›Capítulo 15‹

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— Tchau Lisa. Até depois.

Passo pela entrada depois de cumprimentar Thomas e subimos juntos.
Sentamos e dessa vez não o perturbei como fazia para respeitar Thomas que não estava muito bem hoje por assuntos pessoais com o seu pai e já que ele não queria se abrir comigo naquele momento, dei o seu espaço preciso e foquei na aula.

[...]

— Devo confessar que a prova em dupla de vocês me surpreendeu. Meus parabéns.

A professora Antônia sorri como resultado pelas provas serem um sucesso da sua passagem de aprendizado. Ela coloca as mãos no bolso da calça jeans e esfrega suas botas de saltos uma na outra enquanto conversa com os alunos toda orgulhosa pelos elogios por ser uma boa profissional.
Olho para Thomas e ele está cabisbaixo. Coloco minha mão sobre a sua e ele me olha com o olhar longe.

— Quer me contar o que houve?

— Meu pai - Sua mão desliza da minha e ele se arruma na cadeira ficando mais perto para que possa ouvi-lo melhor. - Ele quer que eu retorne com o Richard para seguir os mesmos passos dele.

— Retornar?

— É! Está previsto que o babaca do meu irmão venha passar um tempo com a gente mais para frente.

— Que demais Thomas!

Me arrependo de minhas palavras mas não me contento com a felicidade de saber que Richard estava a caminho. Mesmo Thomas chamando o seu irmão de babaca, sabia que eles tinha uma boa relação, mas o seu pai querer fazer planos para o seu futuro já era demais. Thomas sabia perfeitamente o que queria fazer da sua vida e não seguir Richard como fez a gosto de seu pai de estudar fora largando tudo para trás, e tudo isso em cima de chantagem emocional.
Abro minha boca para falar algo para Thomas que me olha com certa fúria mas sou cortada pela professora Antônia que chama meu nome. Me viro e peço desculpas e ela ri delicada.
Logo vi que não se tratava da professora chamar minha atenção mas sim de Ramon que está na porta me esperando.
Me levanto e não entendo quando Christopher vem logo atrás.
Ramon nos leva até a sala dos professores onde só o professor Hector estava sentado focado na tela do seu notebook a sua frente.
Nós aproximamos em silêncio e Ramon anuncia nossa presença.
Com um gesto Hector nos manda sentar e depois se direciona a nós com um sorriso.

— Bom meus caros alunos, os chamei para pedir um favor a vocês.

— Que seria? - Christopher interrompe e sou obrigada a olhar com cara feia para ele que dá de ombros.

— Como vocês sabem todos os anos temos as olimpíadas de matemática e português e este ano nosso colégio foi selecionado para realizar as apresentações dos alunos. E eu e a professora Antônia ficamos responsáveis por organizar o evento, e precisamos de ajuda para ver aos olhos dos alunos, e pensamos em vocês dois de sua turma e outros de outras salas, já que fizeram um excelente trabalho em dupla em sala, creio que isso não será um problema para vocês.

— Sinto muito, mas não vai rola.

Christopher se levanta e tenho uma ótima sugestão.

— O Thomas é um ótimo aluno professor e também acho que ele vai gostar. Se você quiser eu posso...

— Sério? O abobado do Thomas? Eu estou dentro. O que temos que fazer? - Não me viro mas a voz de Christopher me agrada de certa maneira neste momento por saber que terá que trabalhar comigo em alguns dias, e talvez assim eu possa retribuir o seu comentário de mal gosto.

O professor Hector se levanta com um sorriso enorme e a professora Antônia aparece logo em seguida.
Ela pergunta olhando para nós com esperança e o professor responde sua pergunta por nós.
Saímos da sala e Christopher age como se eu não estivesse atrás dele até chegarmos na sala para nossa última aula.
Assim que fomos liberados para irmos embora corro atrás de Christopher e o seguro pelo braço, e ao virar me olha sério me deixando sem jeito e sem o que dizer.

— Podemos fazer na minha casa? - Pergunto meio rancorosa.

— Não. Tem a biblioteca central. Me encontra lá depois das duas.

Ele se vira terminando de dizer a sua frase de ânimo e some depois de passar pela porta.

Já em casa arrumo meus materiais e com a mochila nos ombros desço as escadas e Luci me barra na entrada.

— Luci agora não.

Ela não diz nada e estende um pequeno pote em minha direção. Pego e coloco na mochila.

— Prometo comer tudo, mas agora eu preciso ir. Te amo Luci.

A beijo rápido e passo por ela indo em direção a biblioteca que fica algumas quadras de minha casa.
Chego e procuro Christopher pelo olhar mas não o acho. O barulho do sino da porta atrás de mim me alerta para sair da entrada e logo as mãos de Christopher me puxa para o lado.

— Nunca fique na frente da passagem dos outros.

— Por que você tem que ser tão grosso?

Ele ri com certa malícia e balança a cabeça saindo primeiro para o andar de cima.
Sento a sua frente e começo a tirar meus materiais da mochila junto com meu notebook que Christopher pega sem perguntar.
Em um passo rápido pego meu notebook novamente de suas mãos.

— Você fica com os livros.

Ele não retruca ou faz alguma expressão que eu esperasse que faria e começa a esfoliar as páginas batendo com a ponta do lápis no caderno sem me olhar uma única vez.
E mais uma vez estávamos juntos fazendo um trabalho pela segunda vez em silêncio, agindo como se o outro não existisse no momento. Em alguns instantes perdia o foco da tela a minha frente e me concentrava em Christopher que escrevia rapidamente em tirar os olhos dos livros em seu mão. Sua atenção no que estava fazendo me deixava com mais vontade de olhar-lo naquela posição, com as costas jogadas para trás e com os braços esticados deixava suas tatuagens bem a mostra por cima de suas veias saltadas. Ao levantar o olhar abaixo minha cabeça para meu notebook.

— Eu preciso de algum livro que relata os esportes de antigamente para... Ah, eu... - As palavras saem em tropeços, levanto atrapalhada e sumo entre as prateleiras.

Respiro fundo com os olhos fechados desejando que aquela cena não estivesse acontecido e caminho passando os dedos sobre os livros sem me preocupar com que eu estava realmente procurando no momento.
Meu corpo em um passo rápido é pressionado contra a prateleira atrás de mim e seus lábios se junta aos meus. Sua mão desce para minhas costas me puxando mais ao seu corpo grande enquanto a outra segura meus cabelos. Sua boca quente com um leve sabor de refresco toma conta de mim me causando uma sensação única que me deixava a desejar mais. Passo meus dedos por de baixo de sua camisa arranhando levemente sua pele quente e a forma como ele reage ao meu toque me traz uma certa confiança.
Christopher continua me beijando intensamente e não ligo ao nosso redor neste momento até nossos pulmões pedir por ar, ele desacelera o ritmo e ao se afastar sem tirar sua testa da minha resmungo em suspirro. Ficamos assim por poucos segundos até seu olhar se encontrar com o meu sem tirar suas mãos de minha cintura.

— Acho que também tenho o costume de sair beijando as pessoas.

Ele ri ofegante e pela primeira vez vejo por completo seu sorriso branco.

— Acho que podemos terminar outro dia. - Sugiro.

— Também acho.

Christopher entrelaça nossos dedos e em poucos minutos recolhemos nossas coisas saindo da biblioteca.
Ele me leva de volta e penso na possibilidade dele me levar para sua casa mas o horário não me permite arriscar a essa altura.
Me despeço dele com um beijo rápido na bochecha desejando que fosse um beijo intenso como da pequena vez a um tempo atrás e entro fechando a porta atrás de mim.

Até a última LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora