»Novo ano«

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— ... Aposto que você ainda mantém contato com aquela médica vagabunda. E se duvidar ainda devem ter um caso as escondidas.

Olha a merda que você está falando?! Da onde você tirou essas baboseiras? Tá ficando maluca?!...

Os gritos ficava cada vez mais alto e isso mostrava que a discussão não iria acabar tão cedo. Eles não importava mais se eu estava ou não ouvindo tudo, na verdade, nunca se importaram desde que as brigas começaram a ser constante quase todas as noites.
As estrelas no céu iluminava a escuridão da madrugada passando pela janela aberta, acompanhada pela perfeição da lua onde chamara minha atenção.
Me viro admirando a bela noite conformada que mais uma vez não iria dormir como desejava. O barulho da porta sendo aberta não despertava mais minha atenção, porque sabia que Lucille estava se aproximando até o peso do colchão mostrar que ela estava se arrumando ao meu lado como sempre fazia na maioria da vezes. Me viro sentindo o toque de seu braço rodando meu corpo como uma forma de proteção. Fecho meus olhos ouvindo a leve canção que Luci susurrava, na qual minha avó cantava para mim e para minha irmã antes de dormir todas as noites e, assim podia sentir o vento balançando as cortinas invadindo o quarto. Levanto minha cabeça para observar Luci e vejo que está dormindo depois de um tempo, sorrio questionando-me se ela estaria ali comigo por obrigação em vez de carinho e cuidado como sempre fazia no lugar de meus pais. E acabo dormindo depois de virar para o outro lado sem perceber que os tons elevados de gritaria havia finalizado por hoje.

[...]

— Você precisa comer meu anjo.

Foco no prato com panquecas a minha frente e percebo que nem as toquei deixando esfriar. Emburro o prato um pouco a frente e cruzo meus braços sobre a mesa obrigando-me a dar um cole do meu suco e deixando de lado. Sinto o olhar de desapontamento de Luci sobre mim mesmo focando para a entrada da cozinha até alguém passar como borrão em minha vista. Vestida com roupas social, a bela mulher magra e loira para um pouco a minha frente apoiando uma de suas mãos na cadeira ao meu lado enquanto a outra segurava o seu telefone ao ouvido em uma chamada de voz.

— Sobe. Seu pai está te esperando.

Olho para Luci que sussurra para mim subir balançando a cabeça como um sinal positivo e, de imediato vejo o nervosismo da mulher na qual a medicina diz ser minha mãe após xingar um palavrão depois de derrubar o café quente na perna.
Respiro fundo e me levanto indo a caminho da escada até parar na porta do quarto de meu pai, e minhas dúvidas foram todas confirmadas após ver suas malas sobre a cama.

— Deborah, minha princesa. - Meu pai se aproxima ao me ver ali e deposita um beijo demorado no topo de minha cabeça.

— Oi, pai. - Esforço-me para sorrir e fracasso.

— Nós precisamos conversar meu amor. - Seus olhos verdes pedia compreensão a mim, e eu já sabia o que estava por vim.

Concordo com um "tudo bem" e ele pega minha mão sentando na cama, apoia os cotovelos no joelho cobrindo o rosto com as mãos inquieto até entrelaçar os dedos abaixo do queixo nervoso, tomando coragem, para finalmente olhar em meus olhos.

— Vou passar um tempo curto em Londres até às coisas se ajeitarem. Depois irei me mudar para Toronto onde facilitará o meu trabalho. - Pega minha mão e só aí percebo que ele está lutando para não chorar na minha frente.

— Pai... - Tento não pensar na possibilidade de chorar junto caso isso acontecesse.

— Deborah, eu sei que te prometi levar comigo para onde eu fosse, e eu prometo minha filha vim te buscar para morramos juntos. Só te peço paciência e que entenda esse lado.

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora