Só para que não seja exatamente uma surpresa, aqui começamos os últimos capítulos dessa história. ♡
* * *
- Alícia.
Estava agonizando, acho que era essa a palavra. Já se passaram dias desde que Caroline estivera em minha casa, dias em que ouvi de sua boca dizer que me ama. Foi a sensação mais estranha que senti em minha vida. Saí do inferno ao céu em segundos, mas sua despedida me fez voltar ao inferno. Mas do que estou reclamando quando na verdade agi como uma covarde?
Fui covarde em todos os sentidos. Me culpava como nunca, levei Caroline até às últimas consequências de algo que não deveria. Sentia sua falta, seu humor alegrava minha vida de uma maneira singular. Eu já não era a mesma e só me dei conta depois de já não tê-la comigo. Em meu trabalho tudo estava diferente, começo a pensar que até Ana havia notado.
Desde que Bruno se foi da minha vida, não esperava amar outra vez. Me resignei de que já estava velha para isso, tinha uma filha e por ela viveria. Tive uma espécie de reencontro comigo como mulher quando encontrei Teresa, foram semanas onde nos víamos na cama e fora dela, éramos e somos amigas. Logicamente terminei antes que acabasse o mais bonito que tínhamos que era a amizade, a cumplicidade. Depois dela, somente Daniel. Gostava de sua companhia, confesso, mas não passou disso.
Então chegou Caroline... Me vi completamente perdida quando percebi seus gestos e olhares sobre mim. Ela é fascinante e seus olhos nunca escondem o que sente. Lutei comigo mesma por longos meses até me entregar ao que sentia. Bom, a quem quero enganar, me entreguei por metade. Viver ao lado dela todo esse tempo havia sido o melhor que me acontecera em anos. Não importava o que fizesse, eu gostava de vê-la realizar o que fosse, até mesmo comer uma pizza. Mas... Sempre tem um mas na minha vida.
Vivi mais de dez anos com Bruno, tivemos uma filha, construimos vínculos familiares, vínculos que não foram totalmente quebrados. Nos amávamos e eu nunca cogitei um divórcio estando com ele. Bruno havia voltado e não que estivesse pensando em uma reconciliação, não, mas agora envolvia minha filha. Eu não sabia o que fazer, o que dizer a ela, a Caroline, a ninguém. Toda essa confusão de sentimentos me levou a essa distância dessa menina, dessa mulher que agora eu amo.
Eu a amo.
Cheguei tão exausta do meu trabalho hoje que recusei um convite das minhas amigas para jantar, me preocupava, além de tudo, a situação de Clara. Ela assim como outras meninas, mulheres, vive em um claro relacionamento abusivo. Em situações como essas o máximo que posso fazer é o que já venho realizando com ela, esse é um dos temas que mais me afetam pessoalmente, eu nunca conseguia deixar no meu consultório antes de voltar para casa.
"Vem cá você..." Peguei o vírgula em meus braços e subi, ainda sem jantar. Tudo que eu queria era dormir sem hora para acordar.
~
Estava a caminho da agência procurando de modo desesperado a Caroline, sentia que estava sufocando a cada passo que dava, era estranho, não havia ninguém ali. Decidi melhor e tentei gritar seu nome, não conseguia. De repente ao entrar na mesma sala que um dia ela me fotografou, a mesma que nos beijamos, a ouvi sorrir, reconheceria aquele riso em qualquer lugar do mundo.
A sala era dividida, então passei somente até o primeiro lado, ela estava no outro espaço. Não estava sozinha, e isso me fez parar os meus passos ali mesmo.
"Obrigada por me fotografar tão bem, Caroline!" — Eu poderia reconhecer de quem era essa voz... Me aproximei um pouco mais e claro, era Helene.
"Não é difícil fotografar alguém como você, obrigada por não me deixar sozinha todo esse tempo."
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Décimo nono andar
Fanfiction• Quando os traumas de uma jovem cruzam com o caminho de uma psicóloga em uma trilha que vai além de um consultório, levando a ambas a passos desconhecidos. "Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad, pr...