One [8]

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Com o passar dos anos, as pessoas sentem uma certa curiosidade em saber como segue a vida de quem sempre esteve conosco, no meu caso, meus amigos, por exemplo.

Hoje estou fazendo cinco anos de casada com Alícia, se alguém me dissesse que eu chegaria a tanto um dia, eu não acreditaria, não exatamente por amar alguém, mas de alguém conseguir me amar por tanto tempo. Não enfeito a maravilha que é tudo isso, tivemos dias difíceis, Alícia trabalha com pessoas, suas mentes, melhor dizendo, o desgaste às vezes era quase por semanas e sua paciência foi transferida a mim com o tempo. Bom, isso diz Teresa.

- Madrinha, o que você faz aqui?
— Ana Lis entrou no quarto me assustando.

- Ei, vem cá. — A menina correu até a mim e sentou ao meu lado. — É seu aniversário, não deveria está com seus amigos no jardim?

- Hmm... não quero me cansar. — Eu ri do jeito dela falar. — O quê é isso?

- Isso? É um baú que tenho desde... você nem era nascida. — Abri o baú e Ana Lis pareceu curiosa. — São cartinhas da sua vó Alícia. — Ela colocou as duas mãozinhas na boca e me olhou, os mesmos olhinhos da avó.

- Ela manda cartas?

- Mandava. — Suspirei. — Ela ainda manda sim.

- Madrinha... O que diz? —  Ela pegou um papel e me entregou.

- Que curiosa você! — Brinquei com ela e peguei o papel da sua mão. — Vamos lá.

Esse vai na sua mala para que não me esqueça e me leve contigo, dessa vez serão muitos dias. Te espero com seu sorvete favorito, mesmo que não seja o meu.

- Awn. — A menina fez um som fofo e eu sorri fraco. — E esse?

- Só mais esse e vamos descer. — Abri outro.

“ Tive uma emergência com um paciente, você não atendeu e me pareceu boa a idéia de te escrever, acho que não vou conseguir voltar cedo, não me espere acordada mas pode me esperar sem... ”

- Sem o que, madrinha? — Eu ri.

- Sem as luzes acesas. — Menti, não poderia traumatizar minha afilhada naquela idade.

- Eu sou parecida com a vó Ali?

- É sim, o cabelo, o rosto e... esse seu jeitinho doce também. — A menina ouvia fazendo um jeito convencido e eu fechei o pequeno baú para guarda-lo.

- Tia, será que se a vó Alícia visse isso, ela ficaria feliz? — Começamos a caminhar saindo do quarto e logo a música tomou de conta outra vez.

Acontecia uma festa na piscina com os amigos mais próximos de Ana Lis, a festa naquele ano acontecia na nossa casa.

- Ela tá grande, não? Me sinto velha quando olho pra essa menina. — Luna falava em tom dramático.

- Você diz isso sendo mais nova que eu, pense...

- Ei, vamos cantar parabéns, vem! — Hane nos chamou e fomos para a mesa decorada de festa havaiana.

Alícia me olhou mas não por muito tempo, Ana Lis se jogou em seus braços. Logo todos nos organizamos em volta e cantamos para ela, Ana Lis estava radiante.

-

Era final de tarde, quase noite quando os amiguinhos de Ana já haviam ido, nós, os adultos que sobramos, ficamos na mesa do jardim tomando algumas bebidas conversando para passar mais um tempo juntos.

- Então esse ano vocês simplesmente decidiram que não iam comemorar para poder fazer a festa da Ana? — Hane perguntou desconfiada.

- A Carol acha que temos a idade da Aninha. — Clara falou.

Décimo nono andarOnde histórias criam vida. Descubra agora