estava decidida a isso, só esperava que você decidisse contar. Não queria arriscar isso outra vez e jamais deixaria que essa oportunidade de crescimento na sua vida profissional passasse. Além do mais, eu preciso de férias, não acha? — Rimos juntas e ela me envolveu em seus braços enquanto deitei minha cabeça em seu colo.

- Alicia... Mas e seus pacientes? Ana já sabe?

- Bom, a parte dos pacientes é quase resolvida. Estava alternando nas últimas semanas com um amigo que dividida comigo a sala um pouco antes de você chegar, os pacientes o conhecem. De todas as formas eu já estava diminuindo o ritmo nos últimos dias. Quanto a Ana, ela foi a que mais me suplicou para que tirasse férias.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não. Ana só estava preocupada, acho que eu estava um pouco... Distraída com tudo isso. Agora vamos? Queria que me acompanhasse ao consultório hoje.

Como um combo de surpresas, eu mal podia acreditar no que ouvia. Era a primeira vez que estaria ali sem ser como sua paciente e saber que aquilo vinha dela, era inimaginável. Lembrei das palavras de Ana quando saí de lá, fez quase uma afirmação de que voltaria ali um dia, de fato.

~

Fui até minha casa e ainda encontrei minha mãe, estava já quase saindo de casa para a agência.

- Mas olha só... Que carinha de felicidade essa. — Foram as primeiras palavras da minha mãe e eu a abracei forte.

- Essa é a palavra que resume tudo. Parte disso devo a senhora... Obrigada mãe, obrigada por tudo! — Sei que ela sabia do que falava, ela riu batendo levemente no meu bumbum procurando sua bolsa.

- Tenho uma reunião às onze e estou atrasada, acredita? Ainda preciso falar com sua tia e...

- Mãe, eu vou a Miami. — Ela parou o que fazia para voltar sua atenção a mim.

- Carol, eu disse que não seria necessário, filha. Sabe que posso dar um jeito nisso, você está tão feliz...

- Ela vai comigo. — Minha mãe colocou suas mãos na boca em sinal de surpresa. Eu ri tirando suas mãos e percebi o quanto ela também estava contente por mim.

~

Subia com Alícia ao elevador que tantas vezes foi testemunha das minhas frustrações, prantos e alegrias também, como não. A cada vez que a olhava, me perdia em seus olhos claros que pareciam brilhar. Quando por fim chegamos a sua sala, vi a Ana organizando papéis.

Décimo nono andarOnde histórias criam vida. Descubra agora